Xadrez do golpe de Bolsonaro em andamento, por Luis Nassif

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E o Exército nada sabe e nada diz. Se o Exército quiser mais informações, poderá consultar uma ferramenta tecnológica inédita: o Google.

Por Luis Nassif, compartilhado de seu Blog




Na TV GGN 20 horas de ontem – “A indústria de armas e o golpe de Bolsonaro” -. ficou nítido o grande desafio nacional: desmontar o esquema bélico montado por Bolsonaro desde que assumiu o poder, com o inacreditável beneplácito do Exército.

O entrevistado foi Luiz Eduardo Soares, um dos grandes especialistas em crime organizado no país.

Reportagem da BBC Brasil, mostrou um aumento de 33% na importação de armas em 2021, em relação a 2020. Não apenas isso. A importação de revólveres e pistolas aumentou 12% – 119.147 contra 105.912 de 2020. Já fuzis, carabinas, metralhadoras e submetralhadoras tiveram aumento de 574%: 8.160 armas contra 1.211 de 2020.

O Exército – a quem caberia o controle dos armamentos – respondeu à reportagem não ter estudos sobre as causas do aumento. E garantiu que vem fazendo o rastreio e controle de armas e munições, “de acordo com a legislação”. Ora, Bolsonaro mudou a legislação – em iniciativa sancionada pelo então Ministro da Justiça Sérgio Moro -, praticamente acabando com o rastreamento. Significa que se, amanhã, algum soldado ou policial for assassinato por um miliciano, não haverá condições de saber por onde entraram as munições.

A importação de armas e munições deveria ser controlada pelo Comando Logístico do Exército Brasileiro, através da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados. Teoricamente, deveria envolver procedimentos antes do embarque  (emissão do Certificado Internacional de Importação (CII). Depois, a conferência física da mercadoria e, finalmente o desembaraço, a emissão da Guia de Tráfego, para o material ser transportado até o armazém do importador.

E o Exército nada sabe e nada diz. 

Se o Exército quiser mais informações, poderá consultar uma ferramenta tecnológica inédita: o Google.

Veria, por exemplo, que um traficante de armas, chamado de Bala 40, valeu-se de registros de colecionador para adquirir armas e munições à maior facção criminosa do Rio de Janeiro.

Desde o primeiro mês do governo Bolsonaro, o GGN vem denunciando a montagem dessas milícias armadas – e que, certamente, serão ameaças reais no período eleitoral, especialmente entre as eleições e a posse, se Bolsonaro for derrotado.

Confira a impressionante soma de indícios mostrando a montagem dessa organização – e a covardia das instituições em combater esse avanço.

16.01 2019

Mal começava o governo Bolsonaro, denunciamos suas ligações com a indústria de armas.

Xadrez da indústria de armas e o financiamento da direita, por Luis Nassif

O jogo da indústria de segurança com o esquema Bolsonaro ficou nítido no primeiro dia após as eleições, quando o governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e o segundo filho, Carlos Bolsonaro, anunciaram ida imediata a Israel para negociar a compra de drones assassinos (https://goo.gl/tK4XfK). A indústria de segurança de Israel tem uma longa tradição de corrupção com o Brasil, iniciada com a venda de equipamentos superfaturados para o governo Quércia,

Dois twitters dos inenarráveis irmãos Bolsonaro – Eduardo e Carlos – reforçam esse tema, que tem sido pouco abordado nas análises políticas: a parceria da indústria de armas com a ultradireita mundial. E mostram como os profissionais deitaram e rolaram em torno do suposto lobby dos Bolsonaro pela Taurus, empresa brasileira. O buraco era bem mais acima.

O segundo twitter, de 17 de janeiro de 2017, mostra o estreitamento de relações de Eduardo Bolsonaro, com a influente NRA, a Associação Nacional de Rifles dos Estados Unidos, quando se preparava para a campanha eleitoral.

A Bloomberg já havia levantado essas ligações em 25.10.2018.

Brazil’s Bolsonaros Have a Shrine to the NRA (Bolsonaros do Brasil têm um santuário para a NRA)

07.05.2019

Com participação do Ministro da Justiça Sérgio Moro, é preparado decreto visando facilitar transporte e aumento da compra de munições.

