Você sabe como Mussolini chegou ao poder na Itália?

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Por Lúcia Helena Issa, publicado em Brasil 247 – 

É assustador. Já são pelo menos 15 os casos de ataques físicos gravíssimos ou assassinato cometidos por bolsonaristas em poucos dias.

Um dos ataques, a facadas e dentro de um bar, levou à morte um mestre capoerista em Salvador depois de apenas relatar que havia votado em Fernando Haddad.




Você sabe como Mussolini chegou ao poder na Itália?

Morei em Roma durante seis anos, de onde colaborei como jornalista com vários jornais do Brasil, e durante esses anos, tentei entender o ódio que tomou conta dos jovens italianos nas décadas de 30 e 40 e como ele foi sendo alimentado por grupos poderosos e invisíveis até então, legitimando agressões contra todos os que pensassem de forma diferente, contra os jovens de esquerda, contra mulheres mais independentes, contra trabalhadores rurais, etc, dando origem ao fascismo.

As milícias fascistas eram chamadas por Mussolini de “fascio”, uma espécie de feixe com vários gravetos de madeira que, juntos, podem fazer uma fogueira, segundo uma das metáforas usadas na época. O movimento dos “fascio” passou a ganhar força quando a Milizia Volontaria per La Sicurezza passou a agredir as pessoas em passeatas.

Os agressores que levaram Mussolini ao poder eram chamados de Camicie Nere, Camisas Negras, em homenagem aos “arditi”, que usavam uniformes negros, e agiam em nome do anticomunismo, do antipacifismo e do “nacionalismo. Eles atacavam mulheres, jovens, espancavam grevistas, intelectuais críticos ao fascismo, membros das ligas camponesas e de qualquer grupo que pensasse de forma diferente dos fascistas.

Poucas pessoas sabem que bem antes da II Guerra, os “fascios” foram responsáveis pelo assassinato de 600 italianos, enquanto a polícia italiana se omitia ou se recusava a fazer algo. Essas milícias, no início, usavam porretes e chicotes ao invés de armas, pois seu objetivo era humilhar seus inimigos e não matá-los. Mas em poucos meses, surgiram as primeiras mortes. Os bolsonaristas que hoje matam seguem a mesma trajetória. Os

Camicie Nere queriam impedir as pessoas de circularem livremente pelo território italiano e de expressarem apoio à esquerda italiana.

Os bolsonaristas também.

Os seguidotes de Mussolini odiavam sobretudo os trabalhadores rurais, os jovens de esquerda, os “comunistas” e os membros das Ligas Camponesas.

Os de Bolsonaro também.

Os fascistas italianos tiveram o apoio de militares italianos e, o silêncio de Mussolini, depois transformado em apoio.

Os bolsonaristas que assassinaram o mestre capoeirista na Bahia contam agora com o silêncio imoral de Jair Bolsonaro.

Hoje sabemos como terminou o fascismo italiano e o apoio dos mussolianos a um homem que destruiu a Itália de todas as formas, inclusive economicamente.

Quem não conhece a história nos condenará a repeti-la?

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