NETO DE QUEM?
Tancredo Neves foi ministro da Justiça do presidente Getúlio Vargas e um de seus maiores apoiadores. Em momento algum, ficou contra Vargas, pelo que sabemos hoje. Foi primeiro-ministro no breve sistema parlamentarista que tivemos, dando sua contribuição para o retorno à legalidade. No tempo da ditadura, recusou-se a participar da falsa oposição lambe-botas do regime militar. Enfim, era um democrata.
Aécio Neves é neto dele, mas as posições que vem assumindo, no afã de chegar ao poder de qualquer maneira, me lembra outro personagem de nossa história política, Carlos Lacerda. Tancredo e Lacerda não se bicavam.
Lacerda certa vez escreveu em seu jornal, Tribuna da Imprensa: “O Sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”.
Substitua o nome de Getúlio pelo de Dilma Rousseff. Que surpresa, hein?
A “revolução” que Lacerda vivia pedindo, e conspirando para que acontecesse, ainda demorou 10 anos para acontecer, mas durou 21 anos. Lacerda, quando foi dado o golpe, achou que sua hora de brilhar havia chegado, mas não tardou a levar um chega-pra-lá dos milicos. Teria se arrependido a ponto de aproximar-se dos inimigos políticos do passado para encerrar o ciclo militar.
Mas a Frente Ampla não foi adiante. Juscelino e Jango pareciam interessados na aliança. Brizola nem cogitou da possibilidade.
Lacerda, Jango e Juscelino morreram num espaço curtíssimo e ainda tem gente que acredita em coincidências. Um bom filme para entender isso tudo é “Dossiê Jango”, de Sílvio Tendler.
