Uma máquina de matar: livro expõe relações entre Adriano Nóbrega e clã Bolsonaro no caso Marielle

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trajetória de Adriano Nóbrega permeia a realidade do Rio de Janeiro e estabelece relações entre polícia, jogo do bicho e milícias. Assista

Por Camila Bezerra, compartilhado de GGN




O policial militar Adriano Nóbrega. Crédito: Reprodução

Na última segunda-feira (15), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou em entrevista ao Valor que o caso Marielle Franco será resolvido até março, mês em que as execuções da vereadora do PSOL e seu motorista, Anderson Gomes, completam seis anos.

Para falar sobre Adriano Nóbrega, um dos principais suspeitos de envolvimento na morte da vereadora, morto em 2020, o programa TVGGN 20H desta terça-feira (16) contou com a participação do jornalista Sérgio Ramalho, autor do livro “Decaído: a História do Capitão do Bope Adriano da Nóbrega e Suas Ligações com a Máfia do Jogo, a Milícia e o Clã Bolsonaro“. [Assista ao programa na íntegra abaixo]

Ramalho comenta que decidiu contar a trajetória de Nóbrega porque ela permeia a realidade do Rio de Janeiro e, a partir dela, é possível traçar uma linha do tempo entre as relações de policiais militares, além da máfia do jogo do bicho e a atuação das milícias. 

O pai de Adriano era uma espécie de capataz em um haras da família Garcia, conhecida por dominar o jogo do bicho na capital fluminense. Na mesma época, Nóbrega é inserido na PM e passa a construir uma relação com a família de bicheiros em que ele atua como uma espécie de “tropa de elite”. 

Obra

Sérgio Ramalho conta que a ideia de escrever sobre Adriano surgiu em 2019, quando o nome do policial desponta como um dos possíveis responsáveis pelas mortes de Marielle e Anderson. 

Além das origens do decaído, o jornalista trouxe ainda entrevistas com um comandante do Bope, que detalha os motivos que levaram a corporação a prender e expulsar Nóbrega do Batalhão de Operações Policiais Especiais (PMERJ), tendo em vista que o policial sempre se mostrou uma máquina de matar. 

“De 2008 até 2020, ele se tornou uma figura muito conhecida como chefe de matadores nesse subterrâneo do crime do Rio de Janeiro. Jogo, milícias, grupos paramilitares, ele já era conhecido”, comenta o jornalista. 

Clã

Em relação à família Bolsonaro, Nóbrega recebeu uma Medalha Tiradentes em setembro de 2005, por iniciativa de Flávio Bolsonaro, na época deputado estadual. O policial estava preso por tortura de um flanelinha. 

“Ele exercia liderança sobre os outros policiais, principalmente por ser um cara muito bom, combativo, uma máquina de matar, muito capacitado. Com isso, exercia influência entre os outros”, continua o entrevistado. 

O depoimento do chefe de uma milícia Orlando de Curicica também faz parte do livro e mostrou, ainda em setembro de 2018, a relação entre os grupos paramilitares, em que mesmo atuando em áreas distintas, era comum uma certa forma de parceria. 

“Se tem uma morte que interessa ao Ronnie Lessa [apontado como o executor de Marielle], o Adriano pode cometer esse assassinato para nao parecer que foi o Ronnie e vice versa”, explica Ramalho.

Mesmo assim, o jornalista explica que todos os personagens suspeitos pela morte de Marielle Franco se relacionam com Adriano Nóbrega e tudo leva ao condomínio Vivendas da Barra, onde moravam os Bolsonaro e Ronnie Lessa. 

Confira a entrevista completa:

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