Por Washington Luiz Araújo, jornalista –
Quando olhamos nos olhos de um policial, vimos alí um ser humano, que tem pai, mãe, esposa, filhos, amigos e vizinhos. Ele é igual a todos nós. No entanto, está cada dia mais difícil olhar nos olhos de um policial durante as manifestações contra o golpe parlamentar que assolou o país, violentando nossa insípida democracia. Ainda mais com todo aquele aparato, que parece mais que está indo para uma batalha, dentro de uma barbárie.
Eles não olham nos nossos olhos com olhar de quem está vendo ali um manifestante pacífico. Se olhassem, não jogaria indiscriminadamente bombas de gás lacrimogêneo, não espirraria spray de gás pimenta nos rostos daqueles que estão alí somente clamando por um Brasil mais justo, um Brasil democrático.
E um país democrático não pode aceitar a violência, venha de onde vier.
Não queremos que os soldados nos olhem como se fossemos seus inimigos e repelimos qualquer tipo de violência.
Pessoas, cujas únicas armas são bandeiras, faixas e cartazes e palavras de ordem pedem em todas as manifestações: violência, não, senhor policial!
Que respeitem a Constituição, como diz aqui a Anistia Internacional: “A liberdade de expressão e manifestação pacífica é um direito humano fundamental garantido na Constituição Brasileira e na legislação internacional de direitos humanos.
Em um contexto de grave crise política nacional e de polarização da sociedade, é fundamental que as autoridades municipais, estaduais e federais garantam o pleno exercício do direito à liberdade de expressão e manifestação pacífica e que assegurem que as forças de segurança policiando protestos não façam uso desnecessário ou excessivo da força e das chamadas armas menos letais”.
Que a violência seja totalmente banida entre cidadãos e policiais é o nosso anseio. E que os governantes sejam responsabilizados por armarem seus policias de artefatos como bomba de gás lacrimogêneo, balas de borracha e muito ódio.
Que bom fosse assim.
