Pandemia já fez 122 mil vítimas, Amazônia, Pantanal e Cerrado ardem em chamas, gasolina está atrelada ao dólar e economia demonstra que o Brasil afunda na recessão.

O paraíso prometido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, não veio. O Brasil com 20 milhões de desempregados e mais de 34 milhões no subemprego ou dependendo do auxílio emergencial, definitivamente não é o país dos sonhos de quem votou no presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que completou 600 dias no poder.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia), o Brasil vive, oficialmente, a pior recessão de sua história. Com a pandemia do novo coronavírus e a política errática do governo Jair Bolsonaro no enfrentamento à crise econômica, o PIB (Produto Interno Bruto) despencou 9,7% no segundo trimestre de 2020 (comparado ao primeiro trimestre). O recuo chega a 11,4% na comparação com o segundo trimestre de 2019. Segundo o IBGE, essas duas taxas “foram as quedas mais intensas da série, iniciada em 1996”.




Entre os segmentos, a maior queda foi na Indústria (-12,3%), seguida por Serviços (-9,7%). A Agropecuária apresentou variação positiva de 0,4%. Entre as atividades industriais, destacam-se as quedas nas Indústrias de Transformação (-17,5%), na Construção (-5,7%), na atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-4,4%) e nas Indústrias Extrativas (-1,1%).

Nos Serviços, os resultados negativos atingiram áreas como Transporte, armazenagem e correio (-19,3%), Comércio (-13,0%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-7,6%), Informação e comunicação (-3,0%). Por outro lado, houve resultado positivo nas Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,8%) e nas Atividades imobiliárias (0,5%).

Perda de renda

Mas as más notícias não param aí. O presidente anunciou que vai reduzir o auxílio emergencial de R$ 600,00 para R$ 300,00, e com isto a tendência é que se aprofunde a recessão, pois de acordo com levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o auxílio emergencial foi a única renda para 4,4 milhões de brasileiros durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Ao todo, 30,2 milhões de domicílios, cerca de 44% de todos os lares do Brasil, foram atingidos pelo benefício. Os 4,4 milhões de cidadãos que receberam os R$ 600,00 como fonte única de renda representam 6,5% do total de residências do país. O corte proposto por Bolsonaro – que está sendo alvo de oposição no Congresso Nacional -, vai quebrar pela metade a renda dessa imensa massa de trabalhadores, com reflexos diretos na produção e no consumo.

Aumento de preços acima dos salários e da inflação

O cenário atual é de contínua perda de renda. O salário mínimo foi oficialmente reduzido em R$ 12,00 pelo presidente, que justificou o corte de R$ 1.079,00 para R$ 1.067,00 dizendo que o valor anterior estava acima da inflação. Alô? Em que país vive Bolsonaro? O arroz, que não tinha aumento há 16 anos (!) mais que dobrou de preço, com as marcas populares saltando de R$ 9,00 para R$ 19,00 e as “premius” dobrando de R$ 12,00 para R$ 25,00. O gás de cozinha que era R$ 45,00 no início do governo, oscila entre R$ 75,00 a R$ 85,00 nas distribuidoras. A carne bovina perdeu espaço no cardápio da classe trabalhadora, sendo substituído pelo ovo, e a dolarização dos combustíveis, com o desmonte da Petrobrás, impacta ainda mais na renda, com o litro da gasolina beirando os R$ 5,00.

Em números brutos  a pesquisa IBGE mostra que houve recuo no consumo das famílias e na capacidade de investimentos das empresas:

Pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo (-15,4%), a Despesa de Consumo das Famílias (-12,5%) e a Despesa de Consumo do Governo (-8,8%) caíram em relação ao trimestre imediatamente anterior. Já as Exportações de Bens e Serviços cresceram 1,8%, enquanto as Importações de Bens e Serviços recuaram 13,2% em relação ao primeiro trimestre de 2020.

Queda pelo segundo ano

No conjunto do primeiro semestre de 2020, o PIB caiu 5,9% em relação a igual período de 2019. Nesta comparação, houve desempenho positivo apenas para a Agropecuária (1,6%) – mas quedas sensíveis na Indústria (-6,5%) e nos Serviços (-5,9%). Já a taxa de investimento no segundo trimestre de 2020 foi de 15,0% do PIB, abaixo da observada no mesmo período de 2019 (15,3%).

Comparado a igual período de 2019, o PIB caiu 11,4% no segundo trimestre de 2020 – outro tombo recorde. Segundo o IBGE, trata-se da “maior contração trimestral registrada na série histórica, iniciada em 1996, para essa base de comparação”. O Valor Adicionado a preços básicos teve queda de 10,8% e os Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios recuaram em 15,6%.

Com informações do Portal Vermelho

Entre as atividades, a Agropecuária cresceu 1,2%, em relação a igual período de 2019, o que pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no segundo trimestre e pela produtividade. A Indústria teve queda de 12,7%, a mais intensa da série histórica.

A atividade Indústrias de Transformação teve o pior resultado (-20,0%), outro recorde negativo da série histórica, influenciado, principalmente, pelo recuo na fabricação de veículos; de outros produtos de transporte; de máquinas e equipamentos; e na indústria têxtil e de artigos de vestuário. O segundo recuo mais intenso veio da Construção (-11,1%), corroborada pela redução da ocupação e da produção de seus insumos.

A atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos apresentou queda de 5,8%, explicada pela queda da economia como um todo. Em contrapartida, as Indústrias Extrativas apresentaram variação positiva de 6,8%, com um aumento da extração de petróleo. A extração de minérios ferrosos continua a cair, porém em taxas menores.

Já Serviços caiu 11,2% em relação ao mesmo período de 2019, a maior queda já registrada na série histórica. Os piores resultados foram em Outras atividades de serviços (-23,6%) e Transporte, armazenagem e correio (-20,8%). Houve quedas em Comércio (-14,1%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-8,6%) e Informação e comunicação (-3,2%). Por outro lado, Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (3,6%) e Atividades imobiliárias (1,4%) apresentaram resultados positivos.

A Despesa de Consumo das Famílias teve contração de 13,5%, índice que representa a maior queda registrada na série histórica. Este foi o segundo resultado negativo desta comparação após 11 trimestres de avanço. O índice pode ser explicado pelo isolamento social no país, proibição de funcionamento de algumas atividades especialmente de serviços prestados às famílias, além queda da massa de salarial Po país no segundo trimestre de 2020.

Com informações do IBGE