17 motivos para esquecer 2017

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Fome, falta de remédios e descaso com o meio ambiente estão entre as razões para termos vergonha alheia do ano

Listamos 17 motivos no #Colabora para achar que 2017 já vai tarde. Juramos que estamos tentando ver também o lado positivo – e, acreditem, ele existe. Por isso, preparamos ainda uma lista com 17 razões para você querer lembrar de 2017. Por ora, vamos às piores notícias levantadas e publicadas por nós este ano:

1. Mulheres escalpeladas. Em setembro, o #Colabora reportou o drama das mulheres escalpeladas na Amazônia, que sofrem com as dores consequentes dos acidentes e com o preconceito no mercado de trabalho. Os escalpos ocorrem desde o fim da década de 60, quando o progresso levou aos ribeirinhos os barcos a motor. Ao se aproximar do motor da embarcação, mulheres e meninas têm os cabelos fisgados pelo eixo da máquina, e o couro cabeludo é bruscamente arrancado. Em alguns casos, sobrancelhas, pálpebras e orelhas também são amputadas.Estima-se que, nos últimos 40 anos, tenha havido em torno de 500 casos: uma vítima por mês.




Rio Xingu: paraíso ameaçado com planos de mineradora
Rio Xingu: paraíso ameaçado com planos de mineradora onde será maior mina de ouro a céu aberto do país

2. Belo Sun não tem nada de belo. Mais uma ameaça ronda o rio Xingu e as comunidades tradicionais que vivem na região conhecida como Volta Grande, onde já está construída a Usina Hidrelétrica Belo Monte. A empresa canadense Belo Sun Mineração já tem em mãos a licença de instalação para a maior mina de ouro a céu aberto do país. Mesmo antes de sair do papel, o projeto está envolvo em polêmicas e denúncias de compra ilegal de terras públicas e violação de direitos humanos. O #Colabora foi lá conferir e fez uma série de reportagens.

3. Gringos de farda na Amazônia. A Operação AmazonLog, exercício militar conjunto entre Brasil e Estados Unidos na floresta amazônica, provocou discórdia entre militares. Para os oficiais da reserva, a ação, realizada em novembro, foi vista como traição. A região é considerada estratégica do ponto de vista dos interesses nacionais por concentrar a maior biodiversidade do planeta e ser fonte de recursos hídricos e reservas minerais

Cirque du Soleil: cidadão fluminense é quem paga a conta/ Foto: Foto: Markus Moellenberg / Divulgação
Cirque du Soleil: cidadão fluminense é quem paga a conta/ Foto: Foto: Markus Moellenberg / Divulgação

4. O circo chegou e quem pagou a conta? Apesar de acumular dívidas com funcionários, prestadores de serviço e fornecedores, o governo do Estado do Rio aceitou abrir mão de R$ 1,6 milhão em impostos para ajudar a erguer a tenda do Cirque du Soleil, que iniciou a temporada carioca do espetáculo ‘Amaluna’ no dia 28, no Parque Olímpico.  Os ingressos do espetáculo custam até R$ 700,00.

5. Falhas na distribuição de medicamentos. Em outubro, o #Colabora anunciou que, pelo menos 13 estados declararam problemas no estoque de antirretrovirais para o tratamento de HIV/Aids. A distribuição fracionada dos remédios deixou na angústia os cerca de 830 mil pacientes que deles dependem. Justo no programa que já foi considerado referência internacional no combate ao HIV.

6. Muitas cruzes, nenhum funeral. Escondido atrás de um bambuzal, nos fundos do Cemitério São João Batista, em Botafogo, está o Cemitério dos Anjinhos, revelou nossa reportagem. Ali estão covas rasas, todas ocupadas por crianças com menos de sete anos. São milhares de cruzes e nenhum túmulo. Ser ou não ser pagão nunca foi o critério para estar enterrado lá. Ser miserável, sim. Todos os ‘anjinhos’ do cemitério morreram vítimas de doenças decorrentes da pobreza extrema: fome e desnutrição, como consta no Registro de Óbitos do São João Batista. Seus pais não tiveram dinheiro para uma sepultura oficial.

Cruz indica uma das covas rasas de crianças que não tiveram funeral/ Foto: Márcio Menasce
Cruz indica uma das covas rasas de crianças que não tiveram funeral/ Foto: Márcio Menasce

7. Racismo faz escola. Após a declaração do secretário municipal de Educação do Rio, César Benjamin, afirmando que não havia racismo nas escolas, o #Colabora foi a campo contar as histórias de discriminação na rede municipal de ensino. São casos que permanecem silenciosos, pois as vítimas não são filhas de celebridades como Taís Araújo e Bruno Gagliasso, que denunciaram o racismo e ganharam as páginas. A dor delas não sai nos jornais nem causa comoção nas redes sociais. Mas o sofrimento é sentido na pele. Literalmente. Eles não esquecem as marcas de serem chamadas de “escrava” ou “macaca”.

8. Intolerância na luta de gênero. A filósofa e professora da Universidade da Califórnia Judith Butler foi atacada antes e durante sua vinda ao Brasil, onde deu conferência no Sesc Pompeia, em São Paulo. Uma das pensadoras da Teoria Queer, segundo a qual os gêneros são socialmente construídos – ou seja, ninguém nasce “homem” ou “mulher” – , Butler despertou a raiva daquele grupo formado por três letras que a gente evita pronunciar.  O #Colabora fez uma lista com 5 razões para entender a importância de Judith Butler. 

Judith Butler: pensadora é referência sobre gênero/ Foto: UC Berkeley
Judith Butler: pensadora é referência sobre gênero/ Foto: UC Berkeley

9. Perguntas sem respostas na privatização da Eletrobras. Em agosto, o governo anunciou a privatização da Eletrobras. O #Colabora preparou uma lista com 13 perguntas sem respostas sobre o tema. A primeira questionava se o valor de R$ 20 bilhões anunciado era, de fato,  um bom negócio. Desde a sua criação, em 1954, foram investidos mais de R$ 400 bilhões – sim, isso mesmo! – na construção do  patrimônio da empresa, que inclui 47 usinas hidrelétricas, 114 térmicas, 69 eólicas e 47.000 MW de capacidade instalada.

10. A tuberculose e a morte no Brasil. O Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um dos países de maior carga da doença no mundo. São 70 mil novas ocorrências anuais e mais de 4 mil mortes por ano. Se o Rio de Janeiro é a capital da tuberculose no país, a Rocinha é o epicentro da doença: 372 casos por 100 mil habitantes, taxa 11 vezes mais alta que a média nacional e índice igual ao de Bangladesh, na Índia

11. A fome cresce num mundo obeso. O número estimado de pessoas malnutridas no mundo cresceu de 777 milhões, em 2015, para 815 milhões, em 2016. Países africanos respondem por grande parcela do aumento. Aqueles categorizados como famintos são hoje 11 % da população global. Enquanto isso, a obesidade dobrou nos últimos 30 anos. Hoje, mais de 100 milhões de crianças são obesas. O #Colabora explica por que os números são dois lados da mesma moeda.

O jovem Nyibol Lual, de 13 anos, ajuda a família a preparar a terra para a plantação. O Sudão do Sul, onde vivem, é um dos países mais afetados pela fome no mundo. Foto Albert Gonzalez Farran/AFP
O jovem Nyibol Lual, de 13 anos, ajuda a família a preparar a terra para a plantação. O Sudão do Sul, onde vivem, é um dos países mais afetados pela fome no mundo. Foto Albert Gonzalez Farran/AFP

12. Censura nas artes. A polêmica envolvendo arte e nudez no Brasil atingiu o #Colabora. Diante da histeria de grupos conservadores  contrários à exposição “Queermuseum” em São Paulo, produzimos um  vídeo que mostrava 11 quadros com nus artísticos criados por pintores famosos como Picasso, Dalí e Bosch. Dois dias depois, o Facebook decidiu retirá-lo do ar. A censura acabou inspirando o produtor cultural Lula Duffrayer a organizar a exposição “Pau na mesa”, na fábrica Bhering, para a qual fomos convidados a expor o vídeo como obra de arte.

13. Sem água. A crise hídrica da região Leste Fluminense, que já é evidente, tende a se agravar nos próximos anos:  se nada for feito, 2 milhões de pessoas podem ficar sem água em 2035 em Niterói e São Gonçalo, revelou a nossa reportagem. A situação hoje já é dramática, pois a vazão do sistema de abastecimento Imunana-Laranjal – atualmente em cerca de 6 metros cúbicos por segundo – já não atende à demanda, de cerca de 8 m3/segundo. O resultado são torneiras secas em diversas localidades.

Em seu curto mandato, Temer conseguiu levar 4 milhões de brasileiros de volta para baixo da linha de pobreza. Foto Suamy Beydoun/AGIF
Em seu curto mandato, Temer conseguiu levar 4 milhões de brasileiros de volta para baixo da linha de pobreza. Foto Suamy Beydoun/AGIF

14. 372 Dias de retrocesso. Quando o governo Temer completou um ano e uma semana no cargo, fizemos um balanço dos retrocessos sofridos na área social na gestão do presidente. Entre elas, a reforma da Previdência. As projeções feitas por especialistas no assunto mostram que a maioria dos brasileiros, pelas novas regras propostas, morrerá sem conseguir se aposentar.

15. O pior ainda está por vir. E, por falar em reformas, o juiz do Trabalho Marcel da Costa Roman Bispo escreveu um texto para o #Colabora alarmado com a reforma trabalhista, que considera inominável. “Recessão, crise econômica e desencanto geral são tratados como uma janela de oportunidade para a imposição de uma reforma trabalhista que visa apenas ao rebaixamento dos direitos sociais. Uma verdadeira volta atrás do relógio, o retorno à República Velha, com seus arranjos oligárquicos e o povo assistindo a tudo, bestializado”, escreveu.

Relatório da Petrobras mostra que , em 2014, a Guanabara servia de estacionamento para 91,38% de todas as embarcações envolvidas na exploração do pré-sal. Foto Vanderlei Almeida/AFP
Relatório da Petrobras mostra que , em 2014, a Guanabara servia de estacionamento para 91,38% de todas as embarcações envolvidas na exploração do pré-sal. Foto Vanderlei Almeida/AFP

16. Estacionamento do pré-sal. Os leilões de pré-sal foram comemorados com euforia pelo governo, mas a exploração petrolífera  adicionou uma nova e perversa ameaça ao equilíbrio da Baía de Guanabara. Sem fiscalização, o local sofre com o engarrafamento de navios de petróleo. O levantamento é da própria Petrobras. A estatal identifica a Baía  como área de maior densidade de navegação na Bacia de Santos. Ela serve de estacionamento para 91,38% de todas as embarcações envolvidas na exploração do pré-sal.

17. Aécio, decepção anunciada. Acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça, a trajetória do senador Aécio Neves foi retratada em perfilpublicado pelo #Colabora e assinado pelo biógrafo de Tancredo Neves. Um trecho aperitivo: “Ao final do verão de 1982, Aécio completara 22 anos e sua cama já estava arrumada. Estudava economia na PUC do Rio e direito na Universidade Cândido Mendes. Gostava mais de surfar e de namorar do que de estudar. Depois de um domingo de sol, Aécio dirigiu-se ao apartamento do avô, na avenida Atlântica, para o almoço em família. Na hora do licor, Tancredo virou-se para o neto e perguntou: Já não está na hora de largar esta vida boa de surfista do Rio de Janeiro e conhecer a sua terra?” Deu no que deu.

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