Por Carlos Eduardo Alves –
Precisamos falar de Sakamoto, o blogueiro do UOL. Não sei se ele se considera de esquerda, mas sei que é lido por muita gente que se inclui na esquerda. Tem, fora de suas análises políticas várias vezes ingênuas, parece que um trabalho elogiável em defesa dos Direitos Humanos, principalmente na denúncia de trabalho escravo e/ou infantil. Ponto. Mas quando se aventura pela Política…
A última do Sakamoto foi classificar, num texto no estio “veja bem..”, de “bobagem” a decisão das bancadas de PT e PSOL de não comparecer à posse de Bolsonaro. O texto é tão cheio de adversativas que não fica claro o centro da crítica. Mas na confusão argumentativa pode-se permitir a leitura que o combate a Bolsonaro, no caso, deve ser feito dentro das instituições, o que o boicote excluiria. Se o limitado gerente do boteco entendeu bem, seria melhor comparecer e talvez armar alguma confusão…
Bem, não comparecer não significa abrir mão da frente do combate parlamentar. Para quem não sabe, a cerimônia de posse é uma festa dos vencedores. Foi assim com Lula e Dilma. Não ir não carrega o simbolismo de não aceitar o resultado decretado pela urna. É só isso. Não se questiona, com a ausência, o jogo eleitoral. Mas sinaliza sim que haverá um combate incessante ao que vem por aí. Ou Sakamoto, no seu evasivo bom-mocismo, acha que se deve esperar alguma coisa boa de Bolsonaro?
Vários articulistas de direita, que aliás se calaram quando PSDB e DEM boicotaram a posse de Dilma, obedecendo ao cafajeste político Aécio, estão descendo a lenha em PT e PSOL. Estão no papel deles. Esperavam que as esquerdas fossem dizimadas outubro, o que não ocorreu. Sakamoto, ao se somar aos “democratas”, não inova. Suas participações defensivas em alguns vídeos ao lado de um blogueiro reacionário do UOL já causaram constrangimento alheio. Alterna em textos o que aparenta ser surto de esquerdismo radical ou “horizontal” com esse bom-mocismo ingênuo. Term todo direito de expressar suas ideias. Mas é bem melhor quando atua no combate às injustiças sociais. Não é com ingenuidade de bonzinho que se vai enfrentar a extrema-direita no poder.
