Viva os Cabanos!

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Por Arnin Braga, filósofo

Na madrugada do dia 6 para o dia 7 de Janeiro de 1835, enquanto as autoridades civis e militares de Belém dormiam cansados, após vários festejos em comemoração ao dia de reis; os cabanos – índios, tapuios, negros e a elite branca paraense descontente com o Império – saíam de seus esconderijos e davam inicio a Cabanagem, a revolta popular que, em palavras do historiador Caio Prado Jr., foi “o mais notável movimento popular do Brasil (…) o único em que as camadas mais inferiores da população conseguem o poder de toda uma província com certa estabilidade”.




Dominada a cidade de Belém, as demais cidades do interior da enorme Provincia do Grão-Pará, começam a derrubar o governo imperial e aderem ao movimento cabano. Todo o Norte passa a ser cabano. Somente a Ilha de Tatuoca e a cidade de Cametá continuam fiéis ao governo imperial. O Império do Brasil, naquele tempo governado pelos regentes, inicia imediatamente a repressão e “pacificação da Amazônia”, dano inicio à uma guerra civil que durou longos cinco anos, na qual as tropas imperiais promoveram um extermínio em massa da população paraense. Estima-se que em torno de 35.000 a 40.000 pessoas morreram no conflito. O equivalente à 40% da população amazônida daquela época. Tribos indígenas foram extintas, populações ribeirinhas, negras e caboclas dizimadas, Belém tornou-se ruína. O Império não teve misericórdia.

Esta que é a mais importante revolta popular da história do Brasil, é esquecida por todos – inclusive pelos próprios paraenses – E o motivo de tal esquecimente é explicitado pelo historiador Júlio Chiavenato: “A Cabanagem é a única revolução em que o povo chegou ao poder no Brasil. […] Uma revolução tão perigosa para as classes dominantes que o poder não procurou aplicar nenhuma lição: exterminaram-se os revolucionários, literalmente. Todos os documentos do governo foram destruídos, tribos inteiras foram chacinadas. A própria historiografia ‘esqueceu-se’ dessa revolução sem heróis ou santos”.

“Por esse motivo, 183 anos depois, por meio de singelos desenhos… gostaria de relembrar a todos sobre a existência desta grande revolução ocorrida no Norte do Brasil, para relembrar a todos os meus conterrâneos que dentro de nós ferve o sangue cabano! E revelar a meus amigos de outros países e regiões, o quão forte e destemido pode ser o povo da Amazônia… quando quer! Pois já dizia o paraense: “Não venha forte que sou do Norte!”

 

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