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Dados da Universidade de Oxford explicitam a diferença da cobertura vacinal entre os continentes e mostram que o ritmo de doação de vacinas pelos países ricos é muito lento
O Brasil está prestes a finalmente alcançar 70% da população vacinada contra a covid-19 com ao menos uma dose ou dose única. A percentagem da população brasileira com a vacinação completa é de 40,69% (abaixo da média mundial de 44,5%), enquanto 29,11% tomaram apenas a primeira dose. Nos países ricos, a média da população vacinada com ao menos uma dose é de 67%. Já nos de baixa renda, mal passa dos 2%. A comparação é do site Our World in Data, da Universidade de Oxford, referência em compilação e análise de dados globais relativos à covid-19 (no caso do Brasil, o site usou como base informações do Ministério da Saúde em 26 de setembro). Os números escancaram a disparidade na cobertura vacinal entre países ricos e pobres.
Em todo o mundo, foram administradas um total de 6,13 bilhões de doses (231,84 milhões no Brasil) contra a covid-19. Quando você estiver lendo este texto, os números serão outros, porque uma média de 24,98 milhões de doses são aplicadas atualmente a cada dia. O que ainda vai demorar para mudar é a redução da desigualdade na percentagem de vacinados entre países de alta e de baixa renda. Para tentar diminuir esse abismo, há o Covax, consórcio no qual os países com mais recursos doam vacinas ou dinheiro para comprar vacinas para os mais pobres. Porém, o Covax diminuiu em 30% a previsão de doações, e mais de 50 países ainda não atingiram a modesta meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de vacinar ao menos 10% da população até o final de setembro.
A maioria dos países muito atrasados na vacinação fica na África, como evidencia o mapa-múndi abaixo, que mostra o percentual da população totalmente vacinada no mundo. Vale lembrar que vacinação é pacto coletivo. Só com a maior parte da população mundial imunizada é que a pandemia chegará ao fim. O desafio agora é a vacina alcançar os países mais pobres. A falta de equidade deixa em risco a população local, claro, e também, afeta o controle global da pandemia, já que novas variantes podem surgir.
Foi justamente o surgimento de uma nova variante da covid-19, a delta, uma das causas do atraso na doação de vacinas pelos mais países ricos, que passaram a priorizar doses de reforço para a população local. O site Our World in Data destaca quantas vacinas estão entregues; quantas foram doadas, mas ainda não chegaram ao destino, e quantas foram anunciadas, mas sequer doadas oficialmente ao Covax, encarregado de distribuir os imunizantes.
Os Estados Unidos comunicaram uma doação de 290 milhões de doses. Porém, até 16 de setembro, entregaram 80,8 milhões. A União Europeia, o segundo maior doador global, prometeu 202,28 milhões de doses, mas mandou somente 13,1 milhões. O número é um pouco maior do que o do terceiro lugar em doses já entregues, o Japão, com 11,3 milhões, mais de um terço dos 30 milhões prometidos. Por doses anunciadas, o terceiro país é a Alemanha, com 100 milhões. Porém, entregou apenas 2,5 milhões.
Os mapas do Our World of Data, com dados atualizados diariamente, permitem visualizar os países nos quais as vacinas estão teoricamente disponíveis para a população em geral, como Estados Unidos, Canadá, China, a maior parte da Europa e os vizinhos brasileiros Uruguai, Colômbia e Guiana. Brasil, a maior parte da América do Sul, Índia e Austrália, por exemplo, estão no segundo grupo, onde a vacina está disponível para determinados trabalhadores, faixas etárias e vulnerabilidades. Em números absolutos da população, a Índia está na frente: 224,29 milhões de pessoas já foram totalmente vacinadas. Em segundo lugar vem os Estados Unidos, com 183,67 milhões. O Brasil fica em terceiro lugar, com 87,05 milhões. Sem contar a China, claro, que tem 1,02 bilhão de pessoas com o ciclo de vacinação completo. Os outros dois países com mais de 200 milhões de habitantes, Indonésia e Paquistão, ainda estão com números bem menores: 48,26 milhões e 25,49 milhões de pessoas vacinadas, respectivamente.
O Covax aceita doações de empresas e pessoas físicas, através da campanha de arrecadação Go Give One, da OMS. A doação mínima de US$ 5 (cerca R$ 25) garante uma dose para a vacinação.