Por Antonio Vergueiro* –
Eu guardo em mim, dois corações, um que é do mar, um das paixões, um canto doce, um cheiro de temporal, eu guardo em mim, um Deus, um louco, um santo, um bem, um mal (Dorival Caymmi).
Nada copia tão bem o que chamamos de vida do que o mar.
Imponente, poderoso, mágico e variado. Nunca haverá uma onda como outra, Nunca! Assim como, obviamente, nunca haverá um minuto igual.
Em um minuto, o mar está calmo, uma marola mansa. Nada o impede de, no minuto seguinte, se agitar, com ondas, correntezas diversas.
Tomamos caldos, “embrulhões”, somos jogados na areia. O mar nem se esforça para nos mostrar quem manda. A vida também não.
Em breve, a calmaria volta, para que não nos esqueçamos de como é bom boiar.
Fui ensinado a respeitar o mar, desfrutá-lo, porém sem nunca esquecer do seu poder sobre nós. A vida, é igual…
Fui ensinado a ter medo do mar. Não um medo que me impeça de curti-lo, apenas um medo que me faça ter cuidado para não dar um passo maior que a perna, ou, no caso, nadar até onde não consiga voltar.
Na vida, é igual… Devemos respeitá-la.
Ingenuidade a nossa, meros mortais, nada perto do tudo, achar que temos controle sobre a vida. Ela é quem manda, dita as regras, Nós, os discípulos, obedecemos e, aos poucos, aprendemos a jogar seu jogo.
Alguns ficam bons nele, outros, coitados, apanham e apanham muito. Mas o bom lutador não é aquele que sabe bater e sim aquele que aguenta os socos e se mantém de pé.
Antonio Vergueiro tem 15 anos e já sabe, como Dorival Caymmi, guardar em si dois corações, o do mar e o da vida.