Wanderley: golpistas vão ter de impor ditadura

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Por Miguel do Rosário, O Cafezinho – 

daJulius_3252O professor alerta: conspiradores estão brincando com fogo. Seu desafio não será apenas ganhar uma batalha parlamentar, e sim controlar 204 milhões de pessoas que não precisarão respeitar um governo ilegítimo.

Trecho do artigo de Wanderley:




“Ninguém deve obediência a governos ilegítimos a não ser por coação explícita. Precisa ficar claro aos conspiradores que não bastará uma vitória no Congresso; vão ser obrigados a encarcerar muita gente. A promessa é de um espetáculo de confissão de caráter: quem se candidata a carcereiro e quem se dispõe a ser encarcerado. Estou para ver quem se apresenta como condutor da democracia à cadeia.”

Eu diria mais: vão ter que censurar os blogs também. Só o Cafezinho está com alcance semanal de 10,5 milhões de pessoas.

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Num eventual governo golpista, o blog estaria numa situação politicamente bem mais confortável, sem o peso de ser chamado de governista ou chapa-branca por algumas de suas afinidades ideológicas.

Sim, porque adianto logo que, diante de um governo ilegítimo, usurpado via golpe, eu terei o maior prazer de fazer a denúncia diuturna de seu vício de origem: ser um governo não eleito, um governo sem legitimidade.

O que faria o governo? Censura? Prenderão todo mundo?

O caminho que estão traçando não me parece muito inteligente, porque eles ingressaram num jogo de perde-perde. Se perderem a votação em plenário, serão golpistas derrotados; se ganharem, serão golpistas vencedores.

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A DEMOCRACIA NA CADEIA

8 de dezembro de 2015

Por Wanderley Guilherme, no blog Segunda Opinião.

Quando as instituições falham, o caráter prevalece. Há quem nunca fraudou a lei por falta de oportunidade e há os que resistiram apesar dos convites das circunstâncias. Em crise, o caráter de cada um é desnudado. De vários políticos já conhecemos o material de que são feitos, uns de primeira, outros de segunda qualidade. Não há coletividade humana que escape ao vírus da safadeza. A esperança é que não se propague.

Para mim, o pedido de impedimento apresentado por conspiradores paulistas é absurdo. Prova-o a discussão dos beneficiários e associados: qual a melhor data para dar andamento? as ruas acompanharão os conjurados? Como reagirão os deputados do PMDB a uma defecção do vice-presidente? Qual o melhor acordo entre os pré-candidatos tucanos e os conspiradores do PMDB? Não há apresentação de evidências de que a presidente Dilma Rousseff tenha cometido crime de responsabilidade, única base constitucional legítima para impedi-la. Com todas as letras, dizem não ser necessário.

Se não é necessária a comprovação de crime, convém à oposição irresponsável preparar-se para o que acontecer fora do Congresso. Antes de ter início o processo, por exemplo, ou o Vice-presidente Michel Temer declara peremptoriamente que não vê razões substantivas para o impedimento ou não ficará como Vice-Presidente para assistir o final e se beneficiar dele. O destino do País não depende somente de tratativas em palacetes paulistanos, entre as quais figuraram com certeza os termos da missiva bombástica selando o acordo paulista contra a democracia. A carta de rompimento que o Vice enviou a Dilma Rousseff, repudiando antecipadamente qualquer resposta amistosa da destinatária, é uma justificativa para o oportunismo de manter-se à margem, pronto para “reunificar o País”. Duvido. O que há de reunificar o País é o respeito de boa fé a suas leis fundamentais. E estas são ofendidas quando o signatário prefere se declarar, preferencialmente, Presidente do PMDB. Ou o Vice renuncia ao mandato ou será despejado pelas ruas, que fariam bem acampando nos portões de sua residência. Pacificamente, mas com justificada razão para impedi-lo de governar, a saber: por quebra do compromisso constitucional de cumprir o mandato de acordo com as leis. E as leis condenam conspiradores.

Ninguém deve obediência a governos ilegítimos a não ser por coação explícita. Precisa ficar claro aos conspiradores que não bastará uma vitória no Congresso; vão ser obrigados a encarcerar muita gente. A promessa é de um espetáculo de confissão de caráter: quem se candidata a carcereiro e quem se dispõe a ser encarcerado. Estou para ver quem se apresenta como condutor da democracia à cadeia.

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Últimas palavras

Ficou difícil o retorno do Vice-Presidente à condição de não decorativo: ou invade o Executivo, a mando usurpador de um Congresso tucaneado, ou se demite. Vice-presidente não será mais.

Ilustração: Juliano Guilherme (pintura à óleo).

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