Corregedor ignorou conduta grave de Dallagnol “por consideração”

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Do Brasil de Fato, publicado em Jornal GGN – 

Fiscal máximo da atuação dos procuradores viu problema em palestras mas não abriu processos administrativos

Foto: Lula Marques/PT

“Só quero lhe dizer q liguei em consideração a vc é ao Januário [procurador Januário Paludo]. Como Corregedor, na verdade, não me competia fazer o q fiz”, disse ao procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, em julho de 2017, o então corregedor-geral do Ministério Público Federal, Hindemburgo Chateaubriand Filho.

A conversa, revelada nesta quinta-feira (8) em parceria entre Folha de S. Paulo e The Intercept Brasil, mostra mais um episódio de promiscuidade na Justiça entre quem acusa e quem fiscaliza. O assunto, no caso, eram as palestras de Dallagnol.




O corregedor aconselha o procurador, informalmente, a não monetizar a Lava Jato e alerta que gerou inúmeras críticas dentro do meio judicial. Hindemburgo e Deltan combinaram extraoficialmente que ele não apresentaria à corregedoria as empresas que pagaram por suas palestras para “evitar repercussão negativa”, diz a reportagem.

Deltan, que cogitou criar uma empresa de palestras para lucrar com a fama alcançada na Lava Jato, projetando ganhos de R$ 400 mil com a atividade.

A conversa teve início após Dallagnol divulgar em sua página pessoal do Facebook um convite para o evento  “Operação Lava Jato – Passado, presente e futuro – A Lava Jato na visão de quem está no olho do furacão”.

O evento, que seria realizado na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) em 4 de julho, três dias depois da publicação, tinha ingresso com custo de R$ 80, a ser doado para instituição de caridade e prometia revelações inéditas.

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“Venha conhecer pessoalmente os procuradores da Lava Jato em Curitiba e ficar por dentro do que está acontecendo na operação – em primeira mão!!”, dizia.

Questionada pela reportagem, a Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal disse que o titular do órgão não precisa ter distanciamento dos promotores como dos juízes.

A força-tarefa da Lava Jato disse que a antecipação de informações ao corregedor está dentro da legalidade.

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