Vieira repudia mentiras de chanceler de Israel sobre Lula e aponta isolamento de Netanyahu

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Em nota, ministro das Relações Exteriores denunciou distorções de Israel Katz sobre a posição brasileira no conflito em Gaza e classificou manifestação como “ofensiva e grave”: “O povo israelense não merece essa desonestidade”

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Massacre: enquanto Netanyahu distrai a mídia com ataques infundados a Lula, Gaza agoniza sob a fúria da máquina de guerra israelense

Após mais um ataque do governo extremista de Beanjamin Netanyahu ao Brasil, por meio da utilização do clamor do presidente Lula por paz na Faixa de Gaza para esconder o massacre aos palestinos, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reagiu às mentiras do chanceler Israel Katz. Em uma dura nota divulgada na noite desta terça-feira (20), Vieira afirmou que as declarações do embaixador israelense são “inaceitáveis”.

“As manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma, e mentirosas no conteúdo”, rebateu Mauro Vieira, na nota.

“Uma Chancelaria dirigir-se dessa forma a um Chefe de Estado, de um país amigo, o presidente Lula, é algo insólito e revoltante”, ressaltou o chanceler brasileiro. “Uma Chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da história da diplomacia de Israel, com recurso a linguagem chula e irresponsável”, lamentou Vieira.

Nesta semana, Katz amplificou a estratégia diversionista de Netanyahu de distorcer a condenação de Lula às mortes do povo palestino pela máquina de guerra israelense. Além de tentar humilhar o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, levando-o a uma insólita tour pelo Museu do Holocausto, o embaixador mentiu deslavadamente ao sugerir que Lula não reconhece o genocídio praticado pelo nazismo na Segunda Guerra.

“O Ministro Israel Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica”, criticou o ministro. “Enquanto atacou o nosso país em público, no mesmo dia, na conversa privada com nosso embaixador em Tel Aviv afirmou ter grande respeito pelos brasileiros e pelo Brasil, que definiu como a mais importante nação da América do Sul. Esse respeito não foi demonstrado nas suas manifestações públicas, pelo contrário”.

Isolamento de Netanyahu

Vieiratambémreiterou que os ataques do governo de Israel tentam esconder o crescente isolamento internacional de Netanyahu, hoje um pária global. “Além de tentar semear divisões, busca aumentar sua visibilidade no Brasil para lançar uma cortina de fumaça que encubra o real problema do massacre em curso em Gaza, onde 30 mil civis palestinos já morreram, em sua maioria mulheres e crianças, e a população submetida a deslocamento forçado e a punição coletiva”, insistiu o ministro, na nota.

“Isso tem levado ao crescente isolamento internacional do governo Netanyahu, fato refletido nas deliberações em andamento na Corte Internacional de Justiça. É este isolamento que o titular da chancelaria israelense tenta esconder”.

Pimenta: “conteúdo falso” distribuído por Katz

Pouco antes da nota de Vieira, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, também vocalizou a indignação do governo brasileiro com o chanceler de Netanyahu. Pimenta esclareceu que o “conteúdo falso” distribuído pelo diplomata israelense utilizou frases nunca ditas por Lula. 

“Em nenhum momento o presidente fez críticas ao povo judeu, tampouco negou o holocausto”, desmascarou Pimenta. “Lula condena o massacre da população civil de Gaza promovido pelo governo de extrema-direita de Netanyahu, que já matou mais de 30 mil palestinos, entre eles, 10 mil crianças”, destacou o ministro.

Pretória: Apartheid de palestinos é pior que o da África do Sul

No mesmo dia em que a diplomacia israelense cometia atos de desrespeito não condizentes com as boas práticas diplomáticas, líderes da África do Sul denunciavam novamente os crimes de guerra de Netanyahu em Gaza. Em uma audiência na Corte de Haia, na terça (20), Pretória acusou o governo de Israel de praticar um regime de apartheid com o povo palestino mais “extremo” do que o sofrido pelo povo africano até 1994.

“Como sul-africanos, percebemos, vemos, ouvimos e sentimos profundamente as políticas e práticas discriminatórias desumanas do regime israelense como uma forma ainda mais extrema de apartheid institucionalizado contra os negros em meu país”, declarou Vusimuzi Madonsela, embaixador sul-africano na Holanda.

Presente na audiência, a diplomacia brasileira fez um pedido formal para que Haia passe a considerar formalmente a ocupação do território palestino por Israel como ilegal.

Leia a seguir a íntegra da nota assinada pelo ministro Mauro Vieira:

As manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma, e mentirosas no conteúdo.

Uma Chancelaria dirigir-se dessa forma a um Chefe de Estado, de um país amigo, o presidente Lula, é algo insólito e revoltante. Uma Chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da história da diplomacia de Israel, com recurso a linguagem chula e irresponsável.

Estou seguro de que a atitude do governo Netanyahu e sua antidiplomacia não refletem o sentimento da sua população. O povo israelense não merece essa desonestidade, que não está à altura da história de luta e de coragem do povo judeu. Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim.

Nossa amizade com o povo israelense remonta à formação daquele Estado, e sobreviverá aos ataques do titular da chancelaria de Netanyahu.

O Ministro Israel Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica. Enquanto atacou o nosso país em público, no mesmo dia, na conversa privada com nosso embaixador em Tel Aviv afirmou ter grande respeito pelos brasileiros e pelo Brasil, que definiu como a mais importante nação da América do Sul. Esse respeito não foi demonstrado nas suas manifestações públicas, pelo contrário.

Não é aceitável que uma autoridade governamental aja dessa forma.

Além de tentar semear divisões, busca aumentar sua visibilidade no Brasil para lançar uma cortina de fumaça que encubra o real problema do massacre em curso em Gaza, onde 30 mil civis palestinos já morreram, em sua maioria mulheres e crianças, e a população submetida a deslocamento forçado e a punição coletiva. Isso tem levado ao crescente isolamento internacional do governo Netanyahu, fato refletido nas deliberações em andamento na Corte Internacional de Justiça. É este isolamento que o titular da chancelaria israelense tenta esconder. Não entraremos nesse jogo. E não deixaremos de lutar pela proteção das vidas inocentes em risco. É disso que se trata.
    
O embaixador de Israel em Brasília e o governo Netanyahu foram informados de que o Brasil reagirá com diplomacia, mas com toda a firmeza, a qualquer ataque que receber, agora e sempre.

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