A Universidade de Brasília (UnB) concedeu na última sexta-feira, 7, o diploma de geólogo a Honestino Guimarães, expulso da instituição e morto pela ditadura militar durante os Anos de Chumbo
Por Lúcia Rodrigues, compartilhado de Holofote Notícias
À época de sua morte em 1973, Honestino presidia a UNE (União Nacional dos Estudantes). Seu corpo nunca foi devolvido à família e ele engrossa a lista de desaparecidos políticos da repressão militar.
Aprovado em primeiro lugar no vestibular de 1965, Honestino não pode concluir os estudos devido à perseguição que sofria do regime dos generais.
Em 1968 foi preso durante a invasão militar à Universidade e posteriormente expulso da instituição.
Após a soltura viveu na clandestinidade até 1973, quando foi sequestrado e morto por agentes da ditadura.
Nessa sexta-feira, o Conselho Universitário reconheceu a perseguição sofrida por Honestino, anulou sua expulsão e decidiu lhe conceder o diploma de graduação em Geologia.
O Diretório Central dos Estudantes da Universidade já o homenageava ao dar seu nome à entidade.
Em dezembro de 2022, a Câmara Legislativa do Distrito Federal também homenageou o estudante ao derrubar o veto do governador Ibaneis Rocha, que impedia a renomeação da ponte que levava o nome do general ditador Arthur da Costa e Silva, para ponte Honestino Guimarães.
Universidades
Em abril, a Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) também diplomou três alunos da instituição mortos pela ditadura militar.
Os familiares dos estudantes de Medicina Elmo Corrêa, Lúcia Maria de Souza e Luiz Renê Silveira e Silva receberam a homenagem póstuma.
A USP (Universidade de São Paulo) foi a primeira instituição universitária a conceder diplomas post mortem a alunos assassinados pela ditadura militar.
Em dezembro do ano passado, familiares e amigos dos estudantes de Geologia Alexandre Vannucchi Leme e Ronaldo Mouth Queiroz receberam os diplomas em uma cerimônia que ocorreu no Instituto de Geociências, no campus da Cidade Universitária.
Ativistas
Os seis estudantes foram executados porque lutavam contra a ditadura militar.
Honestino era ativista da AP (Ação Popular), Elmo, Lúcia e Luiz Renê eram do PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e Alexandre Vannucchi Leme e Ronaldo Mouth Queiroz, da ALN, a Ação Libertadora Nacional.
Assim como Honestino, os três militantes do PCdoB engrossam a lista de desaparecidos políticos.