Por René Ruschel, jornalista
Nesta terça-feira, 3, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou em vídeo que deixou o Brasil. Alegou necessidade de “tratamento médico”.
Declarou que pedirá licença do mandato parlamentar. Fez a mesma rota do colega Eduardo Bolsonaro. Inclusive citou-o na mensagem. Lembrou que “foi isso que [ele] fez”. Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Tornou-se símbolo de um bolsonarismo que armado ruge alto, mas que recua quando confrontado pela lei. Foi ela que sacou uma pistola para ameaçar um jovem negro, desarmado, às vésperas da eleição de 2022, mas agora se esconde atrás de um “tratamento médico”. A valentia, ao que parece, tem página de validade.
Eduardo Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos. O mesmo deputado que, no auge da arrogância autoritária declarou que bastava “um cabo e um soldado para fechar o STF”. O ex-capitão Jair Bolsonaro já avisou que, se condenado, “vai morrer na cadeia”.
Diante desse cenário de covardia em série, o contraste com Luiz Inácio Lula da Silva se impõe como um marco. Condenado em um processo repleto de irregularidades, Lula não fugiu.
Não pediu asilo. Cumpriu a ordem judicial e se entregou à Polícia Federal. Passou 580 dias preso. Recusou a liberdade por não aceitar o uso de uma tornozeleira eletrônica. Sofreu, mas resistiu.
Apoiar, gostar, criticar ou votar em Lula é uma escolha política. Mas quem analisa os fatos de forma isenta, com honestidade, reconhecer sua coragem, como neste caso, é inevitável.
Em tempos de valentões em redes sociais, Lula representa uma das poucas exceções. Enfrentou a injustiça de cabeça erguida.
Ao se verem diante da Justiça os “patriotas” verde-amarelo sempre optam pela fuga. São valentes só nas redes sociais. A história sempre soube distinguir os corajosos dos covardes.
Imagem: Revista Forum
