Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado, Sarau Delivery
Na estrada com a cultura popular, de Petrolina (PE)/Juazeiro (BA) a Juazeiro (CE)
Uma saga familiar na poesia popular (rimou). De Antonio Marinho, sogro de Lourival Batista, o Louro do Pajeú, a Antonio Marinho (bisneto do primeiro e neto de Helena Marinho e Loro)
Estamos encerrando aqui a série Diário do Sertão, relatando nossa ótima viagem, minha e da companheira Carmola pelo sertão de Pernambuco e Ceará.
Conduzidos por Miss Josedalva, nossa prima querida, viajamos também com a amiga Terezinha e a prima Maria Luisa. Estivemos com familiaes e amigos em 10 cidades diferentes do sertão nordestino, durante sete dias.
Resolvemos encerrar este Diário, voltando a São José do Egito, na qual estivemos ns dias 06 e 07 de janeiro, na Festa de Loro. Foi no festival de poesia popular, organizado pela família de Lourival Batista, Louro do Pajeú. Evento encabeçado pelo seu neto Antonio Marinho. Este que é bisneto de Antonio Marinho.
Para entender: Louro era genro de Antonio Marinho, vivendo toda a sua vida com Helena, merecidamente reverenciada na região, por sua generosidade e protagonismo na poesia popular da cidade.
Agora, um relato: Na noite do dia 06 de janeiro, enquanto rolava música e poesia num palco na rua, nós entramos na casa onde viveu Louro, hoje uma memorial. Lá, olhando fotos e textos das paredes e peças particulares de Louro, uma senhora se aproximou e perguntou se poderia nos falar sobre o poeta. Lógico que aceitamos.
A senhora falou sobre a vida de Louro e de Helena, discorrendo ainda sobre Antonio Marinho, grande baluarte da poesia popular na região. A senhora nos contou que Louro começou a fazer poesia espelhado em Antonio Marinho. Em seguida, casou-se com a filha deste e se tornou, igualmente, um grande poeta popular.
Encantados com o relato completo, perguntamos como ela sabia tanto sobre Louro e Helena. Resposta: “sou filha deles”.
Pois é, estávamos falando com Maria Helena Marinho. Foi um papo muito gostoso. No final, baixou em mim o jornalista chato. Cheio de rodeios, perguntei se ele tinha um outro emprego para manter a família, pois sabemos que a poesia, infelizmente no Brasil, não dá suporte financeiro para sobrevivência. Maria Helena disse que seu pai nunca quis um emprego fixo, sempre se esforçando em levar algum dinheiro para casa fruto do seu trabalho artístico (relembre a poesia da capa da postagem) e que sua mãe, Helena, era escriturária, contribuindo para o sustento da família.
Nisso, Maria Helena contou uma história: “Loro trabalhou, com a sua arte, para um político em campanha. Este disse ao poeta que se ganhasse as eleições lhe daria um emprego. E o candidato foi eleito, mas Loro não ia buscar o tal emprego. Cobrado pela companheira, Loro disse: “político mente muito, mas vai que ele está falando a verdade e tem um emprego para mim…. Não quero, não”.
Veja vídeo de Antonio Marinho Neto sobre os avós, Louro e Helena Marinho: “Louro era poeta e Helena era poesia”.
Links das postagens completas do Diário do Sertão: