“A gente não teve nenhum apoio. O presidente acusa o funcionário, ao invés de tomar para si a indignação”, criticou a antropóloga
Por Lucas Vasques, compartilhado da Revista Fórum
A antropóloga Beatriz Matos, viúva do indigenista Bruno Pereira, criticou, nesta quinta-feira (14), a forma pela qual o governo de Jair Bolsonaro (PL) tratou os assassinatos do seu marido e do jornalista britânico Dom Phillips, na Amazônia.
Beatriz participou de uma audiência pública no Senado e fez um depoimento à comissão externa da Casa, criada para acompanhar as investigações.https://74126d79ddf8a52d5ac6ef94e10072a4.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html?n=0
“Gostaria que o presidente do Brasil, o vice-presidente (Hamilton Mourão) e o presidente da Funai (Marcelo Xavier) tivessem que se retratar por declarações absurdas que fizeram. O presidente da Funai falou da ilegalidade da presença deles, o presidente disse coisas. É muito sério, é o presidente da República, o vice-presidente, o da Funai”, afirmou.
“A família não recebeu uma palavra, a gente não teve nenhum apoio. O Bruno era um funcionário público muito comprometido com o trabalho, por isso que os servidores da Funai estão em greve. O presidente acusa o funcionário, ao invés de tomar para si a indignação”, continuou Beatriz.https://d-39701494591958781288.ampproject.net/2206101637000/frame.html
Bolsonaro fez inúmeras declarações em que classificou a viagem de Bruno e Dom como uma “aventura”.
Quatro pessoas foram presas por envolvimento nos crimes: os irmãos Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, e Oseney da Costa de Oliveira, Jefferson da Silva Lima e Rubens Villar, o Colômbia. Amarildo e Jeferson confessaram participação nos crimes.
“Se tivesse uma Funai forte, hoje o Bruno estaria vivo”, diz liderança indígena
Jader Marubo, líder indígena e ex-coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), também participou da audiência no Senado, de acordo com informações do G1. Ele cobrou reforço da segurança na região e denunciou a falta de estrutura da Fundação Nacional do Índio (Funai).
“A Funai precisa de estruturação completa, contingente maior de pessoas, logística, não temos embarcação de grande porte, as bases precisam de estrutura para o trabalho que cabe a ela, não tem recurso”, disse.
Marubo acrescentou: “Em campanha, Bolsonaro disse que ia ceifar a Funai, e hoje entendemos: ele desestruturou o local. E por causa dessa desestruturação, essa fala que ceifaria a Funai, essa forma, é diretamente atribuída à morte do Bruno. Se tivesse uma Funai forte, atuante, que fizesse o trabalho, hoje o Bruno estaria vivo”.