Recebido por um coro coletivo que o aclamou como guerreiro do povo brasileiro, Zé Dirceu foi ovacionado por cerca de 1,5 mil militantes no ato de lançamento da candidatura à reeleição do deputado federal Wadih Damous (PT/RJ), ontem à noite (3/9), no Circo Voador, Rio de Janeiro. O apoio a Damous foi contundente: “Ele é imprescindível. Ele mais do que merece. Nós somos devedores com ele. Temos de reconduzi-lo à Câmara dos Deputados”, afirmou.
A composição da mesa, além de Dirceu e Damous, contou com a participação de Jessy Santos, vice-presidenta da UNE, Lígia Deslandes, presidenta do Sitramico, Márcia Tiburi, candidata a governadora e Lindbergh Farias, candidato à reeleição ao Senado.
O evento teve início com uma surpresa para o público: o já famoso trompetista brasiliense, Fabiano Leitão, subiu ao palco com seu instrumento e contagiou o coro da militância com a consagrada melodia “Olê, olê, olê, olá, Lula! Lula!”
A representante do movimento sindical, Ligia Deslandes, rememorou a farsa do chamado julgamento do mensalão, que condenou sem provas, sob a chamada teoria do domínio do fato, a Zé Dirceu, Delubio Soares, Henrique Pizzolato e José Genoíno. Já naquela ocasião, disse a dirigente sindical, “Wadih foi um baluarte na defesa do Estado de Direito e da Democracia, contra o punitivismo judicial, as fraudes e as mentiras”, afirmou.
Jessy Santos, representante da UNE, disse que é muito simbólico uma candidatura ter o apoio de Zé Dirceu. “Isso por si só diz muito sobre quem é Wadih Damous. Ele teve a coragem de enfrentar um dos piores setores do Estado brasileiro que é o Judiciário.”
A candidata ao governo do Rio de Janeiro, Márcia Tiburi, ressaltou que Wadih tem sido um figura muito importante na defesa do presidente Lula. “Ele é um elo. É quem traz as mensagens do presidente e leva nossas cartas para ele. É também um elo afetivo, amoroso, com o presidente. Eu queria muito te agradecer por esta parte, Wadih”, disse.
“Estou de volta”
Dirceu agradeceu a militância petista e foi além: “A militância de esquerda é muito generosa comigo. Mais do que eu mereço. Mas a verdade é que eu estou aqui de volta”, celebrou.
Segundo ele, a elite do país é insensível ao sofrimento do povo e não quer negociar. “Tomaram o poder pela força e promovem a maior regressão social. Existe um impasse no país e nós queremos uma solução, nas urnas. Mas eles não querem.”
Dirceu considera que a elite quer o país para eles. “No país deles o Brasil é uma subagência dos Estados Unidos. Eles estão fazendo uma regressão que rasga o pacto político de 88.”
Ele acredita que mesmo se as elites banirem o Lula da vida política do país, serão derrotados assim mesmo, numa alusão a uma eventual substituição do ex-presidente por Fernando Haddad. Mas alerta que ter minoria no Congresso Nacional é um desafio que terá de ser enfrentado com o povo organizado nas ruas.
Dirceu relembrou que conheceu Damous quando ele ainda era presidente da OAB/RJ. “Ele já era um defensor das liberdades e garantias individuais, defensor dos direitos humanos. Lutava contra as milícias e o crime organizado e pela prevalência da Constituição. Depois, na condição de deputado, Wadih esteve na primeira linha da trincheira de defesa da presidenta Dilma e depois do Lula.”
“Ao combate”
“Estou me apresentando para o combate”, disse Damous referindo-se à sua candidatura à reeleição. Para ele, não basta apenas ganhar as eleições. Será necessário um governo de novo tipo. “Nós sabemos de que laia é o Congresso Nacional. O presidente vai ter de se dirigir direto ao povo.”
“O parlamentar do campo progressista não pode deixar de lutar e assumir o compromisso de revogar a reforma trabalhista. Tem de assumir o compromisso de lutar contra os abusos do sistema de justiça fascista. Tem de esquecer os minutos de glória no Jornal Nacional e assumir o compromisso de regulação da mídia. A existência da Rede Globo é incompatível com a democracia. Ou é democracia ou é rede globo”, pontuou.
Damous destacou a importância da candidatura de Márcia Tiburi ao governo do Estado do Rio de Janeiro. “A Márcia é a novidade dessa eleição. Ela é a única mulher dessa eleição, é o contraponto do machismo. É a candidata que o presidente Lula lançou pelo Partido dos Trabalhadores.”
Sobre Dirceu, o deputado declarou que não o conhecia. “Ele era o dirigente partidário que eu muito admirava, mas nunca tinha chegado perto dele. Quando aconteceu a tentativa de golpe, perpetrada lá no STF, que se chamou de mensalão, eu comecei a ver os germes do que depois seria a lava jato. Comecei a ver os sinais de que o poder Judiciário brasileiro estava começando a construir o Estado de Exceção, condenando pessoas sem prova.”
“Eu me senti na obrigação de começar a denunciar o que se passava no STF. Daí veio o meu conhecimento pessoal com esse grande dirigente, esse grande brasileiro que é o Zé Dirceu. E hoje tenho a honra de ser seu amigo. É uma honra muito grande. Mas não basta ele estar solto, não basta. Ele tem de estar aqui conosco. Zé Dirceu pertence a nós, pertence à militância do Partido dos Trabalhadores, pertence ao povo brasileiro”, concluiu.