Em meio à polêmica, Bolsonaro vai assinar decreto para facilitar importação e transporte de armas, por Raquel Miura, da RF1

Os críticos dizem que é mais um passo para armar a população numa visão equivocada sobre segurança pública. Os defensores afirmam que é facilitar a vida de quem é autorizado por lei a ter armas. Em meio a esse debate, o presidente Jair Bolsonaro vai assinar nesta terça-feira (7) um decreto que permite que os CACs – colecionadores, atiradores esportivos e caçadores – levem as armas, em geral de suas casas para os locais de treino, já carregadas com munição.

O porta-voz da presidência Otávio Rego Barros disse que os detalhes do texto ainda estavam sendo fechados na noite desta segunda-feira (6).

Finalizando detalhes

“Os detalhes estão sendo definidos. Foi fruto de um estudo envolvendo os ministérios da Defesa, Justiça e a Casa Civil. O decreto vai regulamentar a lei sobre registro, porte, posse e comercialização. Trata também da desburocratização, comercialização e importação. Contempla a facilitação do transporte e aumento na munição, entre outros”, afirmou Barros.

21.08.2019

Operação Requentada da Lava Jato visa desviar atenção das manobras de Bolsonaro com Receita.

Nessa coluna, mostramos como a Lava Jato lançou uma operação requentada para abafar as interferências de Bolsonaro na Receita e na Polícia Federal, na fiscalização do Porto de Itaguaí, porta de entrada do contrabando de armas no país.

“A Alfândega do Porto de Itaguaí é área de atuação das milícias. É um porto por onde saem entorpecentes com destino à Europa e entram armas no País, além de ponto de entrada de outros tipos de mercadorias ilegais, como produtos falsificados. Na atual gestão do Delegado José Alex houve ações que prejudicaram os interesses de várias quadrilhas que atuam no Porto de Itaguaí.

Portanto, a tentativa de ingerência dos Bolsonaros sobre a 7ª RF deixou bem claro que era um movimento relacionado à ligação da família com as milícias do RJ. Outro indício de sua vocação para jogadas típicas de baixo clero, uma vez que a 8ª RF (SP) seria a que naturalmente atrairia a maior cobiça, por concentrar mais de 40% da arrecadação do País, e concentrar mais de 50% do movimento de comércio exterior, com o Porto de Santos e Aeroportos de Cumbica e Viracopos”.

No fim de semana o Delegado José Alex postou em um grupo de whatsapp nacional dos Delegados da RFB o seu relato que viralizou, a despeito de seu pedido posterior de não divulgação por temer por sua segurança física. (…)

No dia de ontem (19/08) veio a informação da exoneração do Subsecretário Geral auditor fiscal João Paulo Fachada e sua substituição pelo auditor fiscal José de Assis

Xadrez do golpe de Bolsonaro a caminho, capítulo 2

Dados obtidos pelo Instituto Sou da Paz, com base na Lei de Acesso à Informação mostram:

  • os atiradores civis compraram em 2019, pela primeira vez, a mesma quantidade que as forças de segurança pública: cerca de 32 milhões de projéteis.
  • O volume comprado pelo grupo ainda superou em 143% o quantitativo de munições que o Exército informou ter adquirido (13,2 milhões) no ano passado.
  • De 2018 para 2019, as compras diretas dos atiradores subiram 17,2%, enquanto o número de projéteis adquiridos pelos órgãos de segurança pública, incluindo as secretarias de gestão prisional, caiu 14,8%.

29.05.2020

Entidade pró-Bolsonaro politiza armamentismo e lista demandas

Associação Nacional de Armas diz que “bandidos” queriam “colocar as pessoas de bem (…) de joelhos”, mas que “este tempo acabou”

“Carta às Armas, divulgada pela Associação Nacional de Armas – CAC Brasil (Caçadores Atiradores Colecionadores), onde dizem ter vivido “tempos de execração pública, perseguições, perda de direitos, criação de hordas de usurpadores de bens públicos e privados” no período pré-Bolsonaro.

“Sentimos no nosso passado recente, a ameaça à nossa democracia, aos nossos valores fundamentais e à própria vida, através da aplicação da vontade de alguns e da implementação de um regime opressor e bandido. Foram desrespeitadas a vontade popular e a propriedade, através do malfadado Estatuto do Desarmamento”, diz a carta, que ganha contornos mais ameaçadores em seu decorrer.

“A intenção dos bandidos da nação era colocar as pessoas de bem, corretas e contrárias às vontades deles, de joelhos diante de bandidos e do próprio estado, fazendo com que o cidadão que não entregasse suas armas e não fosse cadastrado, se encontrasse na situação de crime continuado e flagrante delito possuindo arma em sua posse.

