Por Leonel Rpcha, publicado no Congresso em Foco –
Imagens da Secretaria de Segurança Pública da Paraíba flagram o momento em que Rodolpho Gonçalves, herdeiro de um dos maiores grupos empresariais do estado, foge após atropelar agente de trânsito ao fugir de blitz da Lei Seca
Imagens da Secretaria de Segurança Pública da Paraíba às quais o Congresso em Foco teve acesso flagraram a fuga em alta velocidade do motorista que atropelou e matou o agente de trânsito Diogo Nascimento Sousa, de 34 anos, na madrugada de sábado para domingo, em João Pessoa. Uma perícia será feita para aferir a que velocidade o veículo, um Porsche branco, estava ao atingir o agente. O motorista era o estudante Rodolpho Gonçalves Carlos da Silva, herdeiro do maior grupo da indústria alimentícia da Paraíba e da afiliada da TV Globo no estado.
Segundo testemunhas, Rodolpho atropelou o agente ao fugir de uma blitz da Operação Lei Seca na capital paraibana e fugiu do local sem parar para prestar socorro à vítima. O caso gerou revolta e indignação na Paraíba devido à suspeita de favorecimento da Justiça ao acusado, que é neto do ex-senador e ex-vice-governador José Carlos da Silva Junior.
Veja o vídeo que registra a fuga:
Rodolpho teve a prisão preventiva decretada por uma juíza do 1º Juizado Especial Misto de Mangabeira e revogada pelo desembargador Joás de Brito Pereira Filho, horas depois, antes mesmo de a prisão ser realizada. Entre uma decisão e outra, foram pouco mais de seis horas. A prisão de Rodolpho foi determinada por volta das 20h de sábado. Já a decisão que suspendeu a prisão foi dada às 3h da manhã de domingo.
Diogo não resistiu aos ferimentos e morreu nesse domingo (22). O corpo do agente de trânsito foi enterrado sob aplausos, pedidos de justiça e forte comoção, na tarde dessa segunda-feira, no cemitério do Cristo. O governador Ricardo Coutinho compareceu ao velório. Pela manhã, servidores do Detran paralisaram suas atividades para protestar, em frente à sede do órgão, contra as circunstâncias da morte do colega.
Outro vídeo mostra o momento em que o Porsche foi recolhido para realização de perícia. Confira as imagens:
O motorista deverá responder pelo crime de homicídio doloso qualificado, quando há a intenção de matar. O veículo está registrado em nome de Ricardo de Oliveira Carlos da Silva, seu pai.
A juíza plantonista Andréa Arcoverde Cavalcanti Vaz decretou a prisão sob o argumento de que Rodolpho poderia destruir provas, já que fugiu do local. No entanto, o desembargador Joás de Brito revogou a ordem, alegando não haver motivos para manter o jovem sob custódia. O mesmo desembargador negou pedido de habeas corpus a um acusado de cometer crime semelhante, em 2013, ao fugir de uma blitz da Lei Seca.
Em entrevista à rádio Band News, Joá disse que a prisão de Rodolpho Carlos era desnecessária, porque ele é réu primário e tem bons antecedentes criminais. Segundo o magistrado, sua decisão foi eminentemente técnica. “Eu analisei a prisão temporária, não preventiva, onde verifiquei que não haveria necessidade da prisão por ele ser primário e ter bons antecedentes. O advogado dele apresentou uma petição onde disponibilizou o carro, e o suspeito se propôs a comparecer para prestar esclarecimentos”, declarou. “A decisão não foi apenas no sentido de liberá-lo. Eu condicionei a apresentação dele em 72h, apliquei medidas cautelares para evitar prisões desnecessárias. O fato foi grave, mas será apurado e a justiça tomara as medidas”, acrescentou.