Se depender da grande maioria dos analistas políticos da imprensa, tornou-se dispensável a realização da eleição presidencial dos EUA, marcada para daqui a mais de quatro meses. Basta entregar as chaves da Casa Branca para Trump, para que ele já possa cuidar da nova decoração.
Por Bepe Damasco, compartilhado de seu Blog
Segundo essa visão simplista, o atentado contra Trump foi a gota d’água que decidiu uma disputa entre um candidato com problemas cognitivos e um vigoroso candidato oposicionista, com um afiado discurso antissistema.
A exploração do episódio do atentado por parte da extrema-direita estadunidense já segue a pleno vapor e ganhará um grande impulso esta semana com a realização da convenção do Partido Republicano.
Mas esse tipo de análise tem vários furos e lacunas, embora não reste dúvida de que a campanha de Trump vai usar a vitimização do candidato republicano até o talo, algo em linha com o que Bolsonaro fez com a fakeada de Juiz de Fora.
Só que não é possível deixar de levar em conta que Trump já foi presidente, que responde a vários processos, que é um condenado pela Justiça e que é rejeitado fortemente por, pelo menos, metade do eleitorado dos EUA.
Parcela expressiva dos norte-americanos não esqueceu de seu negacionismo durante a pandemia, dos atentados ao regime democrático dos EUA (que culminou com a invasão do Capitólio) e dos casos escabrosos de corrupção que pesam contra ele.
Uma prova de que as coisas são bem mais complexas na política dos EUA foi a queda apenas residual de Biden nas pesquisas depois de uma participação desastrosa no debate de duas semanas atrás. Mesmo com uma leva de políticos e apoiadores importantes do Partido Democrata, na sociedade e na imprensa, vindo a público para defender a substituição do candidato claudicante, quase nada mudou nas pesquisas.
Também é importante destacar que os principais jornais dos EUA fazem oposição aberta a Trump, por considerá-lo com toda a razão uma ameaça à democracia, e certamente não pouparão esforços para jogar luz sobre os vários pontos obscuros do atentado.
Qual foi a motivação do crime? O que levou um integrante do Partido Republicano a tentar tirar a vida do seu candidato a presidente? O atirador agiu sozinho? Não teria ele encontrado facilidades demais para se posicionar e mirar a cabeça do ex-presidente?
É pouco provável que a mídia dos EUA compre sem senso crítico a versão incipiente e rudimentar sobre a tentativa de assassinato que circula até agora.
Vem novidades por aí.
Aqui, é bom que fique claro, não vai nenhuma defesa de Biden, cúmplice do genocídio do povo palestino. Torço mesmo para que seja substituído como candidato democrata.
Mas a eleição de Trump, que também apoia os crimes sionistas contra a humanidade, seria um tragédia mundial de proporções aterradoras.