Venezuela: agressão e covardia

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Por E. P Cavalcante

A ameaça de agressão ianque à Venezuela demonstra a que se reduziu a política internacional neste momento.  Ao velho tripé: petróleo, sangue e armas, junta-se, agora, um forte componente de covardia. A Venezuela é uma ditadura? Não!




A Arábia Saudita é uma ditadura? Sim!  É  uma tenebrosa e sanguinária ditadura  onde as mulheres são escravizadas. A mulher que tentar se manifestar como gente, ser humano,  naquele país,  poderá ser morta lapidada, apedrejada, ou emparedada.

Mas ela, a Arábia Saudita, vive e convive muito bem com os democratas de ocasião. Com a democracia “trumpeana”, com a democracia norte americana.

Isto porque o seu petróleo é controlado pelos Estados Unidos, pelas petroleiras americanas.

Quando houve uma eleição na Arábia Saudita? Nunca!  É  a resposta.

Não interessa quanto sangue venha a ser derramado numa guerra estúpida contra o povo venezuelano. Se o preço for a conquista do petróleo daquele país.

Sobre a política de agressão e saque às nações mais fracas assim se pronunciou  o general dos fuzileiros americanos  Smedley Butler. O militar mais condecorado daquele país:

” Eu passava a maior parte do tempo sendo um leão-de-chácara de primeira categoria para os Grandes Negócios, Wall Street e os Banqueiros. Em suma, eu era um extraordinário, um gângster do capitalismo… Como todos os membros da carreira militar, nunca tive nenhum pensamento original enquanto não saí da ativa… Ajudei a tornar o México — especialmente Tampico — um lugar seguro para os interesses americanos do petróleo em 1914. Resolvi transformar o Haiti e Cuba em lugares decentes  para a coleta de rendas pelos rapazes do National City Bank. … ” 

E completa o general Butler: ” Quando olho para trás,tenho a sensação de que deveria  ter dado algumas dicas para Al Capone. O máximo que ele conseguiu fazer foi operar o seu sistema de extorsão em três distritos. Eu operei em três continentes.”   [1]

O império ianque fez da guerra o melhor negócio do mundo. Depois da Segunda Guerra Mundial engendraram a Guerra Fria. Naquela, a fabricação de armas nucleares,  foguetes e guerras localizadas,  sustentou a economia americana por algumas décadas.

Hoje procuram ressuscitar a Guerra Fria a qualquer custo. Provocam a Rússia e a China a todo momento.  Querem uma guerra que lhes salve da crise geral do sistema.

A guerra e o saque às riquezas dos países mais fracos é a aventura predileta do Tio Sam. Para o saque, como tenta  fazer agora com a Venezuela,  ele segue a lógica de:  ” O que é meu é meu e o que é teu é nosso!”

Um poço de petróleo ou uma mina de minerais raros descobertos em um pequeno país da África ou América Latina, estará enquadrado nesta lógica.

E os “diplomatas”  americanos avisarão: ” O que é teu é nosso e o que é nosso é meu!”  Este petróleo, então, nos pertence. E desta forma formalizam descaradamente o saque, tudo em nome da democracia. A democracia  do império,  claro!

A indústria de armamentos, a guerra, instaura uma economia perversa. Sangra milhões de jovens combatentes, o tesouro das nações  e o bolso dos contribuintes. Mas drenam bilhões ou trilhões de dólares para os cofres dos industriais e empresários das guerras.

A Segunda Guerra Mundial custou um trilhão e 350 milhões de dólares. Computando-se ai as despesas de todos os participantes: alemães, ingleses, americanos ou japoneses. Todos em fim. [2]

A intervenção norte americana no Afeganistão e no Iraque, em três anos,  custou 5 trilhões de dólares. Cálculo de Joseph  Stiglitz, cidadão norte americano, prêmio Nobel de economia. [3]

A covardia fica por conta de países que independentes e soberanos,  na Europa ou em outros continentes,  seguem cabisbaixos a política internacional de saque,  rapinagem e agressões do Tio Sam.

  1. P. CAVALCANTE. Um cidadão do mundo.

 

 

[1] DE FATO E DE FICÇÃO, Gore Vidal, Companhia das Letras, São Paulo, 1987, pag. 264.

[2] HISTÓRIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA, Leonel I. A. Mello e Luis C. Amad Costa, Ed. Scipione, 1986, pag. 280.

[3] INTERNET,  declarações à imprensa internacional.

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