O que se sabe sobre o mandado de prisão cumprido no endereço errado em Goiás

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Na última semana, a Polícia Civil aterrorizou uma família de Aparecida de Goiânia ao errar o endereço de um mandado de prisão; Depois da confusão, o verdadeiro alvo foi preso

Por Raphael Sanz, compartilhado de Fórum




Viatura da Polícia Civil de Goiás.Créditos: Polícia Civil/Divulgação

Na última semana, a Polícia Civil de Goiás aterrorizou uma família de Aparecida de Goiânia, antes das 6 horas da manhã, ao arrombar o portão da residência e apontar armas para moradores enquanto tentava cumprir um mandado de prisão preventiva. O episódio foi filmado por câmeras de segurança e pelo celular da matriarca da família, viralizou nas redes sociais e ganhou manchetes na imprensa. No final das contas, os agentes tinham ido ao endereço errado.

Descoberta a trapalhada, pediram desculpas à família e depois prenderam a advogada Jennifer Nayara Caetano de Souza, que era o alvo do mandado. Ela é suspeita de levar informações para criminosos que estão presos no Estado.

Jean Filipe Alves, seu advogado, explicou ao Uol que ela foi detida no âmbito da Operação Veritas, que investiga desde 2022 advogados suspeitos de atuarem como ‘mensageiros’ para grupos criminosos.https://89bdcd9aa0ae4254949c3e9b23babc05.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html?n=0

“Jennifer não possui sentença condenatória em seu desfavor”, diz Alves. O advogado também apontou que a investigação não foi concluída e que a prisão de sua cliente visa “instruir o inquérito policial em andamento”. Ou seja, ela está presa preventivamente, e deve assim permanecer até que as investigações sejam concluídas.

Provavelmente os investigadores acreditam que ela possa atrapalhar as investigações.

O endereço errado

Era o fim da madrugada de quinta-feira (11) em Aparecida de Goiânia, Goiás, quando agentes da Polícia Civil arrombavam a porta de uma casa na Avenida Joel Alencastro Veiga, no Bairro Industrial, para cumprir um mandado judicial. Fortemente armados, invadiram a residência pela garagem.

Os agentes da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) cumpriam um mandado de busca e apreensão contra pessoas suspeitas de integrarem o narcotráfico local e não quiseram nem saber conversa com os supostos bandidos que encontrariam. Mas no endereço invadido encontraram apenas um homem, uma mulher e duas crianças. Mesmo assim, a truculência não arrefeceu e uma forte discussão se deu com os moradores.

Nas imagens obtidas pelo portal Goiás 24h, gravadas com câmeras de segurança da rua e com o próprio celular da moradora, é possível ver o momento que um dos agentes destrói a porta da casa. Logo em seguida, liderados por uma agente feminina que apontava a arma para dentro da residência, se depararam com a família que vive ali. A criança de 9 anos aparece correndo para dentro da casa, enquanto o bebê chora e a mãe não pode atendê-lo, pois está sob a mira de um revólver.

Assim mesmo os policiais deram voz de prisão à família, gritaram com os moradores e até um tapa na cara da matriarca que gravava a cena foi dado. O vídeo ainda mostra os policiais debochando da mulher, que reclamava que a ação feita antes mesmo do dia raiar acordou seus filhos.

“Vocês acordaram meu bebê de 2 meses”, diz a mulher, ao que um policial responde com ironia: “Não, foi você quem a acordou”. A seguir, a policial feminina tenta subtrair o celular das mãos da dona da casa.

O tom da discussão foi subindo e só não ocorreu uma tragédia porque a certa altura os policiais se deram conta que estavam no endereço errado. Em nota, a Polícia Civil de Goiás defende a ação dos agentes e não pede quaisquer desculpas à família atormentada. O estado é governado pelo bolsonarista Ronaldo Caiado (União Brasil).

“A Polícia Civil de Goiás informa que os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos dentro da legalidade, conforme deferimento de ordem judicial. E que eventuais supostos abusos cometidos durante a operação já estão sendo investigados pela Superintendência de Correições e Disciplina da PCGO”, diz a nota da corporação.

A polícia também afirma que o Deic tinha autorização da Justiça para entrar no endereço e que o mesmo estaria corretamente redigido no mandado. Ainda diz que só arrombaram o portão da residência após seguidas tentativas de fazer com que os próprios moradores a abrissem. A polícia acredita que, mesmo não encontrando Jennifer naquele local, o endereço tenha relação com o fato investigado.

“O mandado de busca e apreensão foi cumprido no endereço correto, constante da ordem judicial, o qual foi obtido mediante investigação técnica, baseada em elementos decorrentes da quebra de sigilo telemático e vigilância policia in loco”, diz outro trecho da nota.

Nas redes sociais, a família afirma que é vizinha da advogada que estava sendo procurada e que não abriu a porta por medo de serem bandidos ao invés de policiais. De acordo com Thassio Silva, o morador que aparece nas imagens, a vizinha Jennifer saiu de casa durante a confusão, por “livre e espontânea vontade”, para ver o que estava acontecendo, e acabou levada pelos policiais.

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