Venha quem vier para essa luta pelo resgate da democracia

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Maria Luiza Quaresma Tonelli no Facebook – 

Já li e reli um pequeno grande livro de um autor chamado Dênis de Moraes, sob o título de A esquerda e o golpe de 64. No livro ele deixa claro que as esquerdas não acreditavam que haveria um golpe. Diz que não havia união entre as esquerdas por questões ideológicas (trotskistas, stalinistas, maoístas, etc). E veio o golpe que nos levou a 21 anos de ditadura. Claro que não foi essa desunião entre as esquerdas que favoreceu o golpe. Ele viria de qualquer jeito. Hoje o que observo, é que não aprendemos nada com a história.




As esquerdas continuam desunidas, não por questões ideológicas, mas por disputa pelo poder. Sofremos um novo golpe de estado depois de 53 anos. Um golpe travestido de impeachment. Um golpe planejado durante anos, desde o governo Lula. A democracia brasileira foi vítima de uma conspiração muito bem planejada pelos partidos de oposição ao governo Dilma, um governo sabotado por um congresso presidido por Eduardo Cunha.

Um golpe que não teria sido possível sem a participação da mídia, Globo à frente. Nem é preciso repetir aqui a farsa do impeachment, desde a sua admissibilidade na Câmara dos Deputados, naquele fatídico 17 de abril, em pleno domingo, televisionada ao vivo e a cores, até o seu desfecho no senado, com a condenação da Presidenta Dilma, em sessão presidida pelo então presidente do STF, Ricardo Lewandowski. Muitos atos foram realizados antes do impeachment-golpe. Muita gente dedicou horas, dias, meses de suas vidas na luta contra o golpe. Mas aconteceu.

Hoje vivemos num estado governado por um presidente que, na condição de vice, traiu a presidenta eleita. Vivemos num simulacro de democracia, pois não há democracia verdadeira quando o governante não é eleito pelo povo, o verdadeiro detentor do poder. O fundamento da democracia, o seu pilar, a sua fonte, é a soberania popular. Sem isso não há democracia possível. Um ato político em defesa de eleições diretas já, organizado por artistas, está sendo criticado por algumas pessoas e partidos de esquerda. Ora, tudo o que precisamos agora é de um grande movimento pelas diretas já, a fim de resgatar a democracia neste pais.

Se há artistas que querem liderar esse movimento, ótimo. Artistas tem visibilidade nesta sociedade do espetáculo. Que pelo menos eles sejam úteis neste momento. Ora, tudo o que precisamos agora é de um grande movimento pelas diretas. Se os artistas querem liderar esse ato, qual o problema nisso? Sabemos que há , na classe artistica, verdadeiros cidadãos de esquerda e outros nem tanto. O importante é que participem dessa luta. Críticas estão sendo feitas ao movimento porque os organizadores não querem que o ato seja partidarizado. Concordo.

Um ato político não tem que ser necessariamente partidarizado. Um grande ato em defesa de eleições diretas já não pode ser transformado em campanha política eleitoral antecipada. O que está em questão é algo muito mais grave. É resgatar a soberania popular. Que as disputas partidárias se dêem em outro momento. Precisamos acordar. Estamos vivendo um momento de grave crise econômica, de crise política e institucional. É preciso estancar o caos antes que as coisas piorem ainda mais.

Dilma não vai retomar seu mandato, pois o STF não vai anular o golpe do qual ajudou a legitimar. Não há pressão popular que obrigue o STF a anular o impeachment antes de 2018. Ou lutamos por Diretas já, mesmo que não tenhamos sucesso, ou teremos que engolir uma eleição indireta no pior congresso de todos os tempos. E daí nos restará sermos governados por um presidente que terminará de fazer o estrago iniciado pelo homúnculo que hoje posa de presidente de uma república bananeira. Defendo Diretas já, incondicionalmente.

Que venham os artistas, as esquerdas, a direita consciente, venha quem vier para essa luta pelo resgate da democracia, que é nada mais nada menos do que o resgate do poder do povo, o real significado da palavra democracia. Afinal, como dizia Ulysses Guimarães, o senhor das Diretas, “Na política, o povo é tudo ou é nada. Ou é personagem como cidadão ou é vítima como vassalo”.

Foto de Paulo Pinto AGPT

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