Com Lula ou Haddad, PT parte dos 20% dos votos nacionais só com o apoio do Norte-Nordeste

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Por , publicado em Jornal GGN – 

Com Lula ou Fernando Haddad, o PT tem potencial para partir, no primeiro turno, de um patamar de 20% dos votos de todo o País apenas com o apoio maciço da região Nordeste e pelo menos metade do Norte. Isso representa uma vantagem ao partido num cenário conturbado e com indefinições sobre quem ocupará a cabeça da chapa majoritária ao lado de Manuela D’Ávila, a vice indicada pelo PCdoB.

A conta é feita pelo cientista político e especialista em pesquisa eleitoral, Alberto Carlos Almeida. O autor do livro “O voto do Brasileiro” identifica um padrão no comportamento do eleitorado nas últimas 3 eleições presidenciais.




Se esse padrão se repetir, afirma Almeida, o PT terá pelo menos 60% dos votos no Nordeste, pois é essa a média aferida a partir da reeleição de Lula (2006) e as duas eleições de Dilma Rousseff (2010-2014). A região concentra 39,2 milhões de eleitores, o que representa cerca de 26,7% do total de votos no plano nacional: a massa se divide entre os projetos do PT e PSDB, que mantém vantagem no Sul, Sudeste e Centro-Oeste (por causa do Distrito Federal).

“O Nordeste, nas últimas 3 eleições, deu 60% dos votos para o PT. Vamos supor que o Nordeste dê [novamente] 60% para o PT. O Nordeste tem 27% do eleitorado. Isso já significa [um total] de 16% a 17% dos votos [válidos] nacionais. Aí você pega a região Norte, que também dá vitória ao PT. Vamos supor que a região Norte dê 50% dos votos. É uma região pequena, tem cerca de 7% dos eleitores. Mas ali o PT chega a 3,5%. Só somando Nordeste e Norte, você tem em torno de 20% para o candidato do PT”, disse Almeida.

Em 2014, Dilma venceu Aécio Neves, o então candidato do PSDB, em todos os 9 estados do Nordeste. O PT elegeu na região 3 governadores (Bahia, Ceará, Piauí) e esteve na coligação vencedora em Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte, que elegeu Robson Faria pelo PDT de Ciro Gomes.

O PSDB teve, no 2º turno presidencial, apoio de Paulo Câmara (PSB) em Pernambuco. Mas, ainda assim, o tucano foi derrotado por Dilma, que recebeu o voto de 70% da população local.

Para 2018, o PSB já anunciou “neutralidade” na eleição presidencial após um acordo com o PT. Desde então, os petistas dizem que “o Nordeste está fechado com Lula”. Na prática, a legenda garantiu uma das condições necessárias para reeditar a polarização de 2006, 2010 e 2014.

OBSTÁCULOS

Além de um governador no Rio Grande do Norte, Ciro tem base eleitoral no Ceará, Estado onde já foi governador, mas a divisão com votos no PT, na região, tampouco deve ser expressiva, acredita Almeida.

Para o pesquisador, o eleitorado nordestino historicamente tem demonstrado interesse pelo programa de governo do PT. A ausência de Lula como candidato não muda esse padrão. Se o contrário fosse verdadeiro, Dilma não teria sido reeleita com vantagem na região.

Na visão de Almeida – que aposta num 2º turno entre PT e PSDB, seja com Haddad ou Lula – à medida que a propaganda eleitoral for chegando à casa dos nordestinos, eles devem reciclar a polarização.

DESAFIO PARA O PSDB

Na região Norte há 10,8 milhões de eleitores, equivalente a 7,5% de todo o eleitorado. A título de comparação, o Sudeste é o maior colégio eleitoral, com 43,4% ou 62 milhões de eleitores.

O PSDB recebeu mais votos, em 2014, em 3 de 7 estados do Norte. Neste ano, contudo, deve encontrar em Jair Bolsonaro um desafio.

Em Roraima – estado onde Aécio ganhou de Dilma – Bolsonaro aparece com 38% das intenções de voto, ante 21% de Lula, segundo Ibope.

O Ibope desta terça (21) mostra que Lula lidera com vantagem no Nordeste (60% contra 9% de Bolsonaro), Sul (27% contra 20%) e Sudeste (28% a 19). O placar é mais apertado no Centro-Oeste, com 33% de Lula e 29% de Bolsonaro.

Quando o candidato é Haddad, lideram no Nordeste Marina Silva e Ciro (mas 33% dizem que votam branco/nulo). E, nas demais regiões, Bolsonaro e Marina (confira os dados aqui).

Na média nacional, Lula tem liderado todas as pesquisas de opinião, seguido por Bolsonaro. No Ibope, o petista tem 37% das intenções de voto, praticamente o dobro do deputado, que aparece com 18%.

Mas o TSE já divulgou um perfil do eleitorado brasileiro informando que a região Norte é a que concentra a maior fatia de eleitores jovens. É nesse faixa que Bolsonaro tem mais apelo.

Em tese, é um baque no PSDB, que divide com Bolsonaro o eleitor do centro-direita.

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