Por Bajonas Teixeira, O Cafezinho –
O compreender a realidade em pedaços é típico da psicose. E também, como passamos a saber desde ontem, dos métodos dos procuradores da Lava Jato encarregados de montar o processo contra Lula. Basta ver o que o procurador do MPF Deltan Dallagnol, que ontem liderava a coletiva, afirmou sobre o que entende ser uma prova:
“Provas são pedaços da realidade, que geram convicção sobre um determinado fato ou hipótese.”
E, se não bastasse isso, seria só observar a foto que ilustra esse artigo para, por conta da justiça poética das imagens, diagnosticar as síndromes de lulocentrismo e psicose petista nos procuradores da Lava Jato. É verdade que o uso do Powerpoint já revelaria muito desses jovens old fashion. E tudo fica ainda mais manifesto quando nos debruçamos sobre a lógica que eles inventaram baseada, como indicamos no artigo publicado após a coletiva de ontem, naquela chocante noção de prova.
É engraçado que essa concepção beira, senão a idiotia total, pelo menos uma profunda infantilidade. Lembro que, quando era criança, cheguei a acreditar que ao parar num semáforo vermelho conseguia fazê-lo ficar verde piscando. Claro, muitas vezes não era na primeira. Às vezes na décima piscada. Mas sempre funcionava. Assim, podia me convencer, através desse pedaço da realidade, que tinha o poder de fazer o sinal vermelho ficar verde apenas piscando. E então atravessar a rua como era o meu desejo.
A única diferença entre a minha crença e a da Lava Jato é que eu tinha então cinco anos de idade.
A lógica da Lava Jato é surpreendente, mas, no fundo, é muito simples. Ela raciocina deixando ser levada pelo desejo e desprezando os fatos. É por isso que, ao invés de nos trazer provas, quer insistir que possui convicções. Ora, essas convicções são tão somente a soma de preconceitos e da pressão da mídia concentrada nesses meses, ou melhor, nesses anos, de perseguição contínua contra Lula e o PT.
O bombardeio intenso da mídia, como o que temos vivido, se esse fosse um país de fato democrático, não seria sequer imaginável. Não seria tolerado, porque o massacre continuado de inverdades gera um problema de saúde pública e de saúde mental. É preciso resistência para não ser tragado.
E, quanto menos lapidado o senso de realidade, quanto mais se deixa levar por ambições de carreira, por desejo de agradar os superiores hierárquicos, e de aparecer bem na fita da mídia, maior a tendência para ser tragado pelo bombardeiro midiático.
Depois que se absorve esse vírus, como observamos recentemente com os coxinhas prosternados na Avenida Paulista diante do Pato da FIESP, “realidade” passa a ser aquilo que a mídia prescreve. Ora, Deltan Dallagnol foi subserviente à mídia a tal ponto que conseguiu superar os Três Patetas do MP de São Paulo. Hoje, boa parte da grande mídia corporativa, mesmo um Reinaldo Azevedo, mostra o maior desagrado com as tolices praticadas por ele.
E tudo isso está resumido na foto acima.