Estudante negro e gay é encontro morto dentro de delegacia; versão oficial é contestada por entidades

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Parentes e amigos questionam a versão da polícia e afirmam que a orientação sexual e posicionamentos políticos do jovem podem ter influenciado para o desfecho trágico

Por Marcelo Hailer, compartilhado da Revista Fórum




Na foto: Estudante negro e gay é encontro morto dentro de delegacia; versão oficial é contestada por entidades.Créditos: Reprodução/ redes sociais

O estudante Charles Wallace dos Reis Aguiar, de 23 anos, e que cursava História na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), foi encontrado morto no último domingo (21) dentro de uma cela na delegacia da Polícia Militar de Ouro Preto, enforcado om um tirante para canecas. 

De acordo com informações da Polícia Militar, Charles foi detido após uma discussão que teria tido com o seu namorado, em Mariana. O motivo da prisão foi desacato aos policiais, que foram chamados para apartar a briga do casal. 

Posteriormente Charles foi levado à delegacia de Ouro de Preto e colocado em uma cela e, momentos depois, foi encontrado sem vida. A versão apresentada pela polícia é que o estudante cometeu suicídio. 

Ao jornal o Estado de Minas, amigos de Charles contestam a versão oficial e exigem uma investigação mais aprofundada sobre o caso. Uma fonte que conversou com o jornal afirma que o fato de Charles ser negro e gay “pode ter influenciado na forma em que ele foi tratado pelos policiais”. Ainda segundo a mesma fonte, o jovem foi encontrado com o rosto machucado. 

A polícia Militar declarou que “em casos de autoextermínio, não fazemos a divulgação de dados da ocorrência”. 

Porém, um policial militar que esteve de plantão no dia da morte de Charles conversou com o site Agência Primaz e narrou a versão da polícia na dinâmica dos fatos. 

Em nota, a Associação Nacional de História (Anpuh) exige que o governador de Minas, Romeu Zema (Rede) se manifeste e que investigação sobre o caso seja feita. 

“O episódio nos faz recordar cenas terríveis da violência de Estado em nosso país. Além de ter o símbolo do comunismo tatuado em seu corpo o jovem era negro, gay e militante de diversos movimentos sociais. Esperamos que as condições da morte sejam investigadas e clamamos por justiça”, diz a nota da Anpuh. 

A UFOP também se manifesto sobre o caso. “A UFOP entende que as circunstâncias da morte do jovem estudante precisam ser melhor elucidadas pelas autoridades policiais, para avaliar se questões relacionadas a etnia, afetividade, posicionamento político e atuação de Charles em causa sociais contribuíram para o ocorrido. É de conhecimento público que as pautas identitárias e os posicionamentos políticos são atacados historicamente e no momento atual”, diz o comunicado da universidade. 

A Polícia Civil iniciou uma investigação sobre a morte de Charles. “A PCMG aguarda a conclusão dos laudos, cujo prazo estimado é de até 30 dias, podendo variar conforme a complexidade dos exames”, disse em nota a PCMG. 

Com informações do Estado de Minas e BHAZ

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