Por Sebastian Moreira, militante da Frente Ampla –
Por que os Frenteamplistas não estão tristes e abatidos?
Por que essa esquerda teimosa ri e canta mesmo na severidade da derrota?
Por que essa juventude ainda caminha, mantêm suas energias e exibe sua vontade de renovação?
Por que este velho com uma bengala no ar está imóvel, ainda que continue na beira do caminho da vitória?
Por que esta sofrida metade do país voltou para casa de madrugada na segunda-feira com a felicidade do dever cumprido, se o governo muda de rumo a partir de março?
Por que estávamos chorando de alegria ontem e nos abraçando como irmãos que vencíamos no dia a dia?
Quem somos nesta América Latina que se desdobra em dor, sangue e desigualdade?
Por que nos apegamos com tanta nobreza a esta bandeira tão plena de significado, de unidade e ideologia?
Já estamos pensando na militância de amanhã,
Porque mesmo nos preocupamos com o resultado de ontem, mas sem deixar de voltar os olhos para o futuro próximo?
Somos assim porque somos netos de antigos trabalhadores — da construção civil, camponeses, donas de casa, costureiras e tecelãs de um Uruguai do passado.
Somos assim porque somos sobrinhos de comunistas, cristãos, socialistas, colorados e nacionalistas do Uruguai ontem e de sempre.
Somos assim porque somos filhos do vento da mudança de nossos pais processados, torturados, exilados e comprometidos com o Uruguai de ontem à noite.
Somos assim porque somos irmãos da estabilidade democrática, do debate franco, do diálogo permanente e da consequente militância do Uruguai de amanhã!
Somos assim, enfim, porque somos e seremos os criadores de um país diferente!
