Zambelli escapou até agora de qualquer punição por seus malfeitos. É incrível que ainda mantenha o mandato de deputada federal.
Por Luis Felipe Miguel, compartilhado de Jornal GGN
O hacker Walter Delgatti apresentou à Polícia Federal provas dos R$ 40 mil que ele recebeu da deputada Carla Zambelli para tentar invadir o sistema do TSE (ele diz que tentou e não conseguiu).
As coisas estão ficando cada vez mais feias para Zambelli.
Carla Zambelli é o fruto mais perfeito da união entre lavajatismo e bolsonarismo.
A disputa é acirrada, mas ela está no topo daquilo que de pior a política brasileira produziu nos últimos anos.
Ela foi uma das integrantes do Femen, o estranho grupo feminista ucraniano com predileção pelo topless, fundado por um homem, que abriu franquias em todo o mundo.
No Brasil, as duas “feministas” que o Femen lançou na vida pública logo se tornaram direitistas hidrófobas – Zambelli e Sara Giromini, que ficou conhecida como “Sara Winter”.
Após a passagem pelo Femen, ela fundou o Nas Ruas, dedicado à luta contra a democracia brasileira no processo de preparação do golpe de 2016.
O Nas Ruas se tornou porta-voz da interpretação mais fascista do lavajatismo.
Moro foi padrinho de casamento de Zambelli. Ela foi a mais inconformada com o rompimento (temporário) entre ele e Bolsonaro.
A carreira política de Zambelli é uma sucessão de agressões, mentiras e armações.
Um exemplo, quase esquecido: em 2020, ela foi hospitalizada, afirmando estar com Covid. Depois atribuiu sua cura ao inexistente “tratamento precoce” com cloroquina. Mas o hospital esclareceu, em nota, que ela não estava com Covid, tendo sido internada para tratar de uma endometriose.
Mas é claro que a imagem que ficará como parte desta página infeliz de nossa história é Zambelli armada, pelas ruas de São Paulo, perseguindo um cidadão que ousara divergir dela.
(Ela escorregou na frente do sujeito. Câmeras filmaram. Na cara dura, disse que tinha sido empurrada.)
Zambelli escapou até agora de qualquer punição por seus malfeitos. É incrível que ainda mantenha o mandato de deputada federal.
Mas parece que agora seu destino será mesmo esquentar uma cela da Colmeia – o presídio feminino de Brasília – para Michelle Bolsonaro.
Luis Felipe Miguel é professor do Instituto de Ciência Política da UnB. Autor, entre outros livros, de O colapso da democracia no Brasil (Expressão Popular).
