Publicado em Carta Capital –
Novos vazamentos indicam que procurador e ministro foram pagos para encontrarem empresários em segredo
Novos diálogos vazados mostram que o procurador Deltan Dallagnol e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux teriam sido remunerados para participar de reuniões privadas com empresários brasileiros e estrangeiros da corretora XP Investimentos, em 13 de junho de 2018. As informações foram reveladas pelo jornalista Reinaldo Azevedo, na rádio BandNews, em parceria com o site The Intercept Brasil.
O objetivo dos encontros seria discutir a Operação Lava Jato e as eleições presidenciais. Segundo a reportagem, o convite a Dallagnol foi feito pela consultora de política e judiciário da XP, Débora Santos, em 17 de maio de 2018. Entre os presentes na reunião, estariam representantes da JP Morgan, Citibank, Itaú, Bradesco e Santander. Mensagens da consultora confirmam que o encontro é projetado para não ser noticiado e já contou com a participação do ministro Luiz Fux.
“Esse bate-papo é privado, com compromisso de confidencialidade, onde o convidado fica à vontade para fazer análises e emitir pareceres sobre os temas em um ambiente mais controlado”, disse Débora, segundo a reportagem. “Semana passada recebemos o presidente do TSE, ministro Fux, por exemplo, e não saiu nenhuma nota na imprensa.”
A consultora explicou, ainda, ao procurador, que os encontros são frequentes e que, na ocasião, discutiriam, em segredo, a Operação Lava Jato e as eleições de 2018.
“Fazemos encontros regulares com atores do mercado para fazer análises conjunturais sobre temas da atualidade. Estamos na fase de ciclo de encontros sobre Lava Jato e Eleições, por isso, estivemos com o ministro Fux, na semana passada, e estamos negociando data com os ministros Luiz Roberto Barroso e Alexandre de Moraes”, diz a mensagem. “Temos como hábito respeitar a privacidade dos nossos convidados”, completou, em outro trecho, escrito em 22 de maio de 2018.
Dallagnol, em 22 de maio, consentiu ao convite, e disse que pediria para uma assistente identificada como Fernanda para que ajudasse a dar seguimento à negociação. Embora fosse uma reunião privada, a remuneração de Dallagnol seria efetuada como “palestra”.
Segundo Azevedo, Débora trabalhava na área de consultoria em comunicação social e gestão de crises no gabinete do ministro Edson Fachin, relator do petrolão, ou seja, membro da bancada julgadora. Ela é esposa do procurador Eduardo Pelella, que foi chefe de gabinete e braço direito do ex-procurador Rodrigo Janot, quando comandava a bancada acusatória da Lava Jato.