Maria Tereza Capra (PT) recebeu mensagem ameaçadora: “Seu fim tem que ser igual uma cadela que se chamava Mariele”
Por Lucas Vasques. compartilhado da Revista Fórum

Cassada injustamente pela Câmara Municipal de São Miguel do Oeste (SC), por denunciar atos nazistas protagonizados por bolsonaristas, a vereadora Maria Tereza Capra (PT) foi novamente ameaçada de morte.
Ela recebeu, nesta quarta-feira (1), mensagem no Instagram com ameaças e ofensas. O criminoso afirmou: “Seu fim tem que ser igual uma cadela que se chamava Mariele, que as cadelas me desculpem por ofendê-las kkkkkkkkk”. A veradora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, foi assassinada em 2018.
“Hoje, recebi mais uma ameaça de morte. Pelo Instagram, esse sujeito bolsonarista, evangélico, que odeia a esquerda e as mulheres não poderia ter sido mais claro: para ele, meu fim será o mesmo de Marielle. Este não é só mais um doido da internet, um antipetista, ou alguém que está defendendo a honra da minha cidade. É um cara violento, que pratica ameaças e violência política, prega o ódio à esquerda e comemora a polícia que mata. Já comuniquei à DPF e o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A Polícia Federal e a Polícia Civil já que estão investigando outros crimes praticados contra mim. Não vão me calar!”, postou Maria Tereza.
Não é a primeira vez que ela é ameaçada. No início de fevereiro, em um e-mail enviado à vereadora Ana Lúcia Martins (PT), de Joinville (SC), que manifestou apoio à colega, um neonazista usou o mesmo termo utilizado por Jair Bolsonaro (PL) contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS) para ameaçar Maria Tereza.
“Cassar seu mandato é só o primeiro passo. Vou cassar sua vida depois, [xingamentos]. Você é tão feia que nem merece ser estuprada, tem que morrer de pancada você e sua família de merda”, dizia o texto.
Maria Tereza recorreu à Justiça contra cassação
A decisão arbitrária dos vereadores de São Miguel do Oeste foi motivada pelo fato de Maria Tereza ter denunciado um grupo de bolsonaristas que protagonizou ato de saudação nazista à bandeira brasileira, em frente ao Quartel da guarnição do Exército, em São Miguel do Oeste
Segundo a alegação da acusação, a parlamentar teria propagado notícias falsas e atribuído aos cidadãos de São Miguel do Oeste o crime de saudar o nazismo e de ser berço de uma célula neonazista.
A defesa da vereadora revelou as ameaças recebidas por ela desde novembro, com destaque para suas redes sociais.
À época, o advogado de defesa, Sérgio Graziano, ressaltou que o processo era de perseguição política. “Não há qualquer fato jurídico, político ou social que justifique a cassação. Em 31 anos do exercício da advocacia nunca vi tamanha injustiça”.
Maria Tereza está recorrendo à Justiça contra a cassação, já tendo protocolado ação na 1ª Vara Cível da Comarca do município. Ela pede a anulação do decreto legislativo que determinou sua cassação, no dia 3 de fevereiro. No documento, afirma que sofreu “perseguição política” por ser a única vereadora do PT.