Violência policial é racista, mostra relatório com dados inéditos

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Compartilhado de Jornal GGN – 

Na Bahia, 97% dos mortos em ações policiais são negros, e a polícia do Rio de Janeiro matou 1814, sendo 86% negros em 2019, o maior números em 30 anos

PM de São Paulo imobiliza homem negro que participava de manifestação contra a morte de jovem da comunidade do Moinho – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Jornal GGN – A violência policial tem cor e não erra o alvo, essa é a conclusão do novo relatório da Rede de Observatório da Segurança, divulgado nesta quarta (09), com dados inéditos sobre a letalidade policial racista no Brasil.

O documento traz dados sobre cinco estados – Bahia, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e São Paulo -, sendo a primeira a que apresenta a maior porcentagem de negros mortos pela polícia e a segunda em números absolutos.

Em todos os estados a maior parte da população morta por policiais são negros. Na Bahia, 97% dos mortos em ações policiais são negros, e a polícia do Rio de Janeiro matou 1814, sendo 86% negros em 2019, o maior números em 30 anos. Em São Paulo, houve um aumento da letalidade policial e junto com ela os alvos: 63% são negros, em um estado em que a população negra representa 34%.

O relatório é a primeira investigação nesse sentido, comprovando o racismo nas mortes e violência policial. “Com esses dados podemos mostrar que não é um viés racial, não é excesso de uso da força, não é violência policial letal acima do tolerado, é racismo. Quando analisamos a violência policial nós não conseguimos contabilizar abordagens violentas, espancamentos, humilhações do dia a dia, mas conseguimos contar os corpos empilhados nessas ações”, afirmou a coordenadora da Rede de Observatórios da Segurança, Silvia Ramos.

Bahia – O estado vive uma escalada no número de violência. Novembro de 2020 foi o mês mais violento do ano com registro de 17 homicídios em apenas um final de semana. Amaralina já vive uma semana ininterrupta de operações policiais em dezembro. De acordo com relatório, a polícia baiana matou 650 pessoas em 2019 e 97%, quase todas, são negras. A população negra no estado é de 76,5% segundo o IBGE.

Ceará – Existe uma omissão quanto a cor dos mortos pela polícia no estado. 77% dos registros não possuem essa informação. Essa omissão é uma forma de racismo institucional que apaga os números de pessoas negras vitimadas. Sem números, as análises são comprometidas. Ainda assim, o estado possuí um percentual maior que o do Rio de Janeiro de negros mortos em ações policiais no últomo ano: 87%

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Pernambuco – A violência no estado segue a tendência de alta nacional. Para cada dez pessoas mortas no estado, nove são negras – percentual de 93%. O número de mortos pela polícia no ano passado é o dobro de 2015. Somente no primeiro semestre de 2020 foram registradas 55 mortes em ações policiais.

Rio de Janeiro – O Rio Janeiro bateu o recorde dos últimos 30 anos com 1814 mortes em 2019 – 86% dessas pessoas mortas eram negras e a população no estado é de 51%. Neste ano, o Rio seguiu com alta no número de mortos em ações policiais. O que levou o STF a intervir e a proibir operações em comunidades durante a epidemia de coronavírus. Medida que foi desrespeitada pelo governador em exercício Cláudio Castro. Houve um aumento de 415% de mortes em outubro e o Supremo precisou cobrar explicações. Em dezembro, mais duas crianças negras, Emylli e Rebecca, foram atingidas por balas perdidas.

São Paulo – Os homicídios em São Paulo estão caindo de forma drástica desde 1999. Passou da casa dos 44 para 8 homicídios por 100 mil habitantes, a menor entre as 27 unidades da federação brasileiras. No entanto,  20% de todas as mortes do estado são causadas pela polícia. Do total de mortos, 62,8% são negros, mesmo correspondendo a somente 34,8% da população paulista.

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