Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, amigo da família, fã do sanduíche e da batida de maracujá (de preferência, a feita pelo Marcelo).
“Eu não acredito em caridade, eu acredito em solidariedade. Caridade é tão vertical: vai de cima pra baixo. Solidariedade é horizontal: respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas.” (Eduardo Galeano)
Tenho sempre contato com a Família Gonzalez, comandada pelo Milton e a Glória da famosa e solidária barraca do Posto 9, onde serve-se o melhor sanduíche do mundo (segundo o DataWashington). Eles, que sempre nos serviram com delícias, simpatia e amizade, precisam de nossa solidariedade nestes tempos de pandemia, pois há seis meses não podem abrir o local do sustento da família, a barraca.
Milton e Glória, refugiados políticos da ditadura uruguaia, chegaram ao Brasil no início da década de 80. Aqui, criaram Marcelo e Natália, nascidos em Montevidéu, e Tânia, que nasceu no Rio. Milton, Glória e filhos passaram a vender sanduíches com sabor uruguaio na praia, em Ipanema. Depois de algum tempo, instalaram uma barraca que ali está no Posto 9 há mais de 30 anos. Hoje, a família conta com mais de 10 pessoas, dá emprego e vive da barraca.
Pois bem, agora recebi uma mensagem, via zap, da Glória que, com autorização dela, transcrevo:
“Hoy Washington, quien esta falando aqui e Glória, como voce y sua companheira estan?
Nosotros, bem de salud, mas estamos en uma situacion muy apertada ya que vai para seis meses que la gente no trabalha y estamos bastante apertados de dinhero.
Nós estamos tentando trabalhar vendiendo aqui de casa, mas esta difícil, no es como en la praia. No se esta vendiendo cuasi nada.
Estamos pidiendo para voce ayudar la gente, si pode recolectar, pedir para algunos amigos poder ayudar la gente con lo que vocês possan, hasta la gente começar a trabalhar.
Cualquier coisa. Despues voces beben y descontamos, mas no tenemos ninguna ayuda de estos governos filhos da puta. No tenemos ninguna ayuda en todo este tempo, ya no sabemos lo que vamos facer. No podemos trabalhar si …”
Há duas formas de colaborar com a Família Gonzalez, uma não exclui a outra: podemos depositar qualquer valor que esteja ao nosso alcance na conta bancária abaixo e, também, comprar, de sexta a sábado, os deliciosos sanduíches e porções feitas pela família (cardápio abaixo). Você receberá em casa e matará um pouquinho a fome e a saudade da barraca do Posto 9.
Eu, que estou em São Paulo na quarentena, farei um depósito bancário e, prometi ao Milton, quando esta pandemia acabar, vou lás na Barraca e de lá só sairei carregado.
Dados Bancários para transferência em Conta.
Banco: Caixa Econômica
Agência: 1326.
Conta Poupança: 013000098920
Nome: Glória Ofélia Falero
CPF: 02355203733
Pedidos pelos telefones: (21)98363-3752 ou (21) ou (21)96913-9188
Veja aqui texto nosso, de 2017: “Família Gonzalez: a dinastia do Posto 9”:
Quando leio o poema “Não te rendas”, do uruguaio Mario Benedetti, lembramos do Milton, da Glória, desta valiosa família que luta, labuta na barraca do Posto 9, Ipanema.
A eles, nossas homenagens e agradecemos pela estímulo que nos passam para não nos rendermos.
“Não te Rendas” (Mario Benedetti)
Não te rendas, ainda é tempo
De se ter objetivos e começar de novo,
Aceitar tuas sombras,…
Enterrar teus medos
Soltar o lastro,
Retomar o vôo.
Não te rendas que a vida é isso,
Continuar a viagem,
Perseguir teus sonhos,
Destravar o tempo,
Correr os escombros
E destapar o céu.
Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio queime,
Ainda que o medo morda,
Ainda que o sol se esconda,
E o vento se cale,
Ainda existe fogo na tua alma.
Ainda existe vida nos teus sonhos.
Texto do de 2009, “Tire as Mãos do Meu Pé Sujo, sobrea familia Gonzalez:
http://meupesujo.blogspot.com/2009/11/bela-e-lutadora-familia-do-posto-9-pede.html