13.06.2020

Ronnie Lessa, o vizinho de Bolsonaro suspeito de matar Marielle, é indiciado por tráfico de armas

Segundo informações da Agência Brasil, a Delegacia Especializada registrou o esquema ilegal para importar armas.

“Lessa comprava, pela internet, peças de armas da China e enviava o produto para sua filha, nos Estados Unidos. Lá, segundo a polícia, a embalagem original era trocada e as peças eram exportadas ao Brasil como “peças de metal”, para enganar a fiscalização aeroportuária.”

Depois, já no Brasil, Lessa “juntava as peças e vendia as armas para milicianos e quadrilhas responsáveis pela comercialização de drogas em comunidades. Segundo a Polícia Civil, o esquema funcionava desde 2014.”

13.07.2020

Ronnie Lessa, o vizinho de Bolsonaro suspeito de matar Marielle, é indiciado por tráfico de armas

Segundo informações da Agência Brasil, a Delegacia Especializada registrou o esquema ilegal para importar armas.

“Lessa comprava, pela internet, peças de armas da China e enviava o produto para sua filha, nos Estados Unidos. Lá, segundo a polícia, a embalagem original era trocada e as peças eram exportadas ao Brasil como “peças de metal”, para enganar a fiscalização aeroportuária.”

Depois, já no Brasil, Lessa “juntava as peças e vendia as armas para milicianos e quadrilhas responsáveis pela comercialização de drogas em comunidades. Segundo a Polícia Civil, o esquema funcionava desde 2014.”

20.10.2020

Aqui, mostramos como o bolsonarismo seguiu o trumpismo e montou alianças com a contravenção internacional

Xadrez de como o pacto ultraliberal deixou o Brasil exposto ao trumpismo

Os principais financiadores da ultradireita são

  • a máfia dos cassinos;
  • indústrias do lixo;
  • indústrias das armas, liderada pela NRA (National Rifle Association);
  • indústria da mineração e do petróleo.

17.02.2021

Xadrez da conspiração óbvia

Suas ações mais conhecidas, em defesa das milícias, foram:

  • o decreto buscando impedir o rastreamento das munições, peça central para a identificação de crimes cometidos com armas legais ou clandestinas;
  • o afastamento do superintendente geral da Polícia Federal no Rio de Janeiro e de fiscais que atuavam no porto de Itaguaí – porta de entrada do contrabando de armas no país;
  • a flexibilização da compra e importação de armas, assim como o aumento da quantidade, abre espaço para um laranjal articulado pelo crime organizado, que poderá trazer armas de forma muito mais segura do que pelos esquemas de contrabando.

05.06.2021

Previmos a tentativa de golpe de Bolsonaro que, de fato, ocorreu no dia 7 de Setembro. O fracasso do golpe fez com que recuasse para rever a estratégia.

Xadrez do momento mais decisivo da história

1. Entrada descontrolada de armamentos beneficiando dois setores formais e um setor criminoso ligados a Bolsonaro: ruralistas e clubes de tiro e caça, e as milícias propriamente ditas. (…)

2. Cooptação das bases das polícias militares. (…)

3. As benesses aos militares, escancarando os cargos na administração civil para militares da ativa e da reserva, ampliando suas verbas e benefícios funcionais.(…)

4. Fortalecimento das bases evangélicas, com a atuação pertinaz da Ministra Damares destruindo políticas de saúde e de inclusão para transferir poder a asilos e escolas especiais dominadas pelo neopentecostalismo.

5. Manutenção dos laços de parceria com a ultradireita mundial através do Itamarati. Tirou-se um Ministro das Relações Exteriores trapalhão, mas não alterou a orientação do Itamarati.

18.07.2021

Mulher de Ronnie Lessa é presa por tráfico internacional de armas

Além de terem sido alvo de mandados de prisão, Lessa a e Elaine viraram réus pelo crime de tráfico internacional de armas de uso restrito. As investigações começaram em 2017, quando a Receita Federal encontrou no Aeroporto do Galeão uma carga de 16 quebra-chamas para fuzil AR-15, que vieram de Hong Kong.

O material seria enviado para a academia em que Ronnie e Elaine eram sócios, na comunidade de Rio das Pedras. Investigação do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Federal (Gaeco/MPF) e a PF descobriram que Lessa e a mulher estavam por trás da importação.

25.01.2022

Governo zera o imposto de importação de armas.

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