Haddad é uma joia rara na pobreza de ideias do meio político brasileiro

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Por Carlos Eduardo Alves, jornalista,  no Facebook

Primeiro, algumas premissas que balizam o textão (argh):




1 – Não deixarão Lula ser candidato e, por isso, a chapa Haddad-Manuela será tratada aqui como a que vai concorrer no dia 7 de outubro;

2 – O boteco considera Ciro e o PT como integrantes do campo progressista e, por isso, lamenta MUITO que não se tenha chegado a um acordo que garantiria já, qualquer que fosse o nome o nome escolhido para disputar a Presidência, a presença no segundo turno;

3 – o gerente do estabelecimento avalia Haddad como uma joia rara na pobreza de ideias do meio político brasileiro;

4 – será uma campanha dificílima para Ciro e Haddad, ao contrário do que alguns achavam até julho. Depois das já longas preliminares, como elas devem ser quase sempre, aos fatos.
A candidatura de Haddad tem implicações externas e internas. Comecemos pelas externas, que são as mais importantes.

Haddad é um político articulado e moderno. Conhecedor dos limites de ação de uma Prefeitura, fez uma administração paulistana inovadora e, em certa medida dentro da nossa pobreza de ideias, visionária ao dar fôlego ao conceito que a cidade é dos cidadãos. Teve erros, como a tardia percepção da urgência em questões da periferia, mas hoje já é possível ver que mesmo isso foi maximizado pelos adversários à direita e à esquerda.

Entrou e saiu limpo da Prefeitura de SP. Perdeu uma eleição no primeiro turno tragado pelo tsunami antipetista no auge em 2016. A frase “votaria no Haddad se ele não fosse do PT” foi ouvida por muitos.

Então, quais as chances de Haddad? Vai depender da capacidade e/ou possibilidade de se comunicar aos adeptos do lulismo a indicação do ex-presidente da República. Um chute que leve em conta o legado de apenas metade dos votos de Lula para ele, já coloca Haddad em posição privilegiada.

Nas estimativas de muita gente, um candidato do PT já sairia, em condições nem tão normais, com tantos votos do Nordeste que largaria com um contingente entre 12% e 14% do contingente nacional.

Mas engana-se quem pensa que isso é fácil. O sufrágio nordestino em boa medida se concentra em pequenas e distantes cidades. Se Lula for, como provavelmente será pela Justiça parcial, de até aparecer na TV, como chegar a esse eleitor?

É um desafio, entre tantos outros. Haddad e Manuela, a partir de hoje, serão vítimas de uma caçada implacável da mídia que assinou o golpe. Não vão encontrar nada na vida dos dois, mas a perseguição alimentará a fábrica de fake news de redes sociais.

Ao escolher uma candidatura a vice do Sul do país, PT e PC do B praticamente entregaram aos governadores e aliados nordestinos a responsabilidade pela manutenção dos votos que, em tese, alavancarão a chapa para o segundo turno. Será, por exemplo, que Camilo Santana (Ceará) se empenhará?

Enfim, existem desafios e incertezas, mas Haddad ,com conhecimento teórico e prático (antes de ser prefeito, foi excelente ministro da Educação de Lula e tem muito o que mostrar do que fez ali) tem totais condições de se sair bem.

Vamos agora ao front interno, que tem alguma relevância. É fato que a burocracia do PT e as correntes mais à esquerda da legenda preferiam outro candidato. Haddad é um formulador sem muita paciência para o jogo chato de poder das correntes petistas e mesmo com a política miúda em geral.

Para a cúpula do PT, seria melhor Jaques Wagner (primeira opção de Lula, mas que recusou o desafio) ou Gleisi. Hoje mesmo, já se observa na blogosfera de esquerda alguma disfarçada má vontade com a indicação, que só não é maior por ter a digital de Lula. A influência que José Dirceu ainda tem na agremiação registra claramente um tico de frustração.

Nem tudo serão flores na campanha. podem apostar. Mas o PT, que tem errado tanto na estratégia e na tática, cometerá suicídio se não vestir com vontade a camisa do representante de Lula.

No resumo da ópera, Haddad e Manuela potencialmente saem na frente na corrida por um lugar no segundo turno, junto com Bolsonaro. Ciro e Alckmin podem chegar? Sim, mas será mais difícil para eles.Um aspecto positivo na chapa que foi escolhida  é a imagem de renovação que os representantes de PT, PC do B e Lula podem transmitir ao eleitor.

A combatividade feminista de Manuela e as ideias inovadoras de Haddad, junto com um programa mais á esquerda do que os anteriores, dão um necessário frescor a uma esquerda brasileira que não está sabendo fazer a necessária passagem de bastão. Isso é bom também para o futuro, mas o amanhã só será possível se a esquerda conseguir deter a direita no voto, mais uma vez.

Força, Haddad. Força, Ciro!

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