Uma crônica para a conjuntura.

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Por Paulo Frateschi, professor, publicado no site do PT nacional – 

Aconteceu num encontro da direção Nacional do PT com a participação de convidados.

Foi no Hotel Maksoud Plaza no final de 2016.




Discussões acaloradas durante toda a manhã, como é de costume no Partido. A tarde, também como é de costume, os trabalhos foram suspensos para a realização de uma reunião do Lula com os coordenadores das tendências, para os devidos e necessários acertos da direção. Daí, até a recomposição do Pleno, foi montada uma roda de discussão sobre conjuntura.

Iniciamos com algumas intervenções com alto grau de sofisticação, um mundo de informações.

Companheiros expondo ao plenário a literatura que tinham tido acesso antes de nosostros. Pintou até citações em francês para explicar complicadas tendências e manobras do Tratado do Atlântico Norte. Outras intervenções, mais voltadas para a situação interna, confrontavam informações gerais e genéricas com arriscadas previsões sobre o catastrófico próximo futuro ou futuro próximo.

Criei coragem, pedi a palavra e demonstrei o meu total deslocamento na reunião.

Antes de mais nada preciso informar aos leitores que sou velho, com idade acima da média dos participantes da reunião.

Declarei que tinha dificuldade para entender aquela discussão e não vislumbrava aonde aquilo poderia nos levar.

Contei a eles, me expondo um pouco mais, como no passado os antigos dirigentes e assistentes nos orientavam a analisar a conjuntura, ou seja, como deveríamos analisar a correlação de forças entre as classes sociais e os segmentos de classe para encontrarmos o nosso centro tático. O importante, para nós, era entendermos os interesses e as ações de cada classe e segmentos de classe. A partir daí encontraríamos a nossa definição tática “….. o que fazer?…”.

Falei tudo isso e virei chacota.

Do plenário, surgiram sorrisos irônicos e expressões desconfiadas. Pior, virei adversário dos “comentaristas da luta de classes“. Alguém insinuou que eu devia ter lido cartilhas da Marta Harnecker. Como eu destoava diante de tanta erudição e previdência, evitei expor minha imensa admiração pela companheira.

Insisti que o importante era explorarmos às contradições das lutas políticas no choque de interesses na sociedade, reunirmos o maior número de dados para compreender a realidade, apontar tendências e não tentar prever o futuro.

Eu não me dei bem e durante um bom tempo me acanhei. Mas não sei porque cargas d’água resolvi arriscar mais uma vez. Então vamos lá.

Sei que corro riscos, mas não tenho dúvidas de que Lula acerta na política porque enfrenta às contradições e não se envolve com premonições.

A vocês, delegados ao Sétimo Congresso do PT, partido que reúne condições históricas para ser a maior referência do povo pobre e trabalhador na luta pela sua emancipação, sugiro que analisem o que é essencial, que evitem conjecturas e que explorem às contradições que precisam realmente ser enfrentadas.

Que o Sétimo Congresso apresente uma grande análise da realidade nacional.

Que o Sétimo Congresso formule propostas de enfrentamento ao neoliberalismo e pela retomada de um projeto democrático e popular. Os elementos para isso estão contidos nas Teses apresentadas.

Que o Sétimo Congresso resulte num grande diálogo com o povo brasileiro.

Ao Sétimo Congresso, cabe também dar consequências políticas as suas resoluções.

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MARIGHELLA

Para não ficar nenhuma dúvida de que sou velho, digo a vocês que há cinquenta anos atrás, no dia 4 de novembro de 1969, eu me encontrava preso no DOPS em São Paulo quando a repressão assassinou o Comandante Marighella. Eu era um jovem da resistência à ditadura e vivi o terror das comemorações dos carrascos na carceragem do prédio da General Osório. Foi uma noite de horrores. Dito isso, reitero convite a todos os meus amigos militantes de esquerda para os Atos no dia 4 de novembro, na Alameda Casa Branca às 10h00 e na Câmara Municipal de São Paulo, as 19h00, em memória do Comandante Marighella.

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