Você ouviu esse livro?

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E a coluna “A César o que é de Cícero”, do doutor em Literatura Cícero César Sotero Batista, ajuda a vender o novo livro de Bob Dylan. Sim, livro, pois a despeito daqueles que andaram criticando o fato de Robert Zimmerman ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, o grande músico, de acordo com o nosso César, sabe escrever e muito bem.

Agora, César, só para deixar você com um pulguinha atrás da orelha (uma não, quatro grandes pulgas) o jornalista, ex-ministro da Comunicação de Lula, Franklin Martins, editou quatro maravilhosos livros com resenhas sobre a música popular brasileira contando a história da república.




São quatro grandes volumes que vão do império até 2002, com o comunicador tendo pesquisado mais de cinco mil músicas brasileiras que versam sobre a nossa tão confusa política, traz uma preciosa resenha de cvada uma. A obra é “Quem foi que Inventou o Brasil?”. O valor dos quatro volumes? a metade do preço do livro do Dylan. Mas, certamente, tanto o livro de Dylan como o de Frank Martins merecem o valor de capa, embora nem sempre possamos pagar.

Chega de invadir o seu texto, César, pois como disse o próprio Dylan: “Às vezes você quer apenas fazer as coisas do seu jeito, quer ver por si mesmo o que está por trás da cortina de névoa” (Washington Araújo)

“De uns dias para cá, tenho acessado o YouTube para ouvir as canções que o senhor Robert Zimmerman (Bob Dylan) menciona em seu extraordinário “A filosofia da música moderna” (Cia das Letras, 2023). Eu chiei muito, mas muito mais que LP arranhado de 78 RPM do Ritchie (aquele da “Menina Veneno”), quando soube do preço do livro. Está lá nas alturas – mais de 200 reais pelo livro físico não é para qualquer um, mesmo sabendo que o material, vindo de quem vem, é quase garantia de ser bom. Para não ficar chupando dedo ou me lamentando, eu comprei a versão Kindle – dispositivo que não passa de PDF melhorado, como se sabe, mas com um preço mais em conta.

Só que o lance é melhor do que um bom Bob Dylan. O lance não é de brincadeira. É bom que se aprenda a escrever sobre canções e letras de canções com a sapiência do senhor Zimmerman. Às vezes a canção é melhor que o texto; às vezes o texto à primeira vista ou audição é melhor do que a canção. Mas que é uma trip down to L´America, é.

Nós temos “O gabinete do doutor Blanc” (Mórula, 2016), livrinho em que Aldir Blanc resenha álbuns de jazz e romances policiais. Olha, ouça: é um livro que merecia uma atenção maior, são resenhas de quem entende do riscado/recado. Eu o leio sempre que estou ficando cansado da p* da vida, isto é, no mínimo duas vezes por ano. Assim recupero o meu humor a partir de doses generosas da prosa do Blanc Velho.

Acho que Caetano Veloso poderia fazer um projeto grande assim tal qual Bob Dylan. Seria tão bom ouvir o que o compositor baiano tem a dizer sobre inúmeras canções brasileiras, quem sabe internacionais. O Brasil tem uma música enorme de boa, e não prescinde das influências externas.

Aliás, foi por causa do CV que comprei os DVDs do “No Direction Home” (Dir. Martin Scorcese, 2005), aquele dos anos fundamentais do Dylan, da juventude até 1969.

Divago: seria um acontecimento, até para compararmos estilos de prosa. Um mulato de Santo Amaro, Bahia. Um judeu de Dulluh, Minnesota.

Como eu disse, de uns dias para cá, tenho acessado o YouTube para ouvir as canções que o senhor Robert Zimmerman menciona em seu extraordinário “A filosofia da música moderna”. Não é raro encontrar a seguinte postagem: “Estou aqui por causa do livro do Dylan”, seguido de um comentário sobre a surpreendente qualidade da canção, no caso desta ser desconhecida até aquele momento.

Outras vezes, a canção é condutora de memórias (música é perfume, é bolinho de laranja.), e o sujeito se pega nas nuvens.

A gente, na época do wireless, consegue encontrar as canções com relativa facilidade no YouTube. Mas é difícil se apropriar delas assim de súbito. É preciso, para tanto, audição, escuta de anos a fio, é preciso a paciência da aranha.”

Sobre o autor

Radicado em Nilópolis, município do Rio de Janeiro, Cícero César Sotero Batista é doutor, mestre e especialista na área da literatura. É casado com Layla Warrak, com quem tem dois filhos, o Francisco e a Cecília, a quem se dedica em tempo integral e um pouco mais, se algum dos dois cair da/e cama.

Ou seja, Cícero César é professor, escritor e pai de dois, não exatamente nessa ordem. É autor do petisco Cartas para Francisco: uma cartografia dos afetos (Kazuá, 2019) e está preparando um livro sobre as letras e as crônicas que Aldir Blanc produziu na década de 1970.

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