Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado –
“O homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas” (Machado de Assis, em “Memórias Póstumas de Brás Cubas – 1881).
Sarau Delivery traz novamente para o front o cantor e compositor Edvaldo Santana, na batalha de hoje com “Toque de Avançar”, dele e de Flávio Paiva.
Nesta semana, recebi a seguinte mensagem do Edvaldo Santana: “Washington segue um vídeo clipe da música “Toque de Avançar”, trilha sonora do livro de Flávio Paiva, que musiquei e gravei. Espero que goste. Abraços.”
Viver e aprender 1: não sabia que livro tem trilha sonora. Adorei saber e passo a defender que todas as obras tenham uma música ou várias. Sonho meu, com a crise que o livro sofre nestes tempos de retrocesso político….
Viver e aprender 2: Não tinha conhecimento da conquista do Morro do Alecrim (MA), em 1823.
A história, sobre batalhas épicas pela independência, de uma legião popular, como Flávio Paiva denomina, formada por escravos, mestiços e brancos pobres do maranhão, Piauí e Ceará contra o exército português, não faz parte do currículo oficial do ensino brasileiro. Depois desta luta contra a coroa portuguesa, houve também na região, quase duas décadas depois, a chamada “Guerra da Balaiada”. Informe-se também sobre este acontecimento mais abaixo.
Com a palavra Flávio Paiva sobre a viagem que fez para entender a história que se passou logo depois da proclamação da independência no chamado Meio Norte brasileiro: “Chamei essa viagem de Expedição Alecrim, numa homenagem ao comandante cearense João da Costa Alecrim, vitorioso na última batalha contra o exército português em terras brasileiras, ocorrida no Morro das Tabocas (1823), na então Villa de Cachias das Aldeias Altas (Maranhão), logradouro que passou a ser popularmente chamado de Morro do Alecrim. (…)
A intenção do rei dom João VI era a de assegurar que o norte do país – Piauí, Maranhão e Pará (que incluía toda a Amazônia) – continuasse colônia portuguesa logo que seu filho, o príncipe regente dom Pedro, declarasse a Independência”. leia mais depoimento de Flávio Paiva abaixo do vídeo com a música.
Primeiro ouça a tocante música, veja as belas imagens do clipe de “Toque de Avançar”. Depois, leia sobre como Flávio Paiva se inspirou para o livro “Toque de Avançar. Destino: Independência”, já editado.
A produção musical de Paulo Lepetit. Os músicos são: Adriano Magoo na sanfona, Webster Santos no violão, Leandro Paccagnella, na bateria. As pinturas são de Valber Benevides.
Videoclipe editado pela Comunik Filmes, edição e animação de Helton Vilar e Pedro Pinheiro, a partir de imagens feitas em celulares pelos próprios músicos e de iconografia pesquisada por Flávio Paiva, Augusto Rocha e Lucas Paiva (Expedição Alecrim, fevereiro de 2020).
Como nasceu o livro “Toque de Avançar. Destino: Independência”, de Flávio Paiva., que gerou a música “toque de Avançar”.
“Na busca por referências históricas e culturais para escrever a biografia do nome do lugar onde nasceu, hoje Independência(CE) Flávio Paiva deparou com fatos e feitos significativos para o Brasil, protagonizados por nativos, negros e caboclos cearenses, piauienses e maranhenses, unidos por aspirações de liberdade. Essa busca virou livro com música tema da narrativa em parceria com Edvaldo Santana e ilustrações de Valber Benevides. Esta cantata tangerina é a trilha sonora da narrativa do livro “Toque de Avançar. Destino: Independência”, de Flávio Paiva (Armazém da Cultura, 2020).”
“Toque de Avançar” (Edvaldo Santana / Flávio Paiva)
Para onde foram
As pessoas que lutaram por nós um dia
Que cruzaram a garganta
Do boqueirão do Poti
Que morreram pela liberdade
Nas águas turvas do Jenipapo?
Diga para mim, se você sabe, diga para mim!
Quem conquistou o Morro do Alecrim?
Para onde iremos
Se deixamos para trás as batalhas
Do herói sem nome
O eco dolente e fanhoso da rabeca
Do guerreiro tocador
Se deixarmos seus rastros se apagarem
No caminho que temos pela frente?
Diga para mim, se você sabe, diga para mim!
Quem conquistou o Morro do Alecrim?
O que fazer Com o pife que virou corneta de guerra
Nas matas do Surubim?
Ceará, Maranhão, Piauí.
O que fazer Com o berro da Legião Popular
Que partiu dos Inhamuns? Raio de luz.
O que fazer Com os nativos da Ibiapaba?
O que fazer Com a gente valente do Meio Norte?
O que fazer Com a memória de todos os guerreiros
De Cachias das Aldeias Altas*?
Diga para mim
Quem conquistou o Morro do Alecrim?
Se você sabe, diga para mim!
Quem conquistou o Morro do Alecrim?
*A cidade maranhense se chamava assim: Cachias das Aldeias Altas, com CH, depois passou a ser nomeada com X.
Aqui, depoimento de Flávio Paiva sobre o que chamou de “Expedição Alecrim”.
https://mail.uol.com.br/?xc=959a80cd5a0c9222aa53e49b50840af1#/webmail/0//INBOX/page:1/MTcxOTQ
Link da loja virtual do Armazém da Cultura para aquisição do livro: https://armazemdacultura.com.br/products/toque-de-avancar-destino-independencia?_pos=6&_sid=3f7184a61&_ss=r
Para adquirir o livro por telefone: (85) 9.9610-2658 (WhatsApp). Editora Armazém da Cultura.
Saiba aqui sobre a Batalho do Jenipapo, ocorrida pouco antes da Batalha do Morro do Alecrim.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_do_Jenipapo
Conheça a Guerra da Balaiada, que aconteceu cerca de duas décadas depois do evento do Morro do Alecrim, em vídeo da professora Nathália Freitas, Brasil Escola, e veja a atuação violenta e truculenta do futuro Duque de Caxias.
https://brasilescola.uol.com.br/guerras/a-guerra-balaiada.htm
Veja imagem noturna do Morro do Alecrim, do Canal do Youtube Silvera cx
Aqui, um roteiro histórico, turístico e gastronômico sobre o cenário das batalhas no Maranhão:
http://www.qualviagem.com.br/conheca-a-rota-da-balaiada-em-caxias/
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https://www.youtube.com/user/bemblogado/featured
Participações anteriores de Edvaldo Santana no Sarau Delivery:
Sarau Delivery traz Edvaldo Santana em contundente “disco atual” de 20 anos atrás.
Sarau Delivery é uma seção do Bem Blogado que traz diariamente homenagens a artistas ou apresentações para o público que está em casa, recolhido no combate ao coronavírus.
A seção está aberta para músicos, poetas, contadores de história…
Preencha seu tempo com arte!