Caso Marielle: Ronnie Lessa fecha acordo de delação premiada com a PF

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Colaboração de ex-policial militar ainda precisa passar por homologação do STJ; assassino vai ser peça-chave para fechar quebra-cabeça do caso, segundo investigadores

Por Alice Andersen, compartilhado de Fórum




Marielle Franco foi assassinada junto de Anderson Gomes em março de 2018 por Ronnie Lessa.Créditos: Reprodução de vídeo/JN

O ex-policial militar Ronnie Lessa, responsável pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes em março de 2018, firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) na manhã deste domingo (21). 

A informação é da coluna de Lauro Jardim, do O Globo. “A colaboração de Lessa, contudo, ainda precisa de uma homologação no STJ [Superior Tribunal de Justiça]. Sua delação liquida o caso”, afirma a reportagem. No início deste mês, Andrei Rodrigues, que ocupa o cargo de diretor-geral na Polícia Federal (PF), anunciou que a conclusão da investigação estava prevista para ocorrer nos primeiros três meses de 2024.

Marielle Franco foi assassinada em março de 2018, na cidade do Rio de Janeiro, por pessoas ligadas ao crime organizado. Segundo investigadores, a delação de Élcio Queiroz, responsável por conduzir o veículo utilizado no assassinato da vereadora e de seu motorista, ainda não era considerada suficiente pelos investigadores. Ronie Lessa era a peça que faltava para completar o quebra-cabeça do caso.

Linha do tempo da investigação

  • 14 de março de 2018: Na noite do dia em que foi assassinada, a vereadora Marielle Franco (Psol) participou de um debate na Casa das Pretas, na Lapa. Por volta das 21h, ela deixou o local acompanhada de seu motorista, Anderson Gomes, e sua assessora, Fernanda Chaves. O carro em que estavam foi seguido pelo veículo dos assassinos e, quando passava pelo bairro do Estácio, Marielle foi atingida por quatro tiros na cabeça. Anderson também foi morto no local, enquanto Fernanda foi atingida por estilhaços e sobreviveu ao ataque;
  • 21 de março de 2018: A 23ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal solicitou que um grupo de promotores fosse designado para auxiliar na apuração do crime. Esses promotores trabalharam em conjunto com as autoridades responsáveis pela investigação para identificar os responsáveis pelo ataque;
  • 1 de setembro de 2018: Entra no caso o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ). Acontece a primeira troca de promotores do MPRJ;
  • 22 de janeiro de 2019: Na busca pelos responsáveis pelo assassinato, foi deflagrada a operação Os Intocáveis. Nessa operação, promotores e policiais cumpriram 63 mandados de busca e apreensão nas residências de 13 suspeitos de integrar a milícia de Rio das Pedras. O principal alvo era o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega. Os investigadores acreditam que a disputa por terras na região poderia ser um dos motivos do assassinato, já que Marielle estaria atuando em regularização fundiária na Zona Oeste;
  • 12 de março de 2019: Na operação Lume, a Polícia Civil prendeu o PM Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, acusados pela execução da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. As prisões foram realizadas após uma investigação iniciada a partir de um telefonema anônimo. Na casa de um amigo de Lessa, no Méier, foram encontrados 117 fuzis M-16 incompletos.
  • Julho de 2019: Um relato de um pescador à Polícia Civil que um aliado de Ronnie Lessa, um dos acusados pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, contratou seu barco para jogar seis armas no mar, próximo às Ilhas Tijucas. A polícia suspeita que uma dessas armas seria a submetralhadora HK MP5, usada para matar a vereadora;
  • 3 de outubro de 2019: Quatro pessoas foram presas durante a operação Submersus, conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. Entre os detidos está Elaine Lessa, esposa de Ronnie Lessa.”
  • Fevereiro de 2020: Um laudo da Polícia Civil  concluiu que a voz do porteiro que autorizou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, no dia do assassinato de Marielle, não era a do funcionário que mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro aos investigadores da Delegacia de Homicídios. Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro no condomínio, foi mencionado em depoimento por um dos porteiros, que afirmou que Bolsonaro havia autorizado a entrada de Élcio. No entanto, o porteiro voltou atrás em sua declaração;
  • 27 de agosto de 2020: O Ministério Público obteve uma decisão favorável no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que obriga o Google a fornecer dados telemáticos que podem auxiliar nas investigações;
  • Junho de 2021: a viúva do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, morto durante confronto com policiais, na Bahia, Júlia Emília Mello Lotufo, concordou em fazer uma delação premiada em troca de benefícios, incluindo a revogação de sua prisão;
  • Julho de 2021: Após serem exoneradas a pedido, as promotoras Simone Sibílio e Leticia Emile que acompanhavam o caso desde setembro de 2018 deixaram a Força-Tarefa do Caso Marielle. Fontes da instituição afirmaram que elas entregaram seus cargos em razão do risco de interferência externa nas investigações do caso;
  • 17 de fevereiro de 2022: Telegrama estarrecedor do governo Bolsonaro sobre caso Marielle é revelado.
  • 22 de fevereiro de 2023: A abertura de inquérito da Polícia Federal para investigar assassinatos é anunciado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino;
  • 24 de julho de 2023: Élcio Queiroz, em delação premiada, diz que ele e Ronnie Lessa assassinaram a vereadora.

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