Meu amigo Coutinho

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Por Washington Luiz de Araújo, jornalista.

Às vezes ele me ligava.  E eu me arrepiava e pensava: não mereço.  Tremi na primeira vez em que encontrei o Coutinho a coisa de 20 anos.  Participei com ele e outros craques da criação de uma cooperativa de ex-atletas em São Paulo. Dali nasceu uma grande amizade, não só com ele, mas também com Dorval e Mengalvio.  Pepe conheci também.  Pelé, não. Este, como diz o Pepe é um extraterrestre e ET a gente não encontra todo dia. Amigos  outros como Badeco, Leivinha, Félix, Juary, João Paulo, Basílio, Gilberto Sorriso, Wilsinho…. No Rio, Afonsinho, PC Caju, Nei Conceição…




Mas falando do Coutinho, lembro que depois que mudei para o Rio, eu o trouxe para alguns eventos. Em determinado momento, dormiu na minha casa.

A amizade serviu para entender o jeito Jamelão de ser do Couto. Ele jogava na retranca para  excessos de intimidade, de tapas nas costas, mas quando fazia amizade, fazia  muitos gols conversando com os amigos.

Tinha humor, sim senhor. Mas um humor sarcástico. Eu fazia uma pergunta e já me arrependia, com medo da bronca. No entanto, ele me respondia com ironia, depois de alguns goles de cerveja e de olhadas para a paisagem e para quem estava do lado.

Em 2014, quando Coutinho, em razão da diabetes que o infernizava, perdeu um dedo do pé, estive com ele em sua casa. Fomos Badeco, Dorval, Mengalvio e os amigos Conte e Moreira.  Deitado, nos recebeu muito bem. Era época de Copa do Mundo e ele dizia que assistia os jogos do Brasil virado de costas, olhando para a parede. Coutinho sempre comparou o futebol de sua época com este com o qual convivia agora.

Mas não era de falar mal dos companheiros. Se contava uma história mais íntima, pedia segredo e já avisava que não adiantava pedir para contar perto de pessoas que não conhecia, pois ficaria calado.

Sobre seu futebol, muitos podem falar melhor do que eu.  Ranzinza até para com ele, Coutinho nunca se jogou confetes. Um dia lembrei que li o livro do Almir Pernambuquinho. Na autobiografia, Almir que substituiu Pelé nos dois jogos finais do mundial de 63 contra o Milan, afirma que Coutinho era um injustiçado, pois muitos menosprezavam o seu futebol argumentando que era fácil jogar com Pelé. Para Almir, Coutinho foi um dos maiores centroavantes do mundo.  Comentei sobre isso e ele respondeu com um “pois é”.

Coutinho sempre presente, sempre escalado, sempre titular.

 

 

 

 

 

A coisa de seis anos, gravamos, José Carlos Asbeg, Ricardo Moreira e José Carlos Conte, com os quatro da linha mágica de cinco. Pelé sempre foi mais difícil para entrevistar. Nesta gravação, cuja ideia era e é um média metragem sobre o quinteto mágico, estivemos na sala de troféus do Santos.  Desta gravação, editamos para um trailer, onde um falava do outro.

Foi mais um momento mágico que só demonstra como sou um homem feliz.

 

 

 

 

 

 

 

Ouvia falar de Coutinho desde, praticamente o berço, pois meu pai, torcedor do Santos na época áurea, ouvia todos os jogos num radinho de pilha e comentava com a gente sobre Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé, Pepe, Zito, Mauro, Gilmar, Calvet…. (vejam o texto no link abaixo).

Porque meu filho se chamaria Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe de Araújo

 

 

Fotos da abertura e do meio do texto do amigo do blog, jornalista José Carlos Conte.

 

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