Sarau Delivery traz Jojoba, personagem de Júnior Baladeira para nenhum Pantaleão, João Grilo ou Chicó botar defeito

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Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado – 

O poeta é mortal e pai da poesia e a poesia torna imortal o poeta que a cria
Alan Francelino

Sarau Delivery, a arte nos tempos do coronavírus, traz Júnior Baladeira no cordel “O Fantástico Mundo de Jojoba”. Vejam todas as histórias, do começo ao fim, nesta viagem pelo imaginário lúdico de personagens que “só falam a verdade”. E, como diria Pantaleão: “É mentira, Terta?” Mas, para falar de Jojoba, conheça também um pouco destes outros e humorísticos personagens.

Pois é, pode vir Macunaíma, Pedro Malasartes, João Grilo e Chicó, Raul Seixas e seu Al Capone. Que venha Vasco Moscoso de Aragão e até o Barão de Münchhausen acompanhado do “Coroné” Pantaleão, mas Jojoba é o maior. Veja se não temos razão:




 

“O Fanstástico Mundo de Jojoba” (Júnior Baladeira)

Eu aqui me apresento
Com total satisfação,
Venho de terras distantes
Aqui pra esse Sertão,
Pra contar-lhes dos meus feitos
Por esse imenso mundão.

Desde pequeno já era
Eu, bastante meritoso,
Com um ano eu já falava
E com dois, de tão teimoso
Já recontava as histórias
Do camarada Trancoso.

Não tive uma vida fácil
Pois precisei trabalhar,
Não pude na minha infância
Em uma escola estudar,
Só depois da juventude
Pude me alfabetizar.

Não precisei, é verdade,
Sempre fui muito esperto,
Todo tipo de trabalho
Enfrentei de peito aberto
Mas graças a meu bom Deus
Segui no caminho certo.

Vários nomes eu possuo,
Todos podem me chamar,
Chico, Zé e Clodoaldo
Alan, Almir, Valdemar,
Mas de todos é Jojoba
Meu nome mais popular.

O que tem na minha vida
De bem mais interessante
É minha capacidade
De mudar a todo instante
Da mais baixa estatura
A altivez de um gigante.

Lembro que peguei um briga
Há muitos anos atrás
Com o gigante Golias,
Grande, mais eu sou bem mais,
Dei-lhe um mói de cacete
E restabeleci a paz.

Fui conselheiro de Buda
Em sua concentração,
Levei Maomé pra caverna
E criei a religião
Onde o deus não tinha cor
E a ética faz o são.

Das Pirâmides do Egito
O arquiteto fui eu,
Comandei as dinastias
De Menés a Ptolomeu,
Cleópatra, a rainha,
Sempre me obedeceu.

Fiz história antigamente
E o tempo vem me gabar,
Persas, Gregos e Chineses
Sempre a me acompanhar,
Ciro, Xerxes, Artaxerxes,
Ensinei a governar.

Alexandre era meu fã,
Também Dario e Platão,
A Sócrates dei conselhos
Sobre o uso da razão,
Até Zeus veio do Olimpo
Pedir minha opinião.

Podem crer sou muito bom!
Assim disse-me Moisés.
Em Roma fui senador,
Rejeitei quatro lauréis,
Fiz a Roma ser cristã
Sem perseguir os fiéis.

Mas essa grande vitória
Não era a derradeira,
Na França fiz Joana D´arc
Ser tirada da fogueira,
Apaixonada por mim
Tornou-se minha companheira.

Também na França me lembro
De bons amigos que tive,
Na Revolução Francesa
Grande trunfo eu obtive,
Mostrei a Napoleão
Como um imperador vive.

Hitler foi só um moleque
Frente ao povo alemão,
Eu nele dava cascudo,
Dava bolo em sua mão,
A ele ensinei respeito
Tolerância e compaixão.

Já trabalhei no cinema,
Levei Chaplin para a fama,
Namorei Marilyn Monroe,
Brooke Shields foi minha dama,
Eu curti com Julia Roberts
A garota de programa.

Santos Dumont foi meu amigo,
Imitou muito o que fiz.
Baseado em meus relatos
Criou o Quatorze Bis,
Se hospedava em meu castelo
Quando estava em Paris.

Viajei no Titanic
Mas não vi ele afundar,
Avistei o iceberg
Muito distante no mar,
Eu mesmo enrolei a curva
Pro bicho não barroar.

Eu passeando um dia
Por terras desse Sertão
Dei na cara de um sujeito
Que tinha um rifle na mão,
Só depois eu vim saber
Que era ele Lampião.

Já fui três vezes na Lua,
Dez voltas no mundo dei,
Com dois leões e um tigre
Um dia me estapeei,
Com uma cobra sucuri
Um jacaré amarrei.

Peguei baleia de anzol,
Tubarão com uma braçada,
Derrubei boi mandingueiro
Correndo na vaquejada,
Já construí arapuca
Pra pegar onça pintada.

Aconselhei Padre Cícero,
Batizei Frei Damião,
Fui eu quem atirou as flechas
Lá em São Sebastião,
Ensinei a cinco papas
Como faz extrema unção.

Já lutei com Mike Tyson
Mas de Ali eu dei o pé,
Já fiz dupla com Ronaldo,
Zico, Garrincha e Pelé,
Pra Senna a velocidade
Ensinei como é que é.

Podem crer, tudo é verdade!
Tenho muito pra contar
Pois o destino me fez
Já no jeito de brilhar,
Pois sou como uma estrela
Que a noite vem iluminar.

Quem em mim não tiver crença,
Estiver desconfiado,
Pode ir perguntar agora
Ao finado safado
Ou a Camões e perceba
Que é tudo comprovado.

