Wajngarten mentiu que sabia sobre escritórios de advocacia em negociação com Pfizer

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Compartilhado de Jornal GGN – 

“Laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando na negociação”, disse à Veja. “Desconheço, desconheço, senador”, disse à CPI da Covid

Fabio Wajngarten na CPI da Covid – Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

Jornal GGN – O ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten, não somente mentiu ao afirmar que nunca disse ter visto “incompetência” do Ministério da Saúde em entrevista à Veja, como também mentiu na CPI que tinha conhecimento sobre o envolvimento de escritórios de advocacia nas negociações com a Pfizer para a aquisição da vacina.

Ainda durante as duas primeiras horas de depoimento, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), questionou Wajngarten sobre os escritórios de advocacia que mencionou em entrevista à revista.




“Vossa senhoria afirmou que as negociações com a Pfizer foram apoiadas por 5 escritórios de advocacia. Segundo apurações preliminares feitas pela equipe desta Comissão Parlamentar de Inquérito, no início eram 3 os escritórios que apoiavam a Pfizer do Brasil. Ao tomar conhecimento, o presidente Jair Bolsonaro teria intervido no sentido de que as negociações fossem feitas exclusivamente com a Pfizer da América Latina. Tal intervenção teria ensejado o envolvimento de dois outros escritórios de advocacia. Quais foram os escritórios que atuaram nas negociações com a Pfizer no Brasil?”, perguntou Renan.

“Desconheço. Desconheço, senador”, foi a resposta do ex-secretário.

O senador insistiu, então, em esclarecer o episódio do qual havia indicado conhecimento ao dar entrevista ao veículo de comunicação. “Como se deu a sua atuação?”, perguntou Renan. “Com relação ao episódio da Pfizer?”, questionou Wajngarten. “Sim”, confirmou o parlamentar.

E o então chefe da Secom tergiversou, uma vez mais, a resposta e omitiu detalhes sobre o envolvimento dos escritórios de advocacia:

“Ao tomar conhecimento no dia 12 de setembro que havia enviado uma carta aos seis destinatários da carta, um dono de veículo de comunicação me disse ‘Fabio, tem uma carta e ninguém respondeu’, a carta não chegou a mim ou se perdeu. Eu imediatamente mandei um email e telefonei pro Headquarter, para a sede da Pfizer em Nova Iorque, não consegui contato, e 15 minutos depois, ou meia hora depois, devolveram o email para mim, pediram o telefone, passei o meu telefone. E o CEO da Pfizer brasileiro, Carlos Murilo, me telefonou. Assim origina-se a minha entrada no caso Pfizer.”

Sem obter a resposta do depoente, o relator insiste em esclarecer a pergunta: “Os escritórios de advocacia representavam formalmente a frabricante da vacina?”. “Eu desconheço, senador”. “Não sabe?”, perguntou Renan. “Desconheço.”

“Vossa Senhoria confirma a intervenção do presidente da República, que aqui descrevemos”, continua o senador, tomando como base a reportagem divulgada pela Veja. “Quais seriam esses dois escritórios envolvidos após a intervenção do presidente?”.

Mas Fábio Wajngarten faz gesto de negativa. “Também não sabe?”, pergunta Renan. “Não, desconheço.”

E a negativa e omissão seguiram durante as perguntas seguintes do senador referente ao envolvimento de escritórios de advocacia na aquisição da vacina contra a Covid-19 da Pfizer para o Brasil.

À época, a farmacêutica havia divulgado o nome do escritório Pinheiro Neto como representante da Pfizer para a venda das vacinas ao país. Também foram divulgadas informações de o advogado Frederick Wassef, amigo próximo da família Bolsonaro, teria participado das negociações. Mas a Pfizer negou à época, por meio de comunicado.

Na CPI, Wajngarten afirmou que foram os rumores sobre a sua participação na negociação, como ter sido beneficiado ou remunerado com essa articulação junto à farmacêutica, que o motivaram à conceder entrevista à Veja para, segundo ele, “esclarecer” o episódio.

A revista divulgou um trecho do áudio do ex-chefe da Secom, revelando não somente que ele mentiu na CPI, sobre negar ter chamado a equipe da Saúde do governo Bolsonaro como “incompetente”, como também revela a confiança do ex-ministro ao afirmar ao veículo que 5 escritórios de advocacia participaram da negociação.

“Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando na negociação, e você tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência é 7 a 1”, traz o áudio:

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