Viva o Saci e o Raloim Brasileiro

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Em tempos de neocolonização do Brasil é muito importante realizar a comemoração do #DiadoSaci, no dia 31 de outubro. Não se trata de fazer uma oposição à festa das bruxas. Afinal, as bruxas são mulheres independentes que sempre foram perseguidas e, muitas delas, assassinadas pelo patriarcado.

Por: Francisco José Nunes, compartilhado de Construir Resistência




A Festa do Saci é uma manifestação da #culturabrasileira. O #Saci é um símbolo da resistência popular. No passado ele foi um duende da mitologia do #PovoGuarani, o #Yaci. Com a chegada dos africanos escravizados no Brasil, o Saci ficou negro.

Conta-se que o Saci foi aprisionado e acorrentado em uma das pernas, ficando diante de um dilema: permanecer com as duas pernas, mas continuar escravizado ou amputar uma das pernas e conquistar a liberdade. Ele escolheu a segunda opção e tornou-se um símbolo para as lutas de libertação de todos os povos: negros, indígenas, camponeses etc.

O “Manifesto do Saci” orienta a nossa luta:

“Um espectro ronda a indústria da cultura. Como já ocorrera durante a Primeira Guerra Mundial – quando os chamados ‘povos civilizados’ se matavam entre si nos campos da Europa, como lembra Monteiro Lobato em seu Inquérito, escrito em 1917 -, o espectro do Saci voltou para dar nó na crina das potências que invadem os outros países com uma ‘indústria cultural’ predadora e orquestrada.

O Saci é reconhecido como uma força de resistência cultural a essa invasão. Na figura simpática e travessa do insigne perneta, esbarram hoje, impotentes, os x-men, os pokémon, os raloins e os jogos de guerra, como esbarravam ontem patos assexuados e ratos com orelhas de canguru.” (Manifesto do Saci. São Luiz do Paraitinga, 31 de outubro de 2003)

Neste momento em que o Brasil passa por um forte processo de neocolonização: entregando quase todas as suas riquezas naturais para as empresas estrangeiras e para vários brasileiros que levam seus lucros para “esconderijos fiscais” (offshores); reprimarizando sua economia (minérios, soja, carne, laranja); saindo dos fóruns de relações internacionais multilaterais; reduzindo drasticamente os investimentos em educação, ciência e tecnologia; submetendo-se aos ditames do “irmão do norte”. Valorizar, portanto, a mitologia do Saci, que está presente em todas as regiões do Brasil, é fundamental para a luta contra o neofascismo e a luta “por uma terra sem males”.

Também no dia 31 de outubro de 2003 foi publicado o “Manifesto Antropófago Revisitado”:

“Só o saci nos une. Sacialmente. Etnicamente. Culturalmente. No ano 449 da deglutição do Bispo Sardinha em Piratininga, e 75 anos após o lançamento do Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, os saciólogos desta terra vão, aos pulos, convergindo em torno da única lei justa do mundo globalizado. O Saci resgata nossa identidade, nossas raízes, o xis da questão Tupi. Contra todas as catequeses do Império só nos interessa o que não é deles. A lei do Saci.

Estamos fatigados de todos os colonialismos travestidos de drama roliudiano. O cinema americano devorando corações e mentes. Demente. No país onde dá status ter casa em Maiami e comprar em sales com 20% off. Estacionar no valet parking e pedir comida delivery.”

É tempo de construir resistência!

“Sacis de todo o Brasil, unamo-nos”!

Segue a sugestão do ótimo documentário “Somos todos Sacys” e o sítio da “Sociedade dos Observadores de Saci”.

Viva o Saci e todos os seus companheiros e companheiras: Boitatá, Iara, Curupira, Mapinguari!

Serviço:

Documentário: “Somos todos Sacys” (2005) – 55 minutos

Direção: Sylvio Rocha e Rudá Andrade

Sítio da “Sociedade dos Observadores de Saci” – SOSACI

https://www.sosaci.org.br/

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