Quem estiver com inveja
Da minha vida de glória
Pergunte que eu respondo
Sobre a minha trajetória,
Sente no banco da vida
Que contarei a estória.

 

Veja aqui esta divertida cena de de João Grilo e Chicó em “O Auto da Compadecida” (Ariano Suassuna)

https://www.youtube.com/watch?v=ALyxtBG9O7w

 

O “astrólogo” Raul Seixas em “Al Capone”, dele e de Paulo Coelho:
https://www.youtube.com/watch?v=vjPt1CkuuHU

 

Pantaleão, personagem de Chico Anísio, contador de histórias que não eram nada mentirosas. “É mentira, Terta?”
https://www.youtube.com/watch?v=ymgQJvon5lE

 

Pedro Malasartes

O nome dele pode ser escrito: Pedro Malasartes, Malazartes, ou das Malasartes. Ficou bem conhecido e se tornou um personagem tradicional da cultura portuguesa e, posteriormente, da cultura brasileira. Essa figura era um exemplo da esperteza, da inteligência, da criatividade, mas não se sentia nenhum pouco culpado em usar a mentira e enganar as outras pessoas em proveito próprio.

De acordo com o pesquisador da cultura nacional Câmara Cascudo, “Pedro Malasartes é figura tradicional nos contos populares da Península Ibérica, como exemplo de burlão invencível, astucioso , cínico, inesgotável de expedientes e de enganos, sem escrúpulos e sem remorsos.”

Aqui, História pra Contar: Seis Aventuras de Pedro Malazarte*, de Luís da Câmara Cascudo:

https://www.contacausos.com.br/post/seis-aventuras-de-pedro-malazarte

 

Aqui, vídeo três “causos” de Pedro Malasartes contadas por Amado Caetano de Melo. Produção de Chico Abelha:
https://www.youtube.com/watch?v=lSbpQLg2DQY

 

Macunaíma, de Mário de Andrade.

No romance, Macunaíma é um índio negro que nasce na tribo tapanhumas, na região de Uraricoera. Desde pequeno, mostra-se muito preguiçoso – a primeira frase que diz, aos 6 anos, é: “Ai, que preguiça!”. A frase torna-se uma espécie de refrão repetido pela personagem em toda a narrativa. Leia mais aqui: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra14603/macunaima-o-heroi-sem-nenhum-carater

Um compacto do filme de Joaquim Pedro de Andrade – 1969 com os melhores momentos do filme. NOTA: para entender o filme é necessário assistir o filme completo, mais abaixo.

Filme completo: https://www.youtube.com/watch?v=7kQ98hY3aDo

 

Barão de Münchhausen

Karl Friedrich Hieronymus von Münchhausen (11 de maio de 1720 – 22 de fevereiro de 1797) foi um militar e senhor rural alemão. Os relatos de suas aventuras serviram de base para a célebre série As Aventuras do Barão de Münchhausen, compiladas por Rudolph Erich Raspe e publicadas em Londres em 1785. São histórias fantásticas e bastante exageradas, propagadas sobretudo na literatura juvenil. Leia mais no Wikipedia sobre este personagem: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bar%C3%A3o_de_M%C3%BCnchhausen

 

Vasco Moscoso de Aragão, “Os Velhos Marinheiros”:

Aqui, um fantástico personagem de Jorge Amado em “Os Velhos Marinheiros”. Leia sobre as peripécias de Vasco Mosco de Aragão, capitão de longo curso.

Vasco Moscoso de Aragão, em 1929, às vésperas da liquidação da República Velha, instala-se em Periperi, sacudindo a pasmaceira do balneário de aposentados, onde o maior foco de interesse é a vida alheia, principalmente os trâmites de um processo movido por Chico Pacheco. O lúdico homem do mar, com histórias mirabolantes, seus instrumentos náuticos, a geografia variada e exótica que descortina para seus numerosos admiradores (sua casa torna-se uma atração local), ofusca Pacheco que, invejoso e desconfiado, intenta desmascará-lo como um farsante, um charlatão. Veja mais sobre este rico personagem de Jorge Amado aqui neste link: http://www.oswaldobuzzo.com.br/Home/10-livros-que-li-e-gostei/os-velhos-marinheiros-ou-o-capitao-de-longo-curso-autor-jorge-amado

 

Aqui a trajetória artística de Júnior Baladeira. Esta é verdadeira. 

Nelson Pereira de Sá Júnior,  Júnior Baladeira é um artista do Interior de Pernambuco que desenvolve seu trabalho nas linguagens da música, dança e literatura com um relevante trabalho que dialoga com elementos das culturas populares e urbanas. https://bemblogado.com.br/site/junior-baladeira-trajetoria-artistica/

 

Curta, compartilhe e inscreva-se na página do Yotube de Júnior Baladeira:
https://www.youtube.com/channel/UCvULode3VhN50gFmvq6aynw

 

Júnior Baladeira no Youtube:
https://www.facebook.com/pages/category/Artist/J%C3%BAnior-Baladeira-363360683795674/

 

Participações anteriores de Júnior Baladeira no Sarau Delivery:

https://bemblogado.com.br/site/sarau-delivery-a-arte-nos-tempos-do-coronavirus-viaja-no-trem-do-passado-de-junior-baladeira/

https://bemblogado.com.br/site/sarau-delivery-a-arte-nos-tempos-do-coronavirus-apresenta-junior-baladeira-cria-musical-de-luiz-gonzaga-e-do-mundo-nordestino/

 

O Sarau Delivery, do Bem Blogado, é um projeto que traz diariamente artistas fazendo apresentações para o público que está em casa, confinado para combater o coronavírus.

A seção está aberta para músicos, poetas, contadores de história…

Que o seu tempo seja preenchido com arte.

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