2024, um ano quase decisivo para um Brasil mais justo

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista, para o Bem Blogado

É hora de aproveitar o interesse natural que a Política ganha em ano de eleição para ajudar
Lula a equilibrar o jogo com os deputados e senadores chantagistas.




É comum, também na Política, dizermos que o ano entrante será decisivo. Normalmente, a
previsão guarda um pouco de exagero, potencializado pelo uso jornalístico indevido do
termo. Mas o 2024 que começa reserva sim alguns fatores que poderão influenciar os
rumos do Brasil em futuro muito próximo.

Lula fez um excelente primeiro ano de Presidência. Mesmo com a tentativa de golpe logo
em 8 de janeiro, removeu quase todo o entulho fascista que parasitava a máquina federal.

Os programas sociais foram resgatados, a relação entre Poderes civilizada, o Brasil
retornou com dignidade ao cenário internacional, os indicadores econômicos foram bons,
enfim, retomamos a normalidade que fora trocada pela selvageria e ignorância dos
fascistas.

Não vivemos o mundo ideal, mas ninguém com mais de quatro neurônios não
enxerga que avançamos.

Ocorre que é hora do salto. Continuamos sendo um País injusto com milhões de
compatriotas, que ainda clamam por cidadania ampla e mais direitos. A normalidade já foi
uma conquista, mas ela desacompanhada de uma vida melhor para pobres e miseráveis é
insuficiente.

Não nos iludamos, Lula será mais cobrado a partir de agora. E está numa
sinuca de bico, ainda não percebida nem por muitos progressistas.

As condições de governabilidade são hoje muito piores na comparação com as duas
administrações anteriores do petista. Um Parlamento ainda mais reacionário e chantagista
se apoderou de quase todas as verbas do Orçamento que não são carimbadas.

Sendo direto, é quase impossível ao Executivo implementar políticas públicas nacionais, já que o
pouco dinheiro foi tomado de assalto (em muitos casos literalmente) por parlamentares que
trafegam entre despachantes de suas comarcas e interesses pessoais ou de empresas
sugadoras do erário.


É uma situação que Lula nunca enfrentou. E o que fazer para tentar, talvez só tentar, mudar
esse sequestro de Poder que Lira e seus parças, por exemplo, praticam? Muito pouco.

Até agora, Lula tem cedido cargos, negociado pontualmente algum projeto imprescindível, mas
a cada votação importante os chantagistas pedem mais. Como eles também foram eleitos
na mesma urna que consagrou Lula, estabeleceu-se um impasse.


A velha cartilha da esquerda estabelece, com razão, que a direita reacionária só cede
quando está em maioria parlamentar diante de mobilização popular. É aí que se enxerga o
problema atual. O campo popular e suas representações não se mostraram até agora
capazes de “empurrar” as batalhas que, sozinho, Lula não pode vencer.

Muita gente na esquerda parece que se contentou apenas em derrotar Bolsonaro. Mas o governo atual,
para não frustrar milhões, tem que ser respaldado nas ruas para avançar. Fora disso, sejamos sinceros, os chantagistas estarão sempre com a faca amolada.

Muito melhor do que apontar irresponsavelmente o “conservadorismo” econômico de Haddad, por exemplo, é não deixar o ministro, Lula e nossa minoria parlamentar travarem batalhas pela tributação mais justa com apenas a “solidariedade de sofá” com que muitos se acostumaram.


O ano de 2024 tem também as eleições municipais. Se não é verdade histórica que essas
disputas definam o posterior pleito presidencial, também é um equívoco desprezar o que
estará em jogo no próximo outubro.

A extrema-direita está viva como antes, o bolsonarismo não morreu, longe disso, infelizmente. Conquistar o maior número possível de Prefeituras, especialmente a de São Paulo, é parte relevante desse enredo.

Na mais populosa e importante cidade do Brasil, Lula e Haddad venceram nos dois turnos de 2022, fato
convenientemente escondido pela mídia conservadora. Foi a reconquista de espaço fundamental. Recuperar também a Prefeitura da cidade para um projeto de esquerda dará um formidável empuxo para a corrida de 2026.


É hora de aproveitar o interesse natural que a Política ganha em ano de eleição para ajudar
Lula a equilibrar o jogo com os deputados e senadores chantagistas.

Não é de rede social que essa turma tem medo. Se a esquerda não trocar o conforto do sofá pelo grito da rua, Lula correrá perigo.

Lula pode muito, mas sozinho não pode tudo que é necessário para tornar o Brasil menos injusto.

Imagem: charge Aroeira

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