Vaza jato nos jornais – 26 de julho

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Por Eduardo Barbabela, Juliana Gagliardi, Natasha Bachini e João Feres Jr. em Manchetômetro – 

No 47° dia de Vaza Jato observamos um boom na cobertura sobre o escândalo, com 38 textos – a terceira maior quantidade desde o início. Pelo terceiro dia consecutivo as manchetes foram tomadas pela Vaza Jato. Além de novas informações sobre o hacking, a Folha de São Paulo divulgou novas mensagens que apontam para uma palestra remunerada de Deltan Dallagnol a uma das empresas citadas em delação premiada na Lava Jato.

dia47

O GLOBO

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Com 12 textos, O Globo continua a destacar o novo momento da Vaza Jato. Em editorial, o jornal pontua a importância de investigar a origem do dinheiro encontrado com os suspeitos, principalmente com a afirmação do advogado de um dos hackers de que seu objetivo era vender o material ao PT. O diário reforça que juristas não viram nada de anormal nas mensagens e defende que a divulgação das mensagens não está em discussão por ser um direito constitucional. Em reportagem o diário aponta que a Justiça decidirá sobre a destruição ou não do conteúdo, contradizendo fala de Moro afirmando que as provas seriam descartadas. Em coluna, Bernardo Mello Franco questiona porque Moro quer tanto destruir as provas, se ele deveria ser o maior interessado em esclarecer o caso, afinal a sua conduta está em xeque após os vazamentos. O Globo ainda noticia a expulsão de um dos suspeitos dos ataques do DEM.

ESTADÃO

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O Estadão também continuou a destacar a Vaza Jato, com os mesmos 12 textos que O Globo. Na coluna do Estadão, Alberto Bombig discute a preocupação que os ataques cibernéticos suscitaram nos Três Poderes, principalmente com o vácuo legal para coibir esse tipo de crime. Em sua coluna diária, Eliane Cantanhêde aponta que as características dos suspeitos e do ataque apresentam vulnerabilidades inadmissíveis em nossas instituições.

FOLHA

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A Folha de São Paulo cita a Vaza Jato em 14 textos em sua edição diária. Na coluna Painel, Daniela Lima destaca que a suposta tática de divulgar alguns dos nomes dos hackeados para gerar solidariedade a ideia de Sérgio Moro de destruir mensagens teria gerado o efeito contrário em diversas autoridades e instituições. A Folha também divulga nova leva de mensagens vazadas, novamente contra o procurador federal Deltan Dallagnol, que teria realizado palestra remunerada a uma das empresas citadas em acordo de delação premiada, a Neoway. Em resposta ao diário, o procurador afirma que não sabia que empresa aparecia em delação.

JORNAL NACIONAL

A edição do JN de ontem (25/7) teve ampla cobertura dos desdobramentos da prisão dos hackers que teriam invadido celulares de autoridades. A primeira matéria (220s) abordou a invasão do celular do presidente Jair Bolsonaro. A matéria ressalta o grande número, as identidades e altos cargos, nos três Poderes da República, dos hackeados, antes de descrever os procedimentos e equipamentos de segurança de informação e comunicação disponibilizados  pela Agência Brasileira de Inteligência ao governo federal. Nessa matéria são citados nota do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre a invasão ao presidente e o pronunciamento de Bolsonaro afirmando que “perderam tempo” com ele uma vez que não encontrariam nada que o comprometa.

A segunda matéria, ainda mais longa (412s), teve o ministro da Justiça Sérgio Moro como protagonista. Novamente, a matéria destaca que a lista de atingidos engloba autoridades dos três Poderes – listando alguns deles – e diz que Moro “avisou ao Supremo Tribunal Federal que ministros do STF e do Superior Tribunal de Justiça estariam entre as vítimas dos hackers” e que avisou pessoalmente aos ministros atingidos do STF. A matéria reproduz ainda a resposta de alguns alvos – o ministro do STJ João Otávio de Noronha, o presidente do Senado Davi Alcolumbre, a Procuradoria-Geral da República, o presidente da Câmara Rodrigo Maia – sobre o hackeamento. Também é reproduzido os seguintes trechos de nota da Polícia Federal sobre a investigação: “as investigações não têm como objeto a análise das mensagens supostamente subtraídas de celulares invadidos. (..) o conteúdo de quaisquer mensagens será preservado, pois faz parte de diálogos privados, obtidos por meio ilegal (…) caberá à Justiça, definir o destino do material, sendo a destruição uma das opções”. Após o relato de detalhes da investigação, a voz é dada a Moro novamente mediante a reprodução de um post em rede social no qual reforça mais uma vez a ação de criminosos”. Em seguida, ao final da matéria, fala-se, enfim, dos suspeitos presos.

A terceira matéria (377s) teve como chamada: “Advogado de suspeito diz que suposto hacker queria vender os dados ao PT”. Nela, afirma-se que o advogado (Ariovaldo Moreira) de dois dos suspeitos presos afirmou que um de seus clientes teria dito que a intenção de um terceiro suspeito seria vender as informações obtidas por hackeamento para o Partido dos Trabalhadores. A nota emitida pelo PT em resposta é citada: “o PT disse que sempre foi alvo desse tipo de ‘farsa’ e que é criminosa a tentativa de envolver o PT num caso em que, diz a nota do PT, o ministro Sérgio Moro é que tem que se explicar”. Conforme a matéria, Ariovaldo “também afirmou que o cliente não tem nenhuma informação sobre as publicações do Intercept”. Em seguida, o JN reproduz a entrevista feita com o advogado e, depois dela, a nota do PT é novamente citada. O telejornal também informa que, no TSE, um dos presos, Walter Delgatti Neto, aparece como filiado ao Partido Democratas, e cita a declaração do DEM anunciando sua expulsão.

A quarta incursão (69s) é uma correção. O JN cita o pedido recebido do Intercept para que esclarecesse que, diferentemente do que disse o telejornal, a agência nunca discutiu suas fontes, portanto, nunca confessou ou negou que fosse um hacker, mas disse que os diálogos foram recebidos de forma anônima. O telejornal, diferentemente disso, havia afirmado anteriormente que o Intercept havia sempre negado se tratar de hackeamento.

De modo geral, o Jornal continua seguindo um padrão de abordagem ao tema: dá voz a Moro e às autoridades envolvidas e investe na cobertura do hackeamento, contribuindo para o apagamento da problematização (ausente) sobre o conteúdo das mensagens e a conduta das autoridades. Na cobertura de ontem, o Intercept só foi citado rapidamente em entrevista ao advogado de um dos acusados e, ao fim, no esclarecimento que a própria agência demandou. Após o jornal ter ignorado os últimos vazamentos, fica mais uma vez evidente que prioriza a defesa das autoridades envolvidas em vez da crítica, do monitoramento e das polêmicas sobre sua atuação.

CONCLUSÃO

As novas descobertas sobre o hacking continuam a fortalecer a linha de discussão sobre crimes cibernéticos que envolve a Vaza Jato. Enquanto isso novíssimas mensagens divulgadas pela Folha apresentam novos vazamentos contra a Lava Jato. Com a defesa da liberdade de imprensa que o grupo Globo e o Estadão têm feito junto à descoberta dos hackers, veremos se os jornais destacarão as novas denúncias ou se manterão o interesse apenas nos crimes cibernéticos.

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