Voltando em Paz: entenda a logística de repatriação de brasileiros de Israel

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Operação realizada pelo Governo Federal envolve diversas ações que vêm sendo feitas desde o sábado, quando teve início o conflito no Oriente Médio e foi criado um gabinete de crise

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Publicado em 11/10/2023 13h36 Atualizado em 14/10/2023 15h31

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Chegada dos primeiros brasileiros ao Brasil, nesta quarta. Operação articulada entre várias áreas do Governo Federal. Foto: João Risi / Audiovisual / PR

Criação de um gabinete de crise desde sábado, 7 de outubro, assim que foi confirmado o início da escalada de violência do Hamas contra Israel. Estudo de mapas de condições climáticas e das possíveis ações de logística para aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). Acionamento de embaixadas e consulados do Brasil em toda a região. Criação de formulário online para identificação de brasileiros em Israel, Gaza e na Cisjordânia que tenham intenção de ser repatriados. Determinação de prioridade para definir quem embarcaria primeiro. Designação de equipes de tripulação e de suporte à saúde física e mental dos brasileiros envolvidos. Definição de planos de voo. Articulação com governos de Israel, Egito e Líbano para imaginar possibilidades de corredores humanitários e possibilidades de resgate de brasileiros em Gaza. Articulação para confirmar e apurar possíveis vítimas brasileiras decorrentes do conflito. Realização dos primeiros voos. 

A lista é ampla e demonstra a complexidade da operação que vem sendo conduzida pelo Governo Federal, por meio do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e da FAB desde o início do conflito entre Israel e o Hamas. Para que o primeiro avião KC-30 com 211 brasileiros aterrissasse na Base Aérea de Brasília nesta quarta-feira, dia 11, uma série de medidas, decisões e articulações foram necessárias pelo Governo Federal.

Entenda com mais detalhes:

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES

O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada em Tel Aviv e no Cairo, bem como do Escritório de Representação em Ramala, acompanha a situação dos viajantes e das comunidades brasileiras em Israel e na Palestina.

  1. Criação de um gabinete de crise desde sábado, dia 7.
  2. Criação de formulário on-line para colher os dados de brasileiros interessados em ser repatriados diante do momento de crise e para identificar outras necessidades de brasileiros que vivem na região e não pretendem sair.
  3. Até esta quarta pela manhã, 2.723 brasileiros manifestaram interesse em sua repatriação, a maioria dos quais turistas, hospedados em Tel Aviv e Jerusalém. A intenção é manter as operações até que todos sejam atendidos.
  4. A Embaixada em Tel Aviv monitora a situação dos brasileiros, especialmente nas áreas de conflito, buscando informações junto às autoridades israelenses sobre brasileiros desaparecidos.
  5. Embaixada também prestou solidariedade, em nome do Governo brasileiro, às famílias dos jovens brasileiros mortos em decorrência dos ataques.
  6. Definição de prioridades: residentes no Brasil e, dentre estes, pessoas com deficiência, idosos, grávidas e grupos com menores de idade.
  7. Garantia de transporte dos passageiros desde Jerusalém e de Tel Aviv ao aeroporto Ben-Gurion.
  8. Providência de documentação de viagem aos passageiros que necessitavam, além de registro consular de nascimento aos filhos de brasileiros nascidos no exterior, que ainda não tenham sido registrados.
  9. O Escritório em Ramala, igualmente, monitora a situação dos brasileiros na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. As condições de retirada nessas regiões, contudo, apresentam desafios adicionais porque as fronteiras estão fechadas e bombardeadas. O Escritório e a Embaixada do Brasil no Cairo estão trabalhando de forma coordenada, com vistas a viabilizar a evacuação dos nacionais na Faixa de Gaza, com os quais têm mantido contato constante.
  10. O esforço é feito em meio a cenário de risco e de grave insegurança, que afeta, inclusive, os funcionários da Embaixada e do Escritório e suas famílias, que recorrentemente devem, atendendo a recomendações locais, abrigar-se em locais seguros durante bombardeios.
  11. O Escritório de Ramala mantém contato com representantes dos cerca de 30 cidadãos brasileiros que vivem na Faixa de Gaza e desejam a repatriação.
  12. Interação com representantes da Autoridade Palestina para apurar se há, de fato, brasileiros entre os reféns. Até agora não há uma confirmação.
  13. O Governo brasileiro montou no Itamaraty estrutura para o acompanhamento da situação dos brasileiros na região. Os plantões consulares da Embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510), com “WhatsApp“, permanecem em funcionamento para atender nacionais em situação de emergência. O plantão consular geral do Itamaraty também pode ser contatado por meio do telefone +55 (61) 98260-0610.
  14. O Governo Brasileiro foi procurado por outras nações sul-americanas em busca de auxílio na repatriação de cidadãos de países vizinhos ao Brasil. O Brasil informou que pretende auxiliar, mas que a prioridade será atender os cidadãos brasileiros.
  15.  Parceria com Ministério da Agricultura do Brasil e com instituições similares em Israel para garantir uma mediação ágil que permita que animais de estimação dos brasileiros pudessem ser transportados nos voos de repatriação.

MINISTÉRIO DA DEFESA / FORÇA AÉREA BRASILEIRA

  1. Designação de quatro aeronaves para atuar no processo de repatriação. Duas KC-30 (Airbus A330-200), cada uma com 210 lugares, e duas KC-390 Millennium, cada uma com 60 lugares.
  2. Definição de planos de voos e de condições da logística e de meteorologia para garantir pelo menos uma decolagem diária de Israel com brasileiros desde o dia 10 de outubro.
  3. Já decolaram duas aeronaves KC-30 desde Israel. A primeira, com 211 passageiros, chegou a Brasília nesta quarta-feira, dia 11. A segunda decolou no início da noite desta quarta (horário de Israel) com 214 passageiros, além de quatro animais de estimação (um cachorro e três gatos). O voo seguiu com direção à Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro.
  4. Definição de equipe de tripulação e de acompanhamento de saúde, com médicos, enfermeiros e psicólogos.
  5. Intensa integração com o Ministério das Relações Exteriores para definir as listas de passageiros com base em prioridades.
  6. Estimativa de serem realizados pelo menos cinco viagens com brasileiros até o fim de semana.

CONSELHO DE SEGURANÇA

  1. O Brasil assumiu a Presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) em outubro e convocou reunião do conselho para condenar as ações violentas do Hamas contra Israel e tentar criar condições para que os lados cheguem no mais breve período possível a uma possibilidade de cessar fogo e a uma solução negociada para o conflito.
  2. O país ocupa uma das dez vagas para membros não permanentes, em um mandato que irá até o fim deste ano. É a segunda vez no atual biênio que o Brasil ocupa a Presidência temporária do Conselho – a primeira ocorreu em julho de 2022.
  3. O país também é um dos maiores participantes entre os membros não permanentes do CSNU, atrás apenas do Japão. Desde a criação do órgão, em 1948, esse é o 11º mandato brasileiro.
  4. Presidente Lula: “O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU. Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados“, destacou.
  5. Apelo em defesa das crianças palestinas e israelenses — o presidente Lula fez uma declaração em suas redes sociais nesta quarta-feira pedindo pela criação de um corredor humanitário para que crianças fossem preservadas. “É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra. É urgente uma intervenção humanitária internacional. É urgente um cessar fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas“.

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