O mal que habita o coração dos homens

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Jaqueline Quiroga no Facebook – 

Voltando pra casa, na quinta-feira. Na entrada da barca, dois rapazes de 18 anos, prestando serviço militar obrigatório, vão conversando e criticando tudo que podem: os chefes, os colegas, o país. Sentam, deliberadamente, nas cadeiras amarelas, reservadas para idosos/gestantes, mesmo ainda tendo muitasss cadeiras comuns vazias. Colocam os pés nos assentos da frente. Conversam em alto som e com muitos palavrões. Quando uma senhora idosa se aproxima de um deles, antes mesmo que ela pedisse o lugar, ele avisa: “não vou levantar, não, minha tia”.




A senhora finge que não o viu nem ouviu e pega um lugar mais à frente. Quando eu pensava em reagir, um outro rapaz, também jovem, sugeriu a todos que estávamos mais próximos que não déssemos público para eles e ficássemos todos os encarando até o final da viagem.

Assim fizemos, acintosamente, mas sem dizer uma única palavra. Na verdade, não acredito que tenham ficado constrangidos, pois não tinham consciência suficiente para isso, mas ficaram visivelmente incomodados. Saíram com raiva e frustrados, e os passageiros do entorno, bem como a senhorinha, saíram sentindo a força da união. Pelo menos, valeu.

Segui. Passei no mercado. Entrei na fila do caixa rápido, para até 15 volumes. E vi uma senhora orientando a netinha a ajudá-la num expediente para forçar a moça do caixa a ter que registrar suas compras que lotavam um carrinho. Conseguiu. Teve “sucesso”. Desejei profundamente que essa neta consiga crescer superando exemplos tão maléficos e que um dia possa dizer a essa avó que “graças a Deus, não saiu parecida com ela”.

Disse algumas palavras de conforto à atendente do mercado, que sentia-se enganada e ultrajada pela tal senhora, e dirigi-me à saída. Ali, um senhor de uns 60 e poucos anos disparava uma cantada bem grosseira para a balconista da farmácia. Ela reagiu. Ao que ele retrucou, aos gritos, para todo mundo ouvir: “conheço gente da sua laia, pobre”. A moça, bastante segura, se aproximou e disse, com firmeza: “da minha não conhece, não!”. O covarde correu escada abaixo e foi se afastando, gritando-lhe impropérios. Parei, respirei e não pirei.

Mas o trajeto de volta me cansou mais do que um dia inteiro de trabalho. Porque cansou a alma. Definitivamente, o “mal que habita o coração dos homens” não distingue idade, gênero ou classe social. Mas cabe a nós procurar de todas as formas combatê-lo no nosso cotidiano. E vibrar, positivamente, acima dele.

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