Edu foi ameaçado de prisão por um policial ao tentar ajudar o rapaz, que trabalha como motoboy em SP
O fundador do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), Eduardo Moreira, promoveu, no ICL Notícias — 1ª edição desta segunda-feira (17), uma campanha que levantou mais de R$ 42 mil para o motoqueiro vítima de um acidente no Largo Mestre de Aviz, no Jardim Luzitânia, em São Paulo, no último sábado (15). As doações foram feitas por 810 pessoas.
No momento do acidente, Edu foi ameaçado de prisão por um policial militar ao tentar ajudar o rapaz.
Após pedido de Eduardo nas redes, o motoqueiro foi identificado como Gelson dos Santos, que trabalha como motoboy em um restaurante japonês na capital paulista. A moto, instrumento de trabalho de Gelson, ficou completamente destruída. O veículo foi financiado em 30 parcelas, das quais apenas duas foram pagas.
A vaquinha do ICL permitirá a Gelson comprar uma nova moto para continuar trabalhando, garantir 3 meses de salário para que possa se recuperar e pagar, durante um ano, o seguro do novo veículo. Edu Moreira foi o primeiro a fazer um depósito, no valor de R$ 5 mil.
“A gente vive dessa energia da solidariedade, a gente vive dessa energia da ajuda e é para vocês terem essa sensação de que estão fazendo parte dessa história tentando corrigir uma injustiça. Essa nossa força é fundamental para gente se entender como comunidade porque se não, é só papo furado. A gente existe para ajudar as pessoas e ter a coragem de fazer o que tem que ser feito”, disse Edu Moreira.
No programa, Gelson também recebeu a doação do capacete do fundador e ex-comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) da Polícia Militar de São Paulo, Diógenes Lucca.
Motoboy conta versão do acidente ao ICL Notícias
Gelson participou do ICL Notícias — 1ª edição e contou sua versão do acidente. “No momento que eu caí, a minha atitude era levantar e se você [Eduardo Moreira] não grita, eu ia me levantar de qualquer jeito. Foi um momento de tensão, os policiais eram para estar ajudando, mas desde o momento que chegaram, já queriam saber minha origem, histórico criminal”, relata.
Gelson ainda se recupera do acidente, machucou os dois braços e ainda sente dores no joelho. Gelson não tem plano de saúde.
Gelson dos Santos. (Foto: Reprodução)
“A ficha do Gelson é mais limpa que a minha. O Gelson tem a ficha criminal zerada, ficha no Serasa zerada. A ficha do Gelson é exemplar. Será que o policial tem essa ficha zerada?”, questionou Eduardo Moreira.
Relembre o caso
Ao tentar ajudar o motoqueiro, Edu foi ameaçado de prisão por um policial militar, que se identificou como “Tenente Eduardo”. A corregedoria da PM já foi acionada para apurar o caso.
Eduardo Moreira gravou um vídeo no local da abordagem. Relatou que pediu que a vítima não se mexesse, colocou uma mochila embaixo do joelho do motoqueiro e pediu aos policiais para ajudar, o que foi negado. Eduardo estudou para ser paramédico.
Os PMs perguntaram sobre a ficha criminal do homem. O “Tenente Eduardo”, então, ameaçou Edu Moreira de prisão.
“Ele começou a ameaçar me prender se eu não desse minha identidade, que se eu não tivesse o registro de paramédico me prenderia, disse que o número da minha identidade não batia, disse que eu era um mentiroso, que estava fazendo teatro, e o cara todo machucado no chão cheio de dor”, escreveu Edu Moreira nas redes sociais.
Fundador do GATE comenta: “Não é isso que é ensinado nas escolas de formação”
O fundador e ex-comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) da Polícia Militar de São Paulo, Diógenes Lucca, comentou, em um post nas redes sociais, sobre a ameaça de prisão sofrida por Eduardo Moreira.
“Por incrível que possa parecer havia uma preocupação maior dos policiais, ao que consta, na identificação ‘criminal’ do motociclista do que um cuidado e empatia maior dos PMs com um acidentado caído no chão. Posso assegurar que não é isso que é ensinado nas escolas de formação”, comentou o ex-comandante do GATE.
O ex-comandante Lucca, nas redes, ressaltou o fato de Eduardo já ter recebido condecorações e ministrado palestras em várias ocasiões na PMESP. “Servir e proteger, e o slogan ‘Polícia Militar você pode confiar’ foram postos em dúvida, o que resultou na indignação do meu fraterno amigo Eduardo Moreira”.