Leia textos do jornalista Carlos Eduardo Alves e de Virginia Finzetto, uma das vítimas da ferocidade de Erasmo Dias, na invasão à PUC. Virginia e outra estudante da época não foi indenizada. E lá se vão mais de quatro décadas.
Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, do Facebook
Escapei das bombas assassinas do Coronel Erasmo Dias da ditadura na brutal invasão da PUC, a Virgínia, infelizmente não. A Virgínia é uma guerreira incomum, nem a brutalidade fascista e as cicatrizes a fizeram abandonar a luta democrática e por justiça social. Virgínia Finzetto, um exemplo de brasileira.
Por Virginia Finzetto
HOJE FAZ 44 ANOS QUE FOMOS QUEIMADAS PELA DITADURA
Esta matéria da Isto É data de 1 de outubro de 1980. Nosso processo contra o Estado durou 10 anos até sair a sentença, em 1987. Apenas duas meninas foram indenizadas.
Maria Cristina Raduan e eu ficamos de fora, por dois motivos: Cristina era casada e por isso não fazia jus a um dote (pasmem, “dote” foi a única brecha que os advogados encontraram na lei para abrir o processo e nos ressarcir desse crime) e eu, porque o médico perito que me analisou era um militar e não viu motivo algum para a indenização, já que minhas cicatrizes, depois uma década, não pareciam ter me prejudicado.
Desencadeei desde aquela época uma síndrome do pânico, crises de ansiedade, que nunca foram definitivamente curadas.
Mas esses efeitos colaterais, tidos como secundários, jamais foram analisados nesse processo, muito menos incluídos nos autos como sendo danos morais, além dos físicos. Afinal, como esquecer essa barbárie?