Enquanto avança PL do estuprador, 30,4% das violências contra bebês de 0 a 9 anos e 49,6% de crianças até 14 anos no Brasil são a sexual
Por Patricia Faermann, compartilhado de GGN
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Uma verdadeira “epidemia de violência sexual contra crianças”: assim foi chamado o fenômeno no qual 30,4% das violências sofridas hoje por bebês e crianças de 0 a 9 anos e 49,6% das sofridas por crianças de 10 a 14 anos no Brasil são a sexual.
Em meio ao avanço do Projeto de Lei que pune mais as gestantes vítimas de estupro do que o estuprador, os números foram divulgados hoje (18) pelo “Atlas da Violência”, o maior anuário de dados sobre violências no país, com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde.
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Os dados comprovam que as maiores vítimas de violência sexual são meninas e adolescentes, entre 0 a 14 anos, sendo este crime ocupando ao menos 1/3 das violências cometidos contra elas.
“Em 2022, entre as vítimas de zero a nove anos, a violência mais frequente foi a negligência, com 37,9% dos casos, seguido de violência sexual com 30,4%. Na faixa etária de 10 a 14 anos a violência sexual se torna prevalente – tal violação foi apontada em 49,6% dos registros no Sinan”, traz o relatório.
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Outros dados alarmantes deste último relatório mostram um aumento vertiginoso nos registros de violência sexual, principalmente na faixa etária entre 5 e 14 anos entre meninos e meninas, atingindo mais de 20 mil casos – 5 mil a mais em comparação a 2021. Em comparação aos homens, as mulheres foram as principais (86,7%) vítimas de violência sexual.
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O documento reflete, ainda, outra camada da violência sexual contra crianças e adolescentes: a de que a maioria de seus algozes são familiares ou pessoas próximas.
“Se tivéssemos que descrever o que é ser uma mulher no Brasil, poderíamos dizer que na primeira infância é a negligência a forma mais frequente de violência, cujos principais autores são pais e mães, na mesma proporção. A partir dos 10 até os 14 anos, essas meninas são vitimadas principalmente por formas de violência sexual, com homens que ocupam as funções de pai e padrasto como principais algozes”, conclui o documento.