Vinicius de Moraes e a coletiva de imprensa em off para vazamento ilegal?

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Por Washington Luiz de Araújo, jornalista – 

O grande poeta Vinicius de Moraes andava com poesias nos bolsos para que os amigos compositores fizessem belas músicas. “Tomzinho, trouxe uma letrinha para você”. “Carlinhos, olha a letrinha que fiz para você fazer uma musiquinha”. E assim fazia o poetinha. Às vezes, errava de destinatário e corria para pegar a “letrinha” de volta. “Ah, esta não era para você, era para o Badenzinho…”.  Era assim, Vinicius quando fazia a letra já sabia quem era o compositor ideal para a mesma”.  Contamos tudo isso para lembrar dos constantes vazamentos da Operação Lava Jato e a mudança no método de distribuição à grande imprensa. Perdão, poetinha.




Os vazamentos ilegais e seletivos para a chamada grande imprensa, na maioria das vezes contra o PT e Lula, utilizavam o método Vinicius (perdão novamente, poeta), mas se aperfeiçoaram ou estão sem tempo para o filtro necessário, distribuindo agora a granel.

Antes, os vazamentos propiciavam o chamado “furo” de reportagem, pois os vazadores entregavam o material de forma exclusiva, uma aqui para o Estadão, outra ali para a Folha e mais outra para a Globo e, consequentemente, para os seus demais veículos. Agora, fazem coletivas em off, poupando tempo e vazando para todos os parceiros. Tudo dentro da mais descarada fora da lei, pois os vazamentos são ilegítmos.

E saiu da própria Folha a denúncia da distribuição única. Talvez em razão de não ter recebido o vazamento de forma exclusiva, pois não se lê nos jornalões nada contra este ato ilegal.

Leiam aqui o que disse Fernando Brito, Tijolaço:  “A ombudswoman da Folha, Paula Cesarino Costa, informa aos leitores que a Procuradoria Geral da República organizou uma espécie de “coletiva off the records” para fornecer alguns dos nomes brindados com pedidos de investigação feitos ao Supremo Tribunal Federal após as delações da Odebrecht. Como a lei e a decisão que homologou as delações determinam que elas corram em sigilo até que virem um processo, está-se diante de um “crime oficial” de violação de sigilo profissional, previsto no artigo 154 do Código Penal. Portanto, espera-se que os senhores que reclamam de terem seus nomes divulgados sem motivos usem a confissão da Folha e representem, de imediato, ao Dr. Rodrigo Janot, para que este proceda criminalmente contra seus colegas.”

Se o MPF será representado não sabemos, mas já sabemos que o juiz do STF e presidente do TSE,  Gilmar Mendes, foi para cima do procurador geral, Rodrigo Janot, criticando os vazamentos. É assim: quando os vazamentos ilegais são contra o PT e Lula, Gilmar Mendes cala-se, mas quando é contra seus amigos, o mesmo berra. E Janot também berrou contra o membro do STF, afirmando que este sofria de disenteria verbal e decrepitude mental. Entre outros impropérios. Que nível!

Tudo isso para dizer que a história de que deve haver método para tudo não vale para o judiciário de hoje.  Ao darem as costas às leis, vejam só, perdem o método até quando cometem crimes